terça-feira, 30 de novembro de 2010

Porto do Samba

Fina Flor do Samba

A miscigenação do samba

se faz no Mercado Cultural

O samba daqui e o samba de lá é apresentado toda sexta no Mercado Cultural

Toda sexta feira, os sambistas portovelhenses e os que estão de passagem ou vieram trabalhar na capital rondoniense, seja nas usinas do madeira ou nas unidades das forças armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), se encontram no Mercado Cultural durante a realização do projeto “A Fina Flor do Samba”.

Tudo começou no mês de maio do ano passado (2009) logo depois da inauguração do Mercado Cultural “Acontece que o Mercado fechava as 19h00 e nós resolvemos reunir os sambistas na praça Getúlio Vargas a partir das 20h00” lembra Ernesto Melo. Na realidade Ernesto Melo num dia de muita inspiração convocou alguns sambistas para participarem de uma roda de samba na praça Getúlio Vargas tão logo o Zizi cerrou as portas de sua lanchonete naquela noite de sexta feira dia 22 de maio. Nascia ali o Projeto “A Fina Flor do Samba”. Os encontros passaram a acontecer sempre as sexta feiras. Ernesto levava um isopor cheio de cerveja e tira gosto e lá ficavam tocando samba, o próprio Ernesto ao cavaquinho, Mávilo Melo, Oscar Khigth, Silvio Santos, Enio Melo, Joãozinho Carteiro entre outros, as mulheres dos sambistas os acompanhavam e a reunião terminava sempre por volta da meia noite.

Após negociar com seu Zizi a permanência do Lanche aberto até 22h00 sob a direção da Vera as reuniões passaram a acontecer dentro do Mercado, ainda sem aparelhagem de som. “Era o famoso pagode de mesa”. No mês de janeiro desse ano as rodas de samba passaram a ser também ensaio carnavalescos, pois Ernesto resolveu abrir espaço para a execução de marchinhas carnavalescas principalmente dos blocos como Banda do Vai Quem Quer, Rio Kaiary, Galo da Meia Noite e Calixto & Cia entre outros.

Sambistas de outros estados

A Fina Flor do Samba que no inicio era reduto apenas dos sambistas tradicionais de Porto Velho, hoje reúne sambistas de todas as partes do Brasil em especial, os militares cariocas que estão prestando serviço no Exército ou na Base Aérea como é o caso do cavaquinista Walber (sargento na Base Aérea) e do banjista França também sargento na Base Aere de Porto Velho e Wilson Harmonia que presta serviço no Hospital de Guarnição do Exército, somam-se a esses, os maranhenses William e seu irmão Coimbra (voz) e Sergio Ramos (ganzá). O Mato-grossense Hudson Mamede (voz), o paraense Walber do Pandeiro e ainda os cariocas Cristóvão (cavaquinho) e Neguinho do Pagode (tan tan) que formam com os portovelhenses Ernesto Melo, Oscar Knight, Silvio Santos, Bainha, João Carteiro, Caratê (Rebolo), Beto Ramos, Áureo e Audizio o grupo que anima os sambistas toda sexta feira no Mercado Cultural. “Chego aqui antes das sete horas da noite com o intuito de segurar uma mesa para nossa turma”, disse o sambista Marcelo Rodrigues. A mesma atitude do Marcelo é seguida por dezenas de pessoas que transformaram a roda de samba em seus programas de lazer.

O Bar do Zizi que até bem pouco tempo reinava soberano na preferência dos freqüentadores da roda de samba, hoje tem como concorrente o Café com Arte da agitadora cultural Almira Lopes.

Atualmente a Fina Flor do Samba conta com o apoio da Fundação Iaripuna que dispobiliza a sonorização e a iluminação e dez vez em quando libera um cachê para os músicos. “Isso é muito raro”, confessa Ernesto Melo. O que se vê todas as sexta feiras, é o Oscar solicitando aos presentes, que colabore com o grupo adquirindo uma ficha (cover artístico) no Café com Arte. “Essa colaboração serve para a aquisição de corda para os cavaquinhos e violões além de peças de reposição dos demais instrumentos”, complementa Ernesto Melo.

De uns tempos para cá os coordenadores do Projeto resolveram colocar sempre a partir das 23h00, um show especial. Assim já se apresentaram especialmente os cantores José Luiz Torrado, Joãozinho Carteiro, Bainha, Silvio Santos, Beto Cezar e Carlinhos Maracanã. Até cantores de renome nacional como Chico da Silva, Dunga e Royce do Cavaco já se apresentaram na Fina Flor e ainda tem as pastoras Erenir, Rosa, Rose, Beth Maria, Úrsula e Ana Célia. “Na próxima sexta feira dia 3, teremos o show do Marquinhos PQD”, finaliza Ernesto Melo.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Olho$ na Cultura

SECEL
Secretaria cobiçada
por vários partidos

A secretaria é considerada estratégica por muitos devido ter um orçamento relativamente grande


Uma das secretarias mais disputadas pelos partidos da aliança PMDB, PCdoB, DEM, PDT e PRTB, que ajudaram eleger o governador Confúcio Moura (PMDB), tem 72 cargos com salários que variam entre R$ 6.756,75 à R$ 577,50.

A secretaria é considerada estratégica por muitos devido ter um orçamento relativamente grande e ser responsável pela grande maioria dos eventos culturais e esportivos de Rondônia.

A Secel, por exemplo, repassa recursos para o carnaval dos blocos carnavalescos da capital, escolas de samba, festa de Boi em Guajará Mirim, distribui material esportivo ao futebol amador de Rondônia além de realizar outras grandes eventos culturais do Estado, além de patrocinar viagens de atletas de todas as categorias para viagens dentro do Estado e fora de Rondônia.

Confira abaixo o organograma da SECEL:

Lei complementar no 367, de 22 de fevereiro de 2007.

Altera quadro do anexo II, da Lei Complementar No 224 de 4 de janeiro de 2000, que dispõe sobre os cargos de Direção Superior da Secretaria de Estado do Esporte, da Cultura e do Lazer - Secel e da Coordenadoria Geral de Apoio à Governadoria - CGAG.

O governador do estado de Rondônia:

Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:

Art. 1o O quadro do Anexo II, da Lei Complementar No 224, de 4 de janeiro de 2000, que dispõe sobre os cargos de Direção Superior da Secretaria de Estado do Esporte, da Cultura e do Lazer - SECEL, passa a vigorar nos termos do Anexo I a esta Lei Complementar.

Artigo 2o Ficam criados 32 (trinta e dois) Cargos de Direção Superior, no Anexo II, da Lei Complementar Nº 224, de 04 de janeiro de 2000, que dispõe sobre os cargos de Direção Superior da Coordenadoria Geral de Apoio à Governadoria - CGAG, constantes do Anexo II a esta Lei Complementar

Artigo 3º As despesas decorrentes desta Lei Complementar correrão à conta de dotação orçamentária própria da SECEL e da CGAG, respectivamente.

Artigo 4º Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.


Palácio do Governo do Estado de Rondônia, em 22 de fevereiro de 2007, 119o da República. Ivo Narciso Cassol governador

Anexo Ii - Cargos de Direção Superior da Secretaria de Estado do Esporte, da Cultura e do Lazer - Secel.

Cargos de Direção Superior da Secretaria de Estado do Esporte, da Cultura e do Lazer – Secel

Secretário 01 CDS-20 R$ 6.756,75

Chefe de Gabinete 01 CDS-13 R$ 1.091,48

Secretária do Secretário 1 CDS-10 R$ 577,50

Motorista do Gabinete 03 CDS-10 R$ 577,50

Assessor Jurídico 01 CDS-15 R$ 2.079,00

Assessor Técnico 01 CDS-14 R$ 1.455,30

Assessor 01 CDS-14 R$ 1.455,30

Gerente Administrativo e Financeiro 01 CDS-14 R$ 1.455,30

Chefe de Núcleo I 01 CDS-13 R$ 1.091,48

Chefe de Núcleo II 04 CDS-12 R$ 831,60

Gerente de Esporte e Lazer 01 CDS-16 R$ 2.494,80

Executor do Projeto de Desenvolvimento do Lazer 01 CDS-12 R$ 831,60.

Secretária 01 CDS-10 R$ 577,50

Chefe de Equipe I 03 CDS-11 R$ 623,70

Diretor Administrativo do Estádio de Ji-Paraná 01 CDS-14 R$ 1.455,30

Chefe de Equipe do Estádio de Ji-Paraná 01 CDS-10 R$ 577,50 Diretor Administrativo do Estádio Aluízio Ferreira de Porto Velho 01 CDS-14 R$ 1.455,30

Chefe de Equipe I do Estádio Aluízio Ferreira de Porto Velho 01 CDS-11 R$ 623,70

Chefe de Equipe II do Estádio Aluízio Ferreira de Porto Velho 01 CDS-10 R$ 577,50

Diretor Administrativo do Estádio de Ouro Preto do Oeste 01 CDS-11 R$ 623,70

Chefe de Equipe II do Estádio de Ouro Preto do Oeste 01 CDS-10 R$ 577,50

Diretor do CEDEL 8 CDS-12 R$ 831,60

Chefe de Equipe I do CEDEL 08 CDS-11 R$ 623,70

Chefe de Equipe I do CEDEL 08 CDS-10 R$ 577,50

Gerente de Cultura 01 CDS-16 R$ 2.494,80

Executor do Projeto de Desenvolvimento da Cultura 01 CDS-12 R$ 831,60

Executor do Projeto de Preservação Histórica 01 CDS-12 R$ 831,60 Secretaria 01 CDS-10 R$ 577,50

Chefe de Equipe 01 3 CDS-11 R$ 623,70

Diretor da Casa de Cultura Ivan Marrocos 01 CDS-13 R$ 1.091,48 Secretaria 01 CDS-10 R$ 577,50

Total 72 cargos comissionados

sábado, 27 de novembro de 2010

Carnaval de porto velho/ zé katraca

Origem do Bloco da Cobra

O Bloco da Cobra que na realidade era nada-mais nada-menos que a Confraria do Bar do Raul, local onde os “Cobreiros”, costumavam se reunir aos finais de semana, para colocar a “agenda” em dia. “Parecia incrível, mas ninguém ousaria negar a existência de uma misteriosa e irresistível atração exercida pelo modesto estabelecimento comercial da Rua José de Alencar sobre os “Cobreiros”, além, evidentemente, das peculiares rabugices do Raul e dos saborosos quibes e bolinhos de bacalhau feitos por Georget, sua esposa, consumidos evidentemente entre copos de cerveja e doses de uísque” (Claudio Feitosa em Gente da Gente pág. 127).

E o que o Bar do Raul tem a ver com a origem do Bloco da Cobra? Tem tudo a ver, se não vejamos. O nome pintado na fachada do estabelecimento era “Kibe Lanche Ministro” e Ministro era o apelido do cunhado do Raul Elias Jouayed dono do sítio Tokilândia que ficava na Estrada 13 de Setembro também conhecida como Estrada dos Japoneses, justamente onde hoje existem os Conjuntos Guaporé e Rio Candeias.

Foi no Tokilândia que em certo domingo de carnaval do inicio dos anos 1950, que Elias Jouayed em parceria com os amigos Durval Gadelha, Olavo, Câmara, Papagaio e Zé Fominha se refugiaram para curar a ressaca da noitada carnavalesca vivida no Bancrévea e Danúbio Azul. Como todo bom bebedor sabe a melhor maneira de se curar uma ressaca é bebendo mais uma.

Naquele tempo, a bebida preferida nessas ocasiões era a famosa Cachaça Cocal, é claro que em se tratando de “categas” do naipe de um Durval Gadelha não poderia faltar pelo menos uma garrafa de uísque dos bons. Depois de se instalarem, os amigos cuidaram em começar os trabalhos etílicos. Enquanto os companheiros cuidavam de acender o fogo para o churrasco Elias pegou uma lata para buscar água na Bica que ficava a alguns metros da casa, por um caminho entre muitas fruteiras. Quando estava descendo a escada cujos degraus eram de pau a pique, foi surpreendido com uma pancada tão forte, que se não fosse o corrimão da escada, teria caído no precipício. Elias ainda apavorado com o acontecido, agarrado ou pendurado no corrimão da escada, olhou em direção de onde havia partido a “porrada” e deu de cara com uma cobra Sucuri já se enrolando preparando o próximo bote. A sorte foi que o primeiro bote pegou na lata.

Claudio Feitosa no livro citado descreve o episódio da seguinte maneira:

“Já refeito do susto Elias olhou pra cobre e bradou – “Vou te matar, filha da puta”.

Correu até a casa pegou uma espingarda 12 e saiu no rumo da Bica. Os amigos estupefatos com a atitude e sem saber o que estava acontecendo indagaram:

- Que foi isso, Ministro? Perguntou Durval, correndo em sua direção, seguido pelos demais.

- Uma cobra quase me pegou meu colega – A filha da puta está lá no pé da escada.

Dizendo isso, saiu apressado na direção da Bica, seguido pelos demais ainda não refeitos da surpresa.

Chegando ao local, com a arma em posição de tiro, percebeu que a cobra já tinha desfeito a rodilha e se encaminhava lentamente em direção ao chavascal que começava ali perto... Alguns metros mais adiante, praticamente lado a lado com a serpente, ele desfechou o primeiro tiro atingindo-lhe a cabeça.

Quando a espoleta rachou, a reação da cobra foi a de voltar no rumo da Bica, onde o desnível mais acentuado do terreno facilitou a ação do vingador, que lhe deu mais dois tiros seguidos e perfeitos, esfacelando-lhe o crânio.

No instante em que viu a grande cobra enrolar-se em convulsões, Ministro bradou a todos os pulmões:

- Pega aí cobra danada – Eu sou é macho, sua filha da puta!

Durval, esquecendo aquela sua pacatez peculiar, deu um salto por sobre os degraus da escada e lá de baixo fez um desafio para o resto da turma:

- Agora, cambada, vamos arrastar esta minhoca até lá em cima e de lá até a cidade, na marra?

Nem mesmo acabou de falar, a turma já estava lá em baixo, com ele, agarrando a cobra que ainda se mexia, resistindo à ação dos primeiros COBREIROS que Porto Velho iria conhecer naquela tarde cinzenta de domingo de carnaval. (Conta Cláudio Feitosa em Gente da Gente no capítulo O Bloco da Cobra pág. 127 a 143).

NR – Os desfiles do Bloco da Cobra será o assunto da próxima semana.

O Bloco da Dona Jóia

Adelaide Souza da Silva quem é, quem era?

Com esse nome acho que nem mesmo os amigos mais íntimos da família e até seus filhos não identificariam de imediato de quem se trata. Porém, se perguntarem por Dona Jóia com certeza 90% dos que moram em Porto Velho desde os idos de 1950, vão logo dizer, é a dona Jóia do bloco.

“Bloco da Dona Jóia” esse foi o bloco infanto-juvenil mais popular de Porto Velho na década de cinqüenta.

Dona Jóia recém chagada de Manaus foi morar na Avenida Carlos Gomes, justamente numa casa que ficava em parte do terreno onde hoje está a agencia do Banco Bradesco. Casada com seu Valério um entusiasta folião que depois criou juntamente com seu filho mais velho Ricardo e os amigos deste, Bainha, Cabeleira e Tário de Almeida Café a escola de samba “Prova de Fogo” hoje “Os Diplomatas do Samba”.

Bem! Dona Jóia que era professora, funcionária da Educação atuando na área de administração da Escola Normal Carmela Dutra como secretária da diretoria e por conseguinte pessoa bem conceituada na cidade, tinha um problema, não era sócia de nenhum clube social e em conseqüência, quando chegava o carnaval, era questionada pelos seus filhos Tetéia, Léo e Linda e mais tarde o Rogério por que os outros meninos e meninas do Grupo Escolar brincavam carnaval nos blocos dos clubes e eles não?

Foi então que resolveu criar um bloco infanto-juvenil, isso lá pelos idos de 1954. Reuniu com suas amigas e as convenceu a deixar seus filhos participarem do bloco.

O interessante era que o bloco não tinha um nome carnavalesco. Era simplesmente “Bloco da Dona Jóia”. Outro fato interessante era que o bloco não tinha cor padrão por um simples motivo. Em todos os desfiles dos quais participou, sempre apresentava como tema, o Filme que estava em cartaz nos cinemas de Porto Velho, principalmente os que eram exibidos nas matinês dos Cines Resk, Brasil e Cine Avenida (Lacerda).

Assim os meninos e meninas desfilaram fantasiados de “Pirata” porque estava passando o seriado do Capitão Kid. Zorro pelo seriado do Zorro e Scaramuche entre outros.

A banda (Jazz), que tocava para a gurizada pular carnaval era formada entre outros pelo Manga Rosa (trombone de vara), Ricardo filho da dona Jóia (caixinha), Bainha (surdo) e Cabeleira (afoxé) e mais o Louro no trompete.

Depois do primeiro ano era mais quem queria colocar seus filhos para brincar carnaval no “Bloco da Dona Jóia”.

O último carnaval do “Bloco da Dona Jóia” foi o de 1958 quando os foliões desfilaram fantasiados de Scaramuche.

Em novembro daquele ano (1958), seu marido Valério juntamente com seu filho Ricardo mais o Bainha, Cabeleira e Tário Almeida Café criaram a escola de samba “Prova de Fogo” que se apresentou com esse nome apenas no carnaval de 1959, pois em 1960 passou a ser conhecida como Universidade dos Diplomatas do Samba.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Presente de Natal

CD do Grupo Especial chega hoje nas lojas. Site vai sortear dois discos
Alberto João | Carnavalesco | 22/11/2010

Foto: capa do CD do Grupo Especial/DivulgaçãoBoa notícia para os sambistas. O CD do Grupo Especial para o Carnaval 2011 chega nas lojas de todo o país nesta terça-feira. Para presentear seus leitores, o SRZD-Carnavalesco, em parceria com a gravadora Universal Music, sai na frente e vai sortear dois discos. Para participar basta deixar nome completo e responder a seguinte pergunta: Qual escola é favorita para vencer o desfile de 2011 e o motivo? Use o espaço para comentários dentro desta nota para concorrer. As duas melhores respostas vão ser contempladas. O resultado sai no dia 1 de dezembro.

Repetindo a fórmula de sucesso do ano passado, o álbum foi gravado ao vivo, na Cidade do Samba, com cada uma das baterias das 12 Escolas, imprimindo sua cadência e estilo próprios, acompanhadas de um coro formado por 300 componentes das comunidades. Depois de quatro dias, a equipe se mudou para o estúdio para gravar a voz dos intérpretes, mixar e masterizar o álbum.

O resultado é fiel ao samba como será cantado na Sapucaí, e traz o clima de emoção e vibração da Avenida para o disco. A surpresa ficou por conta do intervalo entre as faixas: cada intérprete anunciará a próxima Escola usando seu bordão característico: Neguinho da Beija Flor, por exemplo, apresenta a Unidos de Vila Isabel chamando "Alô, Tinga, solta o bicho", Tinga, por sua vez, anuncia o Salgueiro com "Arrepia, Quinho"!
Comentários (325)

Concursos de Samba de Enredo

Marquinhos de Oswaldo Cruz: 'Foi o meu último ano como compositor na Portela'
Isaac Ismar | Carnavalesco | 24/11/2010

"Deste jeito, se não mudar a fórmula, este foi o meu último ano como compositor de samba-enredo na Portela". Foi assim que Marquinhos de Oswaldo Cruz, um dos sambistas da chamada nova geração portelense, desabafou sobre o modo de escolha dos hinos não apenas na Portela como em boa parte das agremiações.

De acordo com ele, a maneira como as escolas organizam os concursos de samba-enredo privilegia, quase sempre, os compositores que têm mais dinheiro para investir nas torcidas organizadas das parcerias.

- Esse modo é muito caro. Enquanto não mudar isso, será o meu último ano como compositor de samba-enredo. Às vezes, ganha quem tem mais dinheiro. E o cara (o campeão) não é mais visto na escola depois que acaba aquele carnaval. É um processo que não é de mérito e sim de quem tem mais torcida - lamentou.

Na opinião dele, a ideia da Beija-Flor, que nos últimos anos convidou a comunidade a votar em uma das parcerias finalistas, colabora para democratizar a disputa.

- A Beija-Flor está mudando o processo. Na Portela e em outras escolas a maioria das torcidas vem de fora. Na torcida do meu samba deste ano havia pessoas de fora da Portela, mas conheço muita gente, a maioria, que é portelense e colaborou para a minha parceria - afirmou.

Uma das soluções para tal problema, segundo o sambista, seria formar um júri com portelenses renomados, como Monarco, Paulão Sete Cordas, Rildo Hora, entre outros, para analisar as obras.

- O Gilsinho (intérprete da Portela) cantaria todos os finalistas para equilibrar a final. Se houver algumas mudanças, como as que eu citei, muitos compositores antigos voltariam para a escola. Não é utopia. Pode acontecer. Antes, no fim de ano as pessoas ouviam o disco do Roberto Carlos e de samba-enredo. Atualmente não é mais assim - criticou.

Após a escolha do samba-enredo, durante os meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, o departamento de harmonia, segundo o próprio Marquinhos, tem trabalho dobrado para incentivar a comunidade a cantar o novo samba.

- A comunidade da Portela é tão forte que mesmo o pior samba se torna o melhor - concluiu.

Vale frisar que esta entrevista com Marquinhos foi feita antes da final de samba-enredo da Portela, durante a apuração do conteúdo exibido nas transmissões em tempo real. Tanto a reportagem do SRZD-Carnavalesco como o compositor decidiram que o conteúdo desta matéria só seria divulgado após a final, já que Marquinhos era um dos finalistas.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

LEITURA

Secel entrega bibliotecas

A Secretaria de Estado dos Esportes, da Cultura e do Lazer – Secel, em parceria com o Ministério da Cultura, através da Biblioteca Nacional, e com os Municípios: Urupá, Cerejeiras, Costa Marques, São Felipe e Itapuã do Oeste desde o dia 18 passado estão concretizando o desejo de muitos estudantes, professores, pesquisadores e da comunidade em geral, que é de poderem contar com a sua Biblioteca Pública Municipal bem equipada, com um acervo maravilhoso, formado com muitos livros - o que se tem de melhor na literatura brasileira, mesas, cadeiras, estantes, computadores, impressoras, no breack, circuladores de ar, televisão de 29 polegadas, aparelho de DVD, tudo novinho, conseguido através do trabalho conjunto da Secel e dos Municípios, com o apoio do Programa Livro Aberto – Biblioteca Nacional / MINC.

As Bibliotecas estarão sendo entregues às suas comunidades, conforme a seguir:

Dia 18/11/2010, às 19 horas foi inaugurada a Biblioteca Pública do Município de Urupá.

Dia 19/11/2010, às 19 horas, a Biblioteca Pública do Município de Cerejeiras.

Dia 20/11/2010, às 19 horas, a Biblioteca Pública do Município de Costa Marques.

Dia 25/11/2010, às 19 horas a Biblioteca Pública do Município de São Felipe e

Dia 26/11/2010, às 19 horas a Biblioteca Pública do Município de Itapuã do Oeste.

Por todo o Brasil, um contingente formidável de educadores, bibliotecários, escritores, editores, livreiros, organizações não-governamentais, meios de comunicação, empresas privadas e todos aqueles que vêem a leitura como uma questão estratégica para a nação, inclusive para promover inclusão e cidadania, estão deflagrando um grande movimento nacional, como jamais se viu no Brasil, e Rondônia não ficou ausente. Pois entendemos que a leitura, além de fonte inesgotável de prazer e conhecimento, tem papel preponderante na estratégia da construção de uma nação desenvolvida, justa e solidária.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Abrindo o Mercado Cultural

DIRETO DO MERCADO E CULTURA

Por Leonardo Brant

Regulação da mídia é o tema da vez. Aparece-nos às vezes sob ameaça de censura, necessidade de controle social, urgência em democratizar os meios de comunicação. O problema é antigo no Brasil. E sua solução depende de destrincharmos uma série de questões mal resolvidas em nossa recente democracia. Acima de tudo, é preciso compreender o processo de transformação e convergência que os sistemas de comunicação, público e privado, sofrem no país e no mundo. O que o transforma cada vez mais em uma questão cultural: de cidadania, diversidade e democracia.

Sem a pretensão de esgotar o assunto, tentarei elencar aqui algumas dessas dimensões, que compõem um emaranhado de difícil compreensão e resolução:

Política e religião – Todos sabemos como se construiu o poder da Rede Globo no país, financiada pela ditadura (e depois pelos governos democráticos) e amparada por uma rede de oligarcas, sobretudo no nordeste de Sarney, Collor e companhia limitada, unindo poder político com presença midiática. Não podemos deixar de acrescentar nesse caldeirão o poder acumulado do Bispo Macedo e sua Igreja Universal com a TV Record. O desvínculo da radiofusão do poder político e religioso são questões urgentes em nossa sociedade.

Patrocínio estatal – O Estado é o principal patrocinador da radiofusão, com anúncios, projetos especiais e empréstimos subsidiados. É preciso haver critério e transparência em relação ao investimento estatal, para impedir a barganha entre governos e os veículos de comunicação, e a consequente manipulação da opinião pública. Essas duas primeiras questões implicam, de saída, o governo e o Congresso, o que torna o desafio mais difícil. A única saída para isso seria uma grande mobilização popular, como no caso do ficha-limpa.

Concentração – O cruzamento das mídias permite que grupos detentores de grandes conglomerados de comunicação ampliem de forma desproporcional sua presença midiática, com TV, rádio, revista, jornal, internet. É preciso garantir igualdade de condições para quem faz comunicação social no país. O sistema de produção brasileiro permite que uma rede de televisão produza e distribua todo o seu conteúdo, dominando a cadeia produtiva por completo. Precisamos ampliar a presença da produção independente, sobretudo regional, na programação dos veículos de massa.

Diversidade – O combate à cultura homogênea global, difundida pelos seis grandes conglomerados de mídia (as chamadas majors), que congregam estúdios de Hollywood, cadeias de TV internecionais, jornais, rádios, revistas, indústria fonogrática e de entretenimento, infraestrutura de cabo, satélite e portais de Internet, é uma das questões mais importantes das sociedades contemporâneas. Fortalecendo as indústrias culturais locais, como a Rede Globo e a Record, fortalecemos a cultura nacional. Mas temos de levar em conta que isso resultaria em distúrbios internos relacionados à diversidade regional, como já vimos. Por outro lado, a defesa do nacional frente ao global é uma questão delicada e pode ameaçar a própria diversidade.

Convergência – Os conteúdos culturais ocupam as mais diferentes telas, redes e suportes, de TVs a aparelhos móveis individuais, como tablets e smartphones. As empresas de telefonia já são consideradas grandes agentes difusores de conteúdo, embora sua participação nesse mercado não esteja regulmentada. O desafio aqui é reunir mercados totalmente diferentes em torno de uma regulação única, já que estamos falando de setores tão diferentes quanto TV aberta (analógica e digital), por assinatura, telefonia e Internet, que pode ser alcançada por cabo, eletricidade e por ondas eletromagnéticas – cada infraestrutura com sua regulação própria, que não prevê a difusão de conteúdos.

Propriedade Intelectual – A cultura da convergência é caracterizada pelo livre compartilhamento de conteúdos digitais, um descumprimento tácito e consentido (até mesmo pela falta de meios) da atual legislação de direito autoral, que precisa encontrar um equilíbrio entre a cultura livre e a subsistência de artistas e provedores de conteúdo. Para termos uma ideia da complexidade deste assunto, chegamos em um estágio em que o próprio conceito de autor precisa ser rediscutido e talvez revisto, diante das milhares de possibilidades de cocriação geradas pela enorme transformação do mundo digital.

Neutralidade - Por mais que o ambiente da Internet seja regulamentado aqui ou acolá (países como França e Espanha recrudeceram suas legislações cibernéticas), torna-se impossível controlar e regular os conteúdos provenientes dos mais diversos pontos de emissão e recepção digitais. Além de possibilitar maior diversidade de temas e conteúdos, devemos contar com a forte presença dos conglomerados de mídia, previamente estabelecidos no imaginário público, devido ao cruzamento e concentração, como já vimos. O poderio político, através de lobbies e rede de influências, presentes na política internacional e no ambiente político interno, não pode ser ignorado (vide matéria de Carlos Minuano sobre o avanço da Lei Azeredo no Congresso).

Cidadania – Há uma sobreposição entre a democracia representativa, que elege representantes para o Congresso e para o Executivo, e a democracia direta, que rege a participação de cidadãos comuns em Conferências de comunicação e cultura, e também em consultas públicas. A pauta da democratização dos meios foi construída nesses ambientes, com forte presença estatal, não somente na pauta e direcionamento dos temas, mas também na metodologia e no processo de conclusão e definição dos relatórios finais, o que coloca em xeque a legitimidade desse que pode ser o grande instrumento de participação democrática e cidadã no país. A regulamentação da mídia também passa por um maior distanciamento do governo federal nesse processo.