quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A COISA AQUI TÁ CINZA

Rondônia pode entrar em colapso devido às queimadas


Previsão indica forte agravamento da poluição no sul da Amazônia nos próximos dias, com espessa camada de fumaça sobre Rondônia. A situação que já é de emergência pode virar calamidade pública uma vez que em ano de eleição há pouca autuação.

Daniel Panobianco - A fumaça fica a cada dia que passa mais intensa em Rondônia. Fruto das queimadas que já fugiram do controle há muito tempo e que só agora as autoridades locais chegam a um consenso de que algo de imediato precisa ser feito para frear a quantidade estupenda que a população respira de monóxido de carbono e outros gases poluentes.

O mais engraçado é que todas as autoridades engajadas no então ‘combate’ ao fogo em Rondônia sabem muito bem que climatologicamente existem duas estações muito bem definidas; Uma seca e outra chuvosa, ambas com 6 meses de duração cada uma. Na seca, não chove, a umidade despenca para patamares críticos e o fogo se alastra. Não é de hoje que as queimadas incomodam e muito em Rondônia; Também não é de hoje que a política do meio ambiente local se faz de cega, surda e muda. Até a imprensa, o terceiro maior poder nesse país, se enjoa ao ditar que ações estão sendo tomadas, que políticos, os de cabresto, por via de regras, fazem sua parte e que todo se resolverá. Mentira! Hipocrisia de quem ainda acredita nisso.

Chega a ser demagogo que uma política desse gabarito se prostra com tamanha insatisfação por meio de atitudes impensadas e que no ‘frigir dos ovos’, a população tem sua forma de pensamento como a mais humilde de todas.

Não há política, ação ou união de autoridades que acabará com as queimadas em Rondônia; Isso nunca aconteceu e jamais acontecerá.

Os dados do passado comprovam que a cada 4 anos e, diga-se de passagem, por coincidência ou não, anos políticos, de eleições, a quantidade de queimadas no Brasil surta, do extremo ao vergonhoso, lastimável. E isso não é diferente em Rondônia. Os números estão ai à mostra para qualquer cidadão de que campanhas, metas públicas de reeducação ambiental de nada valem a pena se no mais alto poder hierárquico de comando existe uma administração frouxa, incapaz de autuar, multar ou ditar que nesta terra também existem leis a serem respeitadas.

A prova maior de que as queimadas estão sem controle em Rondônia é vista, respirada e suportada por cada individuo que ainda sobrevive debaixo de uma poluição sufocante.

Há dias Porto Velho está tomada por muita fumaça, o que restringe os meios de tráfego aéreo, rodoviário e fluvial. O número de acidentes nas estradas em decorrência da falta de visibilidade explodiu nos últimos 3 dias, todos, segundo as autoridades, por conta da fumaça das queimadas.

A quantidade de pessoas com problemas respiratórios nas policlínicas é imensa. A maioria dos casos verificados está relacionada às doenças respiratórias em decorrência da intensa fumaça.

Nesta terça-feira (18), Porto Velho amanheceu coberta por uma intensa camada de fumaça. Dados de METAR do aeroporto "Governador Jorge Teixeira de Oliveira" registraram desde as 3 horas (local), visibilidade inferior a 700 metros na cabeceira da pista, o que restringe parcialmente pousos e decolagens de aeronaves. Segundo a INFRAERO (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), pistas com visibilidade inferior a 1600 metros já oferecem riscos e passam a ser monitoradas por instrumentos, quando não fechadas completamente.

A quantidade de queimadas verificadas em áreas que deveriam ser de proteção ambiental, como UCs (Unidades de Conservação) é lastimável. O fogo se alastra de fazenda em fazenda e atinge rapidamente áreas de florestas ainda virgens, antes então intocadas pelo homem.

Satélites operados pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) desmentem o que autoridades ditam em emissoras de rádio e televisão ou nos mais diversos meios de comunicação online hoje disponíveis. Rondônia está em emergência não tão somente por conta da fumaça das queimadas e sim por uma cultura retrógrada que ano após ano se deteriora com os extremos climáticos, cada vez mais comuns. Cultura esta que faz referência aos palanques agora em comícios a que aprofundar questões tão sérias quanto à saúde de uma massa populacional, por exemplo.

Mapa de poluição em Rondônia. A quantidade de poluentes no norte do Estado, região de Porto Velho, é 5 vezes maior que a verificada na Região Metropolitana de São Paulo. No final de semana, todo o Estado estará coberto por uma densa camada de poluentes.

Os dados ainda dão conta de que o ar vai piorar em Rondônia até o final de semana. A quantidade de gases poluentes presentes na atmosfera já está elevada, mas a situação pode ficar insuportável com a predominância dos ventos fracos em altitude e em sentidos que dificultam a dispersão dos poluentes na média troposfera. Todos os 52 municípios rondonienses experimentarão ‘dias negros’, literalmente, com fumaça irreal aos olhos do governo, mas bem nítida às vistas da população local.

Já dizia uma velha frase de um ex-governador de Rondônia que "a queimada faz parte do desenvolvimento de Rondônia; Se há queimada há terra aberta e com isso, há desenvolvimento". E assim sempre será!

Dados: REDEMET - NASA - CPTEC/INPE
(Fonte: De olho no tempo)

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