sábado, 30 de outubro de 2010

LEMBRADO PELO ZÉ KATRACA

javascript:void(0)CUTUBA E PELE CURTA

Aliza & Pau x Renato Chatiando

Naquele tempo, segundo os mais antigos, o eleitor do Território Federal de Rondônia só elegia um deputado federal e seu suplente. Na eleição de 1958 que aconteceu justamente no dia 3 de outubro, os candidatos foram Aluizio Ferreira que teve como suplente o Cel. Paulo Nunes Leal pela coligação PSD/PTB e Renato Medeiros que contou na suplência com Miguel Chaquiam pela coligação PSP/UDN.

Na oportunidade só existiam dois colégios eleitorais, Porto Velho e Guajará Mirim e segundo consta, a corrupção, com compra de votos era escandalosa, principalmente em Guajará Mirim onde até boliviano era contratado para votar, principalmente no candidato da oposição Renato Medeiros. Lembram daquele caso que contei aqui sobre o cabo eleitoral Favacho e da turba que chegou em um dos comícios do Renato gritando: “Dom Renato, Dom Renato...?” era por aí.

Outra curiosidade, era que a apuração dos votos, demorava até dez dias, isso porque a comunicação era difícil e as urnas demoravam a chegar ao Fórum Ruy Barbosa (hoje Dr. Fuad Darwiche), na Praça Rondon local da apuração. Acontece que os responsáveis pela apuração, mandavam instalar serviço de alto falante no meio da Praça com quatro cornetas no topo de um mastro de considerável altura, para a polução acompanhar a “marcha da apuração”.

No dia 4 de outubro daquele ano a Praça Rondon amanheceu repleta de eleitores, torcendo pelos seus candidatos. A contagem era voto a voto o que fazia com que a expectativa e a tensão aumentassem cada vez mais entre os eleitores.

Após a abertura dos trabalhos com os discursos de praxe do juiz eleitoral, começa a apuração propriamente dita, o locutor anuncia voto por voto: Aluizio e Paulo e Aluizio Paulo e Aluizio Paulo e de vez em quando um voto para Renato e Chaquiam.

Não sei se era obrigado, mas, o nome do suplente era anunciado com a mesma pompa do nome do candidato a deputado.

Primeiro dia: Aluizio e Paulo, Aluizio e Paulo... Renato e Chaquiam.

Segundo dia: Aluizio e Paulo, Aluizio e Paulo... Renato e Chaquiam. O negócio descambava para uma “lavagem” histórica do candidato da facção Cutuba em cima do Pele Curta Renato Medeiros.

A grande esperança que fazia os renatistas permanecerem na Praça era a chega da Litorina da Estrada de Ferro Madeira Mamoré com as urnas de Guajará Mirim, Vale do Guaporé e do Núcleo do Iata. “O Favacho nos garantiu que o Doutor Renato ganha de “lapada” em Guajará e no Iata”, diziam os Pele Curta.

As urnas de Guajará e Iata chegaram já no terceiro dia de apuração, parecia que quem tinha desembarcado na estação da Madeira Mamoré era a imagem de Nossa Senhora de Nazaré cujos devotos a época, eram muitos em Porto Velho, a multidão seguiu o Jeep que transportou as urnas até o Fórum na maior algazarra.

O locutor com toda impostação de voz que lhe era permitida anunciou: “Vamos começar a apuração dos votos de Guajará Mirim e Iata”.

Os Pele Curtas soltaram foguetes e aos gritos diziam, vai começar a virada.

Logo foram murchando quando o locutor anunciou que uma série de urnas haviam sido impugnadas e continuou:

Aluizio e Paulo, Aluizio e Paulo... Renato e Chaquiam...

Os Cutubas então passaram a fazer a seguinte gozação em cima dos Pele Curtas.

Ao festejaram cada voto que saia para os candidatos Cutubas Aluizio e Paulo repetiam:

Aliza o Pau, Aliza o Pau, Aliza o Pau...

Renato Chatiando...

Aliza o Pau X Renato Chatiando!

Aliza o Pau X Renato Chatiando!

E subiram a ladeira da Presidente Dutra carregando nos ombros o deputado Aluizio Ferreira e o suplente Paulo Nunes Leal cantando o refrão:

Aliza o Pau, Renato chatiando... Aliza o Pau, Renato chatiando!