terça-feira, 2 de novembro de 2010

Novembro Mês da Consciência Negra

A nossa história

Brasil Colônia

O trabalho escravo na História do Brasil

Os castigos corporais são comuns, permitidos por lei e com a permissão da Igreja. As Ordenações Filipinas sancionam a morte e mutilação dos negros como também o açoite. Segundo um regimento de 1633 o castigo é realizado por etapas: depois de bem açoitado, o senhor mandará picar o escravo com navalha ou faca que corte bem e dar-lhe com sal, sumo de limão e urina e o meterá alguns dias na corrente, e sendo fêmea, será açoitada à guisa de baioneta dentro de casa com o mesmo açoite.

Outros castigos também são utilizados: retalhamento dos fundilhos com faca e cauterização das fendas com cera quente; chicote em tripas de couro duro; a palmatória, uma argola de madeira parecida com uma mão para golpear as mãos dos escravos; o pelourinho, onde se dá o açoite: o escravo fica com as mãos presas ao alto e recebe lombadas de acordo com a infração cometida

História do Brasil / pg. 34
Luiz Koshiba e Denise Manzi F. Pereira
Ed. Atual

Por que a economia colonial e imperial baseou-se no trabalho escravo?

O latifúndio monocultor no Brasil exigia uma mão-de-obra permanente.
Era inviável a utilização de portugueses assalariados, já que a intenção não era vir para trabalhar, e sim para se enriquecer no Brasil.

O sistema capitalista nascente não tinha como pagar salários para milhares de trabalhadores, além do que, a população portuguesa que não chegava aos 3 milhões, era considerada reduzida para oferecer assalariados em grande quantidade.

Quem foi utilizado como escravo nos períodos colonial e imperial?

Embora o índio tenha sido um elemento importante para formação da colônia, o negro logo o suplantou, sendo sua mão-de-obra considerada a principal base, sobre a qual se desenvolveu a sociedade colonial brasileira.

Na fase inicial da lavoura canavieira ainda predominava o trabalho escravo indígena. Parece-nos então que argumentos tão amplamente utilizados, como inaptidão do índio brasileiro ao trabalho agrícola e sua indolência caem por terra.

A História verdadeira mostra que a reação do nativo foi tão marcante, que tornou-se uma ameaça perigosa para certas capitanias como Espírito Santo e Maranhão. Além da luta armada, os indígenas reagiram de outras maneiras, ocorrendo fugas, alcoolismo e homicídios como forma de reação à violência estabelecida pelo escravismo colonial. Todas essas formas de reação dificultavam a organização da economia colonial, podendo assim, comprometer os interesses mercantilistas da metrópole, voltados para acumulação de capital. Destaca-se também, a posição dos jesuítas, que voltados para catequese do índio, opunham-se à sua escravidão.

Apesar de todos esses obstáculos, o indígena é amplamente escravizado, permanecendo como mão-de-obra básica na economia extrativista do Norte do Brasil, mesmo após o término do período colonial.

Por que então que o índio cede lugar para o negro como escravo no Brasil?

A maior utilização do negro como mão-de-obra escrava básica na economia colonial, deve-se principalmente ao tráfico negreiro, atividade altamente rentável, tornando-se uma das principais fontes de acumulação de capitais para metrópole.

Exatamente o contrário ocorria com a escravidão indígena, já que os lucros com o comércio dos nativos não chegava até a metrópole.

Torna-se claro assim, o ponto de vista defendido pelo historiador Fernando Novais, de que "o tráfico explica a escravidão", e não o contrário.

Para os portugueses, o tráfico negreiro não era novidade, pois desde meados do século XV , o comércio de escravos era regular em Portugal, sendo que durante o reinado de D. João II o tráfico negreiro foi institucionalizado com a ação direta do Estado português, que cobrava taxas e limitava a participação de particulares.

Quanto à procedência étnica do negro, destacaram-se dois grupos importantes: os bantos, capturados na África equatorial e tropical provenientes do Congo, Guiné e Angola, e os sudaneses, vindos da África ocidental, Sudão e norte da Guiné.

Interessante observarmos que entre os elementos deste segundo grupo, destacavam-se muitos negros islamizados, responsáveis posteriormente por uma rebelião de escravos ocorrida na Bahia em 1835, conhecida como a Revolta dos Malês.

A resistência do negro: os quilombos.

Desde fugas isoladas, passando pelo suicídio, pelo banzo (nostalgia que fazia o negro cair em profunda depressão o levando à morte) e pelos quilombos, várias foram as formas de resistência do negro à escravidão, sendo a formação dos quilombos a mais conseqüente.

Os quilombos eram aldeamentos de negros que fugiam dos latifúndios, passando a viver comunitariamente. O maior e mais duradouro foi o quilombo dos Palmares, surgido em 1630 em Alagoas, estendendo-se numa área de 27 mil quilômetros quadrados até Pernambuco. Desenvolveu-se através do artesanato e do cultivo do milho, feijão, mandioca, banana e cana-de-açúcar, além do comércio com aldeias vizinhas.

Seu primeiro líder foi Ganga Zumba, substituído depois de morto por seu sobrinho Zumbi, que tornou-se a principal liderança da história de Palmares. Zumbi foi covardemente assassinado em 1695 pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, contratado por latifundiários da região.

Apesar dos muitos negros mortos em Palmaras, a quantidade de escravos crescia muito e em 1681 atingia a cifra de 1 milhão de negros trazidos somente de Angola.

O grande número de negros utilizado como escravos, deixa clara a alta lucratividade do tráfico negreiro, responsável inicialmente pelo abastecimento da lavoura canavieira em expansão nos séculos XVI e XVII e posteriormente nas áreas de mineração e da lavoura cafeeira nos séculos XVIII e XIX respectivamente.

VÔO LIVRE

PÁSSAROS ERRANTES

Por: Beto Ramos


Vi alguns pássaros sem asas querendo voar.

Encontrei no caminho, alguns pássaros que não poderiam cantar.

Dentro dos nossos mundos não existem gaiolas.

Mas, quando os pássaros ficam livres, insistem em não cantar.

Vi alguns pássaros com olhos de fogo.

Alguns pássaros que ficam a nos observar.

Pássaros tristes, que desejam nos devorar.

Vi alguns pássaros que não voariam no passado e nem agora.

Pássaros sem futuro.

Estes pássaros nos assustam com seus olhos de fogo.

São aves de rapina querendo ser uirapuru.

Vi alguns pássaros que insistem em nos trazer o mar.

Pássaros que não conhecem nem mesmo o nosso Rio Madeira.

Vi alguns pássaros que desejam devorar as andorinhas de agosto.

Pássaros que não sabem o que é o nosso Porto Velho porto recordações.

Vi alguns pássaros que não conhecem quem é da sete de setembro lá do km 01.

Pássaros que não sabem nem mesmo o horário da serraria das onze horas.

Vi alguns pássaros sem cor alguma.

Que não conhecem as nossas ruas.

Que nunca entraram no Mocambo.

Estes pássaros não conhecem as nossas almas.

Eles nos assustam com seus olhos de fogo.

Vi alguns pássaros querendo nos ver chorar.

Pássaros tristes que insistem em nos culpar por suas tristezas.

Dentro dos nossos mundos não existem gaiolas.

Vi alguns pássaros querendo fazer a mesma destruição da Baixa da União pelos generais.

Pássaros armados com suas incoerências.

Vi alguns pássaros loucos.

Que ficam no mais alto galho de uma árvore seca.

Apenas vi alguns pássaros.

Pássaros estranhos que não sabem o que é cultura.

Vi alguns pássaros cheios de razão.

Estes pássaros querem brigar.

Estes pássaros não vão compreender para crescer.

Vi alguns pássaros sem poesias, canções e comprometimento com a história.

Estes pássaros desejam asas para voar.

Dentro dos nossos mundos não existem gaiolas.

Vi alguns pássaros sem mundo, sem voz alguma para serem os donos da voz.

Nos nossos olhos existe luz.

O fogo dos olhos destes pássaros vai apagar.





Diz a lenda.