terça-feira, 23 de novembro de 2010

O Show!

Por: Beto Ramos

Carlinhos Maracanã e A Fina Flor do Samba

Então, fechei os olhos e vi em minha viagem de muitas cores um imenso Quilombo onde a liberdade nascia do sorriso negro da nossa felicidade.
Ali estávamos abençoados pelas mãos da escrava Anastácia.
Minha viagem foi longa.
Vi o brilho nos olhos de Zumbi ao lado Martin Luther King.
Tia Ciata que foi Lyakekerê, também sorria como se estivesse no terreiro de João Alabá.
Vi o Babá em pé atrás do Oscar “só sucesso”.
O neguinho Orlando parecia estar no Estácio.
Gostaria de não mais abrir os olhos.
A felicidade é um vento forte que balança as árvores do Mocambo, Triângulo e onde existir um grito de liberdade de todas as almas.
Passando como um raio, vi nesta minha viagem cheia de cores, Jessé Owens e Ademar Ferreira da Silva.
O reverendo Antônio Olimpio Sant’Ana também veio abençoar o nosso lindo Quilombo no meio do nosso centro histórico.
Em pé na porta dos nossos sonhos estava o Bubu ao lado do Dada.
E vi os capoeiras lado a lado com muitos sambistas.
Olha o Cartola junto com Jamelão.
Então, vi uma mulher branca com alma de negra sorrindo.
O Lorde também passou na esquina dos nossos sonhos culturais.
Bem perto de mim ouvi aquela voz inconfundível.
Carlinhos Maracanã.
Incorporando todos os negros da história, o Maracanã simplesmente cantou.
Um sorriso negro para dona Cristina.

Cristina Esposa Carlinhos Maracanã

Até Machado de Assis esteve sentado na Praça Getúlio Vargas.
Nos acordes que encantaram os Deuses negros que ficam em nossas almas,
Pixinguinha sorriu para o Maracanã.
Mas, o show era seu meu amigo.
Como uma Fênix, você ressurgiu com João Nogueira, Paulinho da Viola e o sorriso de dona Cristina.
O nosso lindo Quilombo é bem mais feliz quando todos sorriem.
Deixe o seu canto ecoar pelo ar.
O homem pode sonhar quando sua alma é de menino.
E o sonho de menino é crescer e ganhar o mundo.
Todos os negros, de todos os tempos, de todas as horas, estão no seu sorriso.
Cante e encante.
Perdoe-me se algumas vezes tentei te preservar dentro da nossa história.
Mas, como dizia minha avó, somos aves de arribada.
O nosso ninho é o mundo.
E o nosso mundo é um copo de cerveja, um bom papo, com os amigos, pela madrugada da nossa alegria.
Jamais poderíamos ser a maioria silenciosa.
Gostaria tanto de ter uma Chica da Silva entre nós.
A rainha do imaginário popular seria com certeza um tipo de mecenas na proteção dos artistas de todas as cores.
Em minha viagem cheia de cores precisei abrir os olhos.
Para o deleite de minhas retinas, vi o doce beijo do Carlinhos Maracanã em sua amiga e companheira Cristina.

O samba é amor.

Então, nos encontraremos no Café Com Arte, batendo um papo cabeça de negro, cheio de reza forte para espantar as mandingas de quem não gosta de samba e bom sujeito com certeza não é.
Com a mão no queixo, Martinho da Vila dizia esse é o cara.
E Cruz e Souza concordava com o Martinho.
A maior embriaguez da vida de um homem é a sua felicidade e a dos amigos que tanto querem o seu bem.
Isso é o despertar da liberdade de todos nós.


Diz a lenda!

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