quarta-feira, 29 de julho de 2009

A VIAGEM NOS NAVIOS NEGREIROS E A CHEGADA AO BRASIL. (03).

Como a viagem da Costa da África ás Costas da América do Sul era usualmente curta, pois os ventos estavam sujeitos a pequenas variações e o tempo era comumente bom, os navios empregados nesse tráfico eram de modo geral, pequenos e não de ótima construção, os navios negreiros eram a princípio superlotados a um ponto incrível.
Fez-se, porém, uma lei com o fim restringir o número de pessoas em cada navio, (somos levados a crer, pelas circunstâncias do processo), essa lei jamais foi cumprida ou vistoriada.
Depois de vários dias em porões infectos, amontoados uns sobre os outros, muitos morriam e só eram retirados do monte dias depois, outros passavam mal provocavam vômitos uns sobre os outros, urinavam acorrentados e todo o tipo de barbárie era cometido contra esses seres, chegam ao destino.
São colocados nas ruas diante das portas dos proprietários, deitados ou sentados em promiscuidade pelos caminhos, em número que atingia as vezes a duzentos ou trezentos.
Os homens usavam ao redor da cinta um pedaço de pano azul, puxado entre as pernas e preso ás costas, as mulheres recebiam um pedaço maior de pano, que era usado como saia e às vezes davam-lhes outro com o fim de cobrir a parte superior do corpo.
Sua alimentação era carne salgada, farinha de mandioca, e às vezes banana da terra, a comida de cada dia era cozida no meio da rua em enormes caldeirões, á noite os escravos eram conduzidos a um ou mais armazém e o condutor ficava de pé, contando á medida que eles passavam, eram trancados e a porta só era aberta no romper do dia para mais um lote da mercadoria.
O desejo dessas míseras criaturas de escapar a este estado de inanação e desconforto manifestava-se quando aparecia um comprador, de bom grado se levantavam para serem colocados em fila, com o fim de serem examinados e tratados como gado.
Havia uma espécie de parentesco entre os que eram trazidos no mesmo navio, mesmo sem nenhum vínculo familiar chamavan-se da Malungos, um termo muito considerado e utilizado em quase todas as línguas, uma espécie de afinidade africana.

Carlinhos Maracanã
Cine Zumbi
CONEGRO.

Fonte: coleção Caros Amigos.

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