terça-feira, 5 de outubro de 2010

AGUARDADO

LIVRO

Dom Xavier - Apóstolo do Guaporé

A professora Isabel Assunção, de Guajará-Mirim, está finalizando um livro que vai retratar a vida e a obra missionárias do bispo Dom Francisco Xavier Rey, que durante mais de 30 anos trabalhou na região da fronteira Brasil-Bolívia e ficou conhecido ali como "Apóstolo do Guaporé", atuando não só no aspecto religioso, mas, também, nas áreas de cultura, educação e saúde.

A pesquisa da professora Isabel Assunção vai além do trabalho religioso desenvolvido por Dom Rey desde 1932, quando ele chegou, ainda como padre, à região de Guajará-Mirim, integrando-se à comunidade na qual exerceu grande influência, incluindo aí o fortalecimento da maior festa cultural-religiosa do Estado, a Festa do Senhor do Divino Espírito Santo, realizada nas comunidades brasileiras e bolivianas ao longo da fronteira, desde 1894.

Durante seu trabalho Dom Rey, verificando a necessidade de pessoas para atender como professoras e na área de enfermagem, e que atuassem como lideranças nas pequenas vilas ao longo da bacia do Mamoré/Guaporé, ele convenceu os pais de um grupo de meninas a deixar que elas se mudassem para um internato em Guajará, aonde estudaram e foram depois devolvidas a suas casas para atuar como lideranças comunitárias.

As meninas passaram a ser chamadas, então, de "filhas do bispo". Dona Isabel era uma delas, juntamente com outras jovens: Lídia, Estela, Eleotéria, Eremita, Antonia, Paula, Maria de Jesus, Albertina, Belmira, Inocência e Verena. Segundo narra a matriarca Estela Madeira Casara em "A Mulher em Rondônia - de Tereza de Benguela à Coronel Angelina", o grupo era rigidamente vigiado pelas freiras do colégio "Santa Terezinha".

No livro dona Estela cita: "No internato a vida era dura. Saídas eram poucas e mesmo assim tinha de ser todas juntas, em fila, para dar uma volta na única praça da cidade, ir à igreja ou a uma atividade religiosa". Em entrevista ao projeto "Testemunha da História", citado no mesmo livro, dona Estela ainda lembrou que apesar de toda fiscalização das irmãs as meninas conseguiam manter contato com rapazes, mas que "não como esses namoros de hoje", mas através de cartas e bilhetes, algumas vezes "contrabandeados" por colegas não internas.

Esperado com grande expectativa por parte dos que atuam na pesquisa histórica rondoniense, com especialidade fatos e personagens que aconteceram na região dos Rios Mamoré/Guaporé, o livro da professora Isabel Assunção virá, com certeza, numa boa hora, para que se possa entender melhor a luta dos que viveram e vivem naquela área do Estado.

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