Fina Flor do Samba
A miscigenação do samba
se faz no Mercado Cultural
O samba daqui e o samba de lá é apresentado toda sexta no Mercado Cultural
Toda sexta feira, os sambistas portovelhenses e os que estão de passagem ou vieram trabalhar na capital rondoniense, seja nas usinas do madeira ou nas unidades das forças armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), se encontram no Mercado Cultural durante a realização do projeto “A Fina Flor do Samba”.
Tudo começou no mês de maio do ano passado (2009) logo depois da inauguração do Mercado Cultural “Acontece que o Mercado fechava as 19h00 e nós resolvemos reunir os sambistas na praça Getúlio Vargas a partir das 20h00” lembra Ernesto Melo. Na realidade Ernesto Melo num dia de muita inspiração convocou alguns sambistas para participarem de uma roda de samba na praça Getúlio Vargas tão logo o Zizi cerrou as portas de sua lanchonete naquela noite de sexta feira dia 22 de maio. Nascia ali o Projeto “A Fina Flor do Samba”. Os encontros passaram a acontecer sempre as sexta feiras. Ernesto levava um isopor cheio de cerveja e tira gosto e lá ficavam tocando samba, o próprio Ernesto ao cavaquinho, Mávilo Melo, Oscar Khigth, Silvio Santos, Enio Melo, Joãozinho Carteiro entre outros, as mulheres dos sambistas os acompanhavam e a reunião terminava sempre por volta da meia noite.
Após negociar com seu Zizi a permanência do Lanche aberto até 22h00 sob a direção da Vera as reuniões passaram a acontecer dentro do Mercado, ainda sem aparelhagem de som. “Era o famoso pagode de mesa”. No mês de janeiro desse ano as rodas de samba passaram a ser também ensaio carnavalescos, pois Ernesto resolveu abrir espaço para a execução de marchinhas carnavalescas principalmente dos blocos como Banda do Vai Quem Quer, Rio Kaiary, Galo da Meia Noite e Calixto & Cia entre outros.
Sambistas de outros estados
A Fina Flor do Samba que no inicio era reduto apenas dos sambistas tradicionais de Porto Velho, hoje reúne sambistas de todas as partes do Brasil em especial, os militares cariocas que estão prestando serviço no Exército ou na Base Aérea como é o caso do cavaquinista Walber (sargento na Base Aérea) e do banjista França também sargento na Base Aere de Porto Velho e Wilson Harmonia que presta serviço no Hospital de Guarnição do Exército, somam-se a esses, os maranhenses William e seu irmão Coimbra (voz) e Sergio Ramos (ganzá). O Mato-grossense Hudson Mamede (voz), o paraense Walber do Pandeiro e ainda os cariocas Cristóvão (cavaquinho) e Neguinho do Pagode (tan tan) que formam com os portovelhenses Ernesto Melo, Oscar Knight, Silvio Santos, Bainha, João Carteiro, Caratê (Rebolo), Beto Ramos, Áureo e Audizio o grupo que anima os sambistas toda sexta feira no Mercado Cultural. “Chego aqui antes das sete horas da noite com o intuito de segurar uma mesa para nossa turma”, disse o sambista Marcelo Rodrigues. A mesma atitude do Marcelo é seguida por dezenas de pessoas que transformaram a roda de samba em seus programas de lazer.
O Bar do Zizi que até bem pouco tempo reinava soberano na preferência dos freqüentadores da roda de samba, hoje tem como concorrente o Café com Arte da agitadora cultural Almira Lopes.
Atualmente a Fina Flor do Samba conta com o apoio da Fundação Iaripuna que dispobiliza a sonorização e a iluminação e dez vez em quando libera um cachê para os músicos. “Isso é muito raro”, confessa Ernesto Melo. O que se vê todas as sexta feiras, é o Oscar solicitando aos presentes, que colabore com o grupo adquirindo uma ficha (cover artístico) no Café com Arte. “Essa colaboração serve para a aquisição de corda para os cavaquinhos e violões além de peças de reposição dos demais instrumentos”, complementa Ernesto Melo.
De uns tempos para cá os coordenadores do Projeto resolveram colocar sempre a partir das 23h00, um show especial. Assim já se apresentaram especialmente os cantores José Luiz Torrado, Joãozinho Carteiro, Bainha, Silvio Santos, Beto Cezar e Carlinhos Maracanã. Até cantores de renome nacional como Chico da Silva, Dunga e Royce do Cavaco já se apresentaram na Fina Flor e ainda tem as pastoras Erenir, Rosa, Rose, Beth Maria, Úrsula e Ana Célia. “Na próxima sexta feira dia 3, teremos o show do Marquinhos PQD”, finaliza Ernesto Melo.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Olho$ na Cultura
SECEL
Secretaria cobiçada
por vários partidos
A secretaria é considerada estratégica por muitos devido ter um orçamento relativamente grande
Uma das secretarias mais disputadas pelos partidos da aliança PMDB, PCdoB, DEM, PDT e PRTB, que ajudaram eleger o governador Confúcio Moura (PMDB), tem 72 cargos com salários que variam entre R$ 6.756,75 à R$ 577,50.
A secretaria é considerada estratégica por muitos devido ter um orçamento relativamente grande e ser responsável pela grande maioria dos eventos culturais e esportivos de Rondônia.
A Secel, por exemplo, repassa recursos para o carnaval dos blocos carnavalescos da capital, escolas de samba, festa de Boi em Guajará Mirim, distribui material esportivo ao futebol amador de Rondônia além de realizar outras grandes eventos culturais do Estado, além de patrocinar viagens de atletas de todas as categorias para viagens dentro do Estado e fora de Rondônia.
Confira abaixo o organograma da SECEL:
Lei complementar no 367, de 22 de fevereiro de 2007.
Altera quadro do anexo II, da Lei Complementar No 224 de 4 de janeiro de 2000, que dispõe sobre os cargos de Direção Superior da Secretaria de Estado do Esporte, da Cultura e do Lazer - Secel e da Coordenadoria Geral de Apoio à Governadoria - CGAG.
O governador do estado de Rondônia:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
Art. 1o O quadro do Anexo II, da Lei Complementar No 224, de 4 de janeiro de 2000, que dispõe sobre os cargos de Direção Superior da Secretaria de Estado do Esporte, da Cultura e do Lazer - SECEL, passa a vigorar nos termos do Anexo I a esta Lei Complementar.
Artigo 2o Ficam criados 32 (trinta e dois) Cargos de Direção Superior, no Anexo II, da Lei Complementar Nº 224, de 04 de janeiro de 2000, que dispõe sobre os cargos de Direção Superior da Coordenadoria Geral de Apoio à Governadoria - CGAG, constantes do Anexo II a esta Lei Complementar
Artigo 3º As despesas decorrentes desta Lei Complementar correrão à conta de dotação orçamentária própria da SECEL e da CGAG, respectivamente.
Artigo 4º Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio do Governo do Estado de Rondônia, em 22 de fevereiro de 2007, 119o da República. Ivo Narciso Cassol governador
Anexo Ii - Cargos de Direção Superior da Secretaria de Estado do Esporte, da Cultura e do Lazer - Secel.
Cargos de Direção Superior da Secretaria de Estado do Esporte, da Cultura e do Lazer – Secel
Secretário 01 CDS-20 R$ 6.756,75
Chefe de Gabinete 01 CDS-13 R$ 1.091,48
Secretária do Secretário 1 CDS-10 R$ 577,50
Motorista do Gabinete 03 CDS-10 R$ 577,50
Assessor Jurídico 01 CDS-15 R$ 2.079,00
Assessor Técnico 01 CDS-14 R$ 1.455,30
Assessor 01 CDS-14 R$ 1.455,30
Gerente Administrativo e Financeiro 01 CDS-14 R$ 1.455,30
Chefe de Núcleo I 01 CDS-13 R$ 1.091,48
Chefe de Núcleo II 04 CDS-12 R$ 831,60
Gerente de Esporte e Lazer 01 CDS-16 R$ 2.494,80
Executor do Projeto de Desenvolvimento do Lazer 01 CDS-12 R$ 831,60.
Secretária 01 CDS-10 R$ 577,50
Chefe de Equipe I 03 CDS-11 R$ 623,70
Diretor Administrativo do Estádio de Ji-Paraná 01 CDS-14 R$ 1.455,30
Chefe de Equipe do Estádio de Ji-Paraná 01 CDS-10 R$ 577,50 Diretor Administrativo do Estádio Aluízio Ferreira de Porto Velho 01 CDS-14 R$ 1.455,30
Chefe de Equipe I do Estádio Aluízio Ferreira de Porto Velho 01 CDS-11 R$ 623,70
Chefe de Equipe II do Estádio Aluízio Ferreira de Porto Velho 01 CDS-10 R$ 577,50
Diretor Administrativo do Estádio de Ouro Preto do Oeste 01 CDS-11 R$ 623,70
Chefe de Equipe II do Estádio de Ouro Preto do Oeste 01 CDS-10 R$ 577,50
Diretor do CEDEL 8 CDS-12 R$ 831,60
Chefe de Equipe I do CEDEL 08 CDS-11 R$ 623,70
Chefe de Equipe I do CEDEL 08 CDS-10 R$ 577,50
Gerente de Cultura 01 CDS-16 R$ 2.494,80
Executor do Projeto de Desenvolvimento da Cultura 01 CDS-12 R$ 831,60
Executor do Projeto de Preservação Histórica 01 CDS-12 R$ 831,60 Secretaria 01 CDS-10 R$ 577,50
Chefe de Equipe 01 3 CDS-11 R$ 623,70
Diretor da Casa de Cultura Ivan Marrocos 01 CDS-13 R$ 1.091,48 Secretaria 01 CDS-10 R$ 577,50
Total 72 cargos comissionados
Secretaria cobiçada
por vários partidos
A secretaria é considerada estratégica por muitos devido ter um orçamento relativamente grande
Uma das secretarias mais disputadas pelos partidos da aliança PMDB, PCdoB, DEM, PDT e PRTB, que ajudaram eleger o governador Confúcio Moura (PMDB), tem 72 cargos com salários que variam entre R$ 6.756,75 à R$ 577,50.
A secretaria é considerada estratégica por muitos devido ter um orçamento relativamente grande e ser responsável pela grande maioria dos eventos culturais e esportivos de Rondônia.
A Secel, por exemplo, repassa recursos para o carnaval dos blocos carnavalescos da capital, escolas de samba, festa de Boi em Guajará Mirim, distribui material esportivo ao futebol amador de Rondônia além de realizar outras grandes eventos culturais do Estado, além de patrocinar viagens de atletas de todas as categorias para viagens dentro do Estado e fora de Rondônia.
Confira abaixo o organograma da SECEL:
Lei complementar no 367, de 22 de fevereiro de 2007.
Altera quadro do anexo II, da Lei Complementar No 224 de 4 de janeiro de 2000, que dispõe sobre os cargos de Direção Superior da Secretaria de Estado do Esporte, da Cultura e do Lazer - Secel e da Coordenadoria Geral de Apoio à Governadoria - CGAG.
O governador do estado de Rondônia:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:
Art. 1o O quadro do Anexo II, da Lei Complementar No 224, de 4 de janeiro de 2000, que dispõe sobre os cargos de Direção Superior da Secretaria de Estado do Esporte, da Cultura e do Lazer - SECEL, passa a vigorar nos termos do Anexo I a esta Lei Complementar.
Artigo 2o Ficam criados 32 (trinta e dois) Cargos de Direção Superior, no Anexo II, da Lei Complementar Nº 224, de 04 de janeiro de 2000, que dispõe sobre os cargos de Direção Superior da Coordenadoria Geral de Apoio à Governadoria - CGAG, constantes do Anexo II a esta Lei Complementar
Artigo 3º As despesas decorrentes desta Lei Complementar correrão à conta de dotação orçamentária própria da SECEL e da CGAG, respectivamente.
Artigo 4º Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.
Palácio do Governo do Estado de Rondônia, em 22 de fevereiro de 2007, 119o da República. Ivo Narciso Cassol governador
Anexo Ii - Cargos de Direção Superior da Secretaria de Estado do Esporte, da Cultura e do Lazer - Secel.
Cargos de Direção Superior da Secretaria de Estado do Esporte, da Cultura e do Lazer – Secel
Secretário 01 CDS-20 R$ 6.756,75
Chefe de Gabinete 01 CDS-13 R$ 1.091,48
Secretária do Secretário 1 CDS-10 R$ 577,50
Motorista do Gabinete 03 CDS-10 R$ 577,50
Assessor Jurídico 01 CDS-15 R$ 2.079,00
Assessor Técnico 01 CDS-14 R$ 1.455,30
Assessor 01 CDS-14 R$ 1.455,30
Gerente Administrativo e Financeiro 01 CDS-14 R$ 1.455,30
Chefe de Núcleo I 01 CDS-13 R$ 1.091,48
Chefe de Núcleo II 04 CDS-12 R$ 831,60
Gerente de Esporte e Lazer 01 CDS-16 R$ 2.494,80
Executor do Projeto de Desenvolvimento do Lazer 01 CDS-12 R$ 831,60.
Secretária 01 CDS-10 R$ 577,50
Chefe de Equipe I 03 CDS-11 R$ 623,70
Diretor Administrativo do Estádio de Ji-Paraná 01 CDS-14 R$ 1.455,30
Chefe de Equipe do Estádio de Ji-Paraná 01 CDS-10 R$ 577,50 Diretor Administrativo do Estádio Aluízio Ferreira de Porto Velho 01 CDS-14 R$ 1.455,30
Chefe de Equipe I do Estádio Aluízio Ferreira de Porto Velho 01 CDS-11 R$ 623,70
Chefe de Equipe II do Estádio Aluízio Ferreira de Porto Velho 01 CDS-10 R$ 577,50
Diretor Administrativo do Estádio de Ouro Preto do Oeste 01 CDS-11 R$ 623,70
Chefe de Equipe II do Estádio de Ouro Preto do Oeste 01 CDS-10 R$ 577,50
Diretor do CEDEL 8 CDS-12 R$ 831,60
Chefe de Equipe I do CEDEL 08 CDS-11 R$ 623,70
Chefe de Equipe I do CEDEL 08 CDS-10 R$ 577,50
Gerente de Cultura 01 CDS-16 R$ 2.494,80
Executor do Projeto de Desenvolvimento da Cultura 01 CDS-12 R$ 831,60
Executor do Projeto de Preservação Histórica 01 CDS-12 R$ 831,60 Secretaria 01 CDS-10 R$ 577,50
Chefe de Equipe 01 3 CDS-11 R$ 623,70
Diretor da Casa de Cultura Ivan Marrocos 01 CDS-13 R$ 1.091,48 Secretaria 01 CDS-10 R$ 577,50
Total 72 cargos comissionados
sábado, 27 de novembro de 2010
Carnaval de porto velho/ zé katraca
Origem do Bloco da Cobra
O Bloco da Cobra que na realidade era nada-mais nada-menos que a Confraria do Bar do Raul, local onde os “Cobreiros”, costumavam se reunir aos finais de semana, para colocar a “agenda” em dia. “Parecia incrível, mas ninguém ousaria negar a existência de uma misteriosa e irresistível atração exercida pelo modesto estabelecimento comercial da Rua José de Alencar sobre os “Cobreiros”, além, evidentemente, das peculiares rabugices do Raul e dos saborosos quibes e bolinhos de bacalhau feitos por Georget, sua esposa, consumidos evidentemente entre copos de cerveja e doses de uísque” (Claudio Feitosa em Gente da Gente pág. 127).
E o que o Bar do Raul tem a ver com a origem do Bloco da Cobra? Tem tudo a ver, se não vejamos. O nome pintado na fachada do estabelecimento era “Kibe Lanche Ministro” e Ministro era o apelido do cunhado do Raul Elias Jouayed dono do sítio Tokilândia que ficava na Estrada 13 de Setembro também conhecida como Estrada dos Japoneses, justamente onde hoje existem os Conjuntos Guaporé e Rio Candeias.
Foi no Tokilândia que em certo domingo de carnaval do inicio dos anos 1950, que Elias Jouayed em parceria com os amigos Durval Gadelha, Olavo, Câmara, Papagaio e Zé Fominha se refugiaram para curar a ressaca da noitada carnavalesca vivida no Bancrévea e Danúbio Azul. Como todo bom bebedor sabe a melhor maneira de se curar uma ressaca é bebendo mais uma.
Naquele tempo, a bebida preferida nessas ocasiões era a famosa Cachaça Cocal, é claro que em se tratando de “categas” do naipe de um Durval Gadelha não poderia faltar pelo menos uma garrafa de uísque dos bons. Depois de se instalarem, os amigos cuidaram em começar os trabalhos etílicos. Enquanto os companheiros cuidavam de acender o fogo para o churrasco Elias pegou uma lata para buscar água na Bica que ficava a alguns metros da casa, por um caminho entre muitas fruteiras. Quando estava descendo a escada cujos degraus eram de pau a pique, foi surpreendido com uma pancada tão forte, que se não fosse o corrimão da escada, teria caído no precipício. Elias ainda apavorado com o acontecido, agarrado ou pendurado no corrimão da escada, olhou em direção de onde havia partido a “porrada” e deu de cara com uma cobra Sucuri já se enrolando preparando o próximo bote. A sorte foi que o primeiro bote pegou na lata.
Claudio Feitosa no livro citado descreve o episódio da seguinte maneira:
“Já refeito do susto Elias olhou pra cobre e bradou – “Vou te matar, filha da puta”.
Correu até a casa pegou uma espingarda 12 e saiu no rumo da Bica. Os amigos estupefatos com a atitude e sem saber o que estava acontecendo indagaram:
- Que foi isso, Ministro? Perguntou Durval, correndo em sua direção, seguido pelos demais.
- Uma cobra quase me pegou meu colega – A filha da puta está lá no pé da escada.
Dizendo isso, saiu apressado na direção da Bica, seguido pelos demais ainda não refeitos da surpresa.
Chegando ao local, com a arma em posição de tiro, percebeu que a cobra já tinha desfeito a rodilha e se encaminhava lentamente em direção ao chavascal que começava ali perto... Alguns metros mais adiante, praticamente lado a lado com a serpente, ele desfechou o primeiro tiro atingindo-lhe a cabeça.
Quando a espoleta rachou, a reação da cobra foi a de voltar no rumo da Bica, onde o desnível mais acentuado do terreno facilitou a ação do vingador, que lhe deu mais dois tiros seguidos e perfeitos, esfacelando-lhe o crânio.
No instante em que viu a grande cobra enrolar-se em convulsões, Ministro bradou a todos os pulmões:
- Pega aí cobra danada – Eu sou é macho, sua filha da puta!
Durval, esquecendo aquela sua pacatez peculiar, deu um salto por sobre os degraus da escada e lá de baixo fez um desafio para o resto da turma:
- Agora, cambada, vamos arrastar esta minhoca até lá em cima e de lá até a cidade, na marra?
Nem mesmo acabou de falar, a turma já estava lá em baixo, com ele, agarrando a cobra que ainda se mexia, resistindo à ação dos primeiros COBREIROS que Porto Velho iria conhecer naquela tarde cinzenta de domingo de carnaval. (Conta Cláudio Feitosa em Gente da Gente no capítulo O Bloco da Cobra pág. 127 a 143).
NR – Os desfiles do Bloco da Cobra será o assunto da próxima semana.
O Bloco da Dona Jóia
Adelaide Souza da Silva quem é, quem era?
Com esse nome acho que nem mesmo os amigos mais íntimos da família e até seus filhos não identificariam de imediato de quem se trata. Porém, se perguntarem por Dona Jóia com certeza 90% dos que moram em Porto Velho desde os idos de 1950, vão logo dizer, é a dona Jóia do bloco.
“Bloco da Dona Jóia” esse foi o bloco infanto-juvenil mais popular de Porto Velho na década de cinqüenta.
Dona Jóia recém chagada de Manaus foi morar na Avenida Carlos Gomes, justamente numa casa que ficava em parte do terreno onde hoje está a agencia do Banco Bradesco. Casada com seu Valério um entusiasta folião que depois criou juntamente com seu filho mais velho Ricardo e os amigos deste, Bainha, Cabeleira e Tário de Almeida Café a escola de samba “Prova de Fogo” hoje “Os Diplomatas do Samba”.
Bem! Dona Jóia que era professora, funcionária da Educação atuando na área de administração da Escola Normal Carmela Dutra como secretária da diretoria e por conseguinte pessoa bem conceituada na cidade, tinha um problema, não era sócia de nenhum clube social e em conseqüência, quando chegava o carnaval, era questionada pelos seus filhos Tetéia, Léo e Linda e mais tarde o Rogério por que os outros meninos e meninas do Grupo Escolar brincavam carnaval nos blocos dos clubes e eles não?
Foi então que resolveu criar um bloco infanto-juvenil, isso lá pelos idos de 1954. Reuniu com suas amigas e as convenceu a deixar seus filhos participarem do bloco.
O interessante era que o bloco não tinha um nome carnavalesco. Era simplesmente “Bloco da Dona Jóia”. Outro fato interessante era que o bloco não tinha cor padrão por um simples motivo. Em todos os desfiles dos quais participou, sempre apresentava como tema, o Filme que estava em cartaz nos cinemas de Porto Velho, principalmente os que eram exibidos nas matinês dos Cines Resk, Brasil e Cine Avenida (Lacerda).
Assim os meninos e meninas desfilaram fantasiados de “Pirata” porque estava passando o seriado do Capitão Kid. Zorro pelo seriado do Zorro e Scaramuche entre outros.
A banda (Jazz), que tocava para a gurizada pular carnaval era formada entre outros pelo Manga Rosa (trombone de vara), Ricardo filho da dona Jóia (caixinha), Bainha (surdo) e Cabeleira (afoxé) e mais o Louro no trompete.
Depois do primeiro ano era mais quem queria colocar seus filhos para brincar carnaval no “Bloco da Dona Jóia”.
O último carnaval do “Bloco da Dona Jóia” foi o de 1958 quando os foliões desfilaram fantasiados de Scaramuche.
Em novembro daquele ano (1958), seu marido Valério juntamente com seu filho Ricardo mais o Bainha, Cabeleira e Tário Almeida Café criaram a escola de samba “Prova de Fogo” que se apresentou com esse nome apenas no carnaval de 1959, pois em 1960 passou a ser conhecida como Universidade dos Diplomatas do Samba.
O Bloco da Cobra que na realidade era nada-mais nada-menos que a Confraria do Bar do Raul, local onde os “Cobreiros”, costumavam se reunir aos finais de semana, para colocar a “agenda” em dia. “Parecia incrível, mas ninguém ousaria negar a existência de uma misteriosa e irresistível atração exercida pelo modesto estabelecimento comercial da Rua José de Alencar sobre os “Cobreiros”, além, evidentemente, das peculiares rabugices do Raul e dos saborosos quibes e bolinhos de bacalhau feitos por Georget, sua esposa, consumidos evidentemente entre copos de cerveja e doses de uísque” (Claudio Feitosa em Gente da Gente pág. 127).
E o que o Bar do Raul tem a ver com a origem do Bloco da Cobra? Tem tudo a ver, se não vejamos. O nome pintado na fachada do estabelecimento era “Kibe Lanche Ministro” e Ministro era o apelido do cunhado do Raul Elias Jouayed dono do sítio Tokilândia que ficava na Estrada 13 de Setembro também conhecida como Estrada dos Japoneses, justamente onde hoje existem os Conjuntos Guaporé e Rio Candeias.
Foi no Tokilândia que em certo domingo de carnaval do inicio dos anos 1950, que Elias Jouayed em parceria com os amigos Durval Gadelha, Olavo, Câmara, Papagaio e Zé Fominha se refugiaram para curar a ressaca da noitada carnavalesca vivida no Bancrévea e Danúbio Azul. Como todo bom bebedor sabe a melhor maneira de se curar uma ressaca é bebendo mais uma.
Naquele tempo, a bebida preferida nessas ocasiões era a famosa Cachaça Cocal, é claro que em se tratando de “categas” do naipe de um Durval Gadelha não poderia faltar pelo menos uma garrafa de uísque dos bons. Depois de se instalarem, os amigos cuidaram em começar os trabalhos etílicos. Enquanto os companheiros cuidavam de acender o fogo para o churrasco Elias pegou uma lata para buscar água na Bica que ficava a alguns metros da casa, por um caminho entre muitas fruteiras. Quando estava descendo a escada cujos degraus eram de pau a pique, foi surpreendido com uma pancada tão forte, que se não fosse o corrimão da escada, teria caído no precipício. Elias ainda apavorado com o acontecido, agarrado ou pendurado no corrimão da escada, olhou em direção de onde havia partido a “porrada” e deu de cara com uma cobra Sucuri já se enrolando preparando o próximo bote. A sorte foi que o primeiro bote pegou na lata.
Claudio Feitosa no livro citado descreve o episódio da seguinte maneira:
“Já refeito do susto Elias olhou pra cobre e bradou – “Vou te matar, filha da puta”.
Correu até a casa pegou uma espingarda 12 e saiu no rumo da Bica. Os amigos estupefatos com a atitude e sem saber o que estava acontecendo indagaram:
- Que foi isso, Ministro? Perguntou Durval, correndo em sua direção, seguido pelos demais.
- Uma cobra quase me pegou meu colega – A filha da puta está lá no pé da escada.
Dizendo isso, saiu apressado na direção da Bica, seguido pelos demais ainda não refeitos da surpresa.
Chegando ao local, com a arma em posição de tiro, percebeu que a cobra já tinha desfeito a rodilha e se encaminhava lentamente em direção ao chavascal que começava ali perto... Alguns metros mais adiante, praticamente lado a lado com a serpente, ele desfechou o primeiro tiro atingindo-lhe a cabeça.
Quando a espoleta rachou, a reação da cobra foi a de voltar no rumo da Bica, onde o desnível mais acentuado do terreno facilitou a ação do vingador, que lhe deu mais dois tiros seguidos e perfeitos, esfacelando-lhe o crânio.
No instante em que viu a grande cobra enrolar-se em convulsões, Ministro bradou a todos os pulmões:
- Pega aí cobra danada – Eu sou é macho, sua filha da puta!
Durval, esquecendo aquela sua pacatez peculiar, deu um salto por sobre os degraus da escada e lá de baixo fez um desafio para o resto da turma:
- Agora, cambada, vamos arrastar esta minhoca até lá em cima e de lá até a cidade, na marra?
Nem mesmo acabou de falar, a turma já estava lá em baixo, com ele, agarrando a cobra que ainda se mexia, resistindo à ação dos primeiros COBREIROS que Porto Velho iria conhecer naquela tarde cinzenta de domingo de carnaval. (Conta Cláudio Feitosa em Gente da Gente no capítulo O Bloco da Cobra pág. 127 a 143).
NR – Os desfiles do Bloco da Cobra será o assunto da próxima semana.
O Bloco da Dona Jóia
Adelaide Souza da Silva quem é, quem era?
Com esse nome acho que nem mesmo os amigos mais íntimos da família e até seus filhos não identificariam de imediato de quem se trata. Porém, se perguntarem por Dona Jóia com certeza 90% dos que moram em Porto Velho desde os idos de 1950, vão logo dizer, é a dona Jóia do bloco.
“Bloco da Dona Jóia” esse foi o bloco infanto-juvenil mais popular de Porto Velho na década de cinqüenta.
Dona Jóia recém chagada de Manaus foi morar na Avenida Carlos Gomes, justamente numa casa que ficava em parte do terreno onde hoje está a agencia do Banco Bradesco. Casada com seu Valério um entusiasta folião que depois criou juntamente com seu filho mais velho Ricardo e os amigos deste, Bainha, Cabeleira e Tário de Almeida Café a escola de samba “Prova de Fogo” hoje “Os Diplomatas do Samba”.
Bem! Dona Jóia que era professora, funcionária da Educação atuando na área de administração da Escola Normal Carmela Dutra como secretária da diretoria e por conseguinte pessoa bem conceituada na cidade, tinha um problema, não era sócia de nenhum clube social e em conseqüência, quando chegava o carnaval, era questionada pelos seus filhos Tetéia, Léo e Linda e mais tarde o Rogério por que os outros meninos e meninas do Grupo Escolar brincavam carnaval nos blocos dos clubes e eles não?
Foi então que resolveu criar um bloco infanto-juvenil, isso lá pelos idos de 1954. Reuniu com suas amigas e as convenceu a deixar seus filhos participarem do bloco.
O interessante era que o bloco não tinha um nome carnavalesco. Era simplesmente “Bloco da Dona Jóia”. Outro fato interessante era que o bloco não tinha cor padrão por um simples motivo. Em todos os desfiles dos quais participou, sempre apresentava como tema, o Filme que estava em cartaz nos cinemas de Porto Velho, principalmente os que eram exibidos nas matinês dos Cines Resk, Brasil e Cine Avenida (Lacerda).
Assim os meninos e meninas desfilaram fantasiados de “Pirata” porque estava passando o seriado do Capitão Kid. Zorro pelo seriado do Zorro e Scaramuche entre outros.
A banda (Jazz), que tocava para a gurizada pular carnaval era formada entre outros pelo Manga Rosa (trombone de vara), Ricardo filho da dona Jóia (caixinha), Bainha (surdo) e Cabeleira (afoxé) e mais o Louro no trompete.
Depois do primeiro ano era mais quem queria colocar seus filhos para brincar carnaval no “Bloco da Dona Jóia”.
O último carnaval do “Bloco da Dona Jóia” foi o de 1958 quando os foliões desfilaram fantasiados de Scaramuche.
Em novembro daquele ano (1958), seu marido Valério juntamente com seu filho Ricardo mais o Bainha, Cabeleira e Tário Almeida Café criaram a escola de samba “Prova de Fogo” que se apresentou com esse nome apenas no carnaval de 1959, pois em 1960 passou a ser conhecida como Universidade dos Diplomatas do Samba.
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Presente de Natal
CD do Grupo Especial chega hoje nas lojas. Site vai sortear dois discos
Alberto João | Carnavalesco | 22/11/2010
Foto: capa do CD do Grupo Especial/DivulgaçãoBoa notícia para os sambistas. O CD do Grupo Especial para o Carnaval 2011 chega nas lojas de todo o país nesta terça-feira. Para presentear seus leitores, o SRZD-Carnavalesco, em parceria com a gravadora Universal Music, sai na frente e vai sortear dois discos. Para participar basta deixar nome completo e responder a seguinte pergunta: Qual escola é favorita para vencer o desfile de 2011 e o motivo? Use o espaço para comentários dentro desta nota para concorrer. As duas melhores respostas vão ser contempladas. O resultado sai no dia 1 de dezembro.
Repetindo a fórmula de sucesso do ano passado, o álbum foi gravado ao vivo, na Cidade do Samba, com cada uma das baterias das 12 Escolas, imprimindo sua cadência e estilo próprios, acompanhadas de um coro formado por 300 componentes das comunidades. Depois de quatro dias, a equipe se mudou para o estúdio para gravar a voz dos intérpretes, mixar e masterizar o álbum.
O resultado é fiel ao samba como será cantado na Sapucaí, e traz o clima de emoção e vibração da Avenida para o disco. A surpresa ficou por conta do intervalo entre as faixas: cada intérprete anunciará a próxima Escola usando seu bordão característico: Neguinho da Beija Flor, por exemplo, apresenta a Unidos de Vila Isabel chamando "Alô, Tinga, solta o bicho", Tinga, por sua vez, anuncia o Salgueiro com "Arrepia, Quinho"!
Comentários (325)
Alberto João | Carnavalesco | 22/11/2010
Foto: capa do CD do Grupo Especial/DivulgaçãoBoa notícia para os sambistas. O CD do Grupo Especial para o Carnaval 2011 chega nas lojas de todo o país nesta terça-feira. Para presentear seus leitores, o SRZD-Carnavalesco, em parceria com a gravadora Universal Music, sai na frente e vai sortear dois discos. Para participar basta deixar nome completo e responder a seguinte pergunta: Qual escola é favorita para vencer o desfile de 2011 e o motivo? Use o espaço para comentários dentro desta nota para concorrer. As duas melhores respostas vão ser contempladas. O resultado sai no dia 1 de dezembro.
Repetindo a fórmula de sucesso do ano passado, o álbum foi gravado ao vivo, na Cidade do Samba, com cada uma das baterias das 12 Escolas, imprimindo sua cadência e estilo próprios, acompanhadas de um coro formado por 300 componentes das comunidades. Depois de quatro dias, a equipe se mudou para o estúdio para gravar a voz dos intérpretes, mixar e masterizar o álbum.
O resultado é fiel ao samba como será cantado na Sapucaí, e traz o clima de emoção e vibração da Avenida para o disco. A surpresa ficou por conta do intervalo entre as faixas: cada intérprete anunciará a próxima Escola usando seu bordão característico: Neguinho da Beija Flor, por exemplo, apresenta a Unidos de Vila Isabel chamando "Alô, Tinga, solta o bicho", Tinga, por sua vez, anuncia o Salgueiro com "Arrepia, Quinho"!
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Concursos de Samba de Enredo
Marquinhos de Oswaldo Cruz: 'Foi o meu último ano como compositor na Portela'
Isaac Ismar | Carnavalesco | 24/11/2010
"Deste jeito, se não mudar a fórmula, este foi o meu último ano como compositor de samba-enredo na Portela". Foi assim que Marquinhos de Oswaldo Cruz, um dos sambistas da chamada nova geração portelense, desabafou sobre o modo de escolha dos hinos não apenas na Portela como em boa parte das agremiações.
De acordo com ele, a maneira como as escolas organizam os concursos de samba-enredo privilegia, quase sempre, os compositores que têm mais dinheiro para investir nas torcidas organizadas das parcerias.
- Esse modo é muito caro. Enquanto não mudar isso, será o meu último ano como compositor de samba-enredo. Às vezes, ganha quem tem mais dinheiro. E o cara (o campeão) não é mais visto na escola depois que acaba aquele carnaval. É um processo que não é de mérito e sim de quem tem mais torcida - lamentou.
Na opinião dele, a ideia da Beija-Flor, que nos últimos anos convidou a comunidade a votar em uma das parcerias finalistas, colabora para democratizar a disputa.
- A Beija-Flor está mudando o processo. Na Portela e em outras escolas a maioria das torcidas vem de fora. Na torcida do meu samba deste ano havia pessoas de fora da Portela, mas conheço muita gente, a maioria, que é portelense e colaborou para a minha parceria - afirmou.
Uma das soluções para tal problema, segundo o sambista, seria formar um júri com portelenses renomados, como Monarco, Paulão Sete Cordas, Rildo Hora, entre outros, para analisar as obras.
- O Gilsinho (intérprete da Portela) cantaria todos os finalistas para equilibrar a final. Se houver algumas mudanças, como as que eu citei, muitos compositores antigos voltariam para a escola. Não é utopia. Pode acontecer. Antes, no fim de ano as pessoas ouviam o disco do Roberto Carlos e de samba-enredo. Atualmente não é mais assim - criticou.
Após a escolha do samba-enredo, durante os meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, o departamento de harmonia, segundo o próprio Marquinhos, tem trabalho dobrado para incentivar a comunidade a cantar o novo samba.
- A comunidade da Portela é tão forte que mesmo o pior samba se torna o melhor - concluiu.
Vale frisar que esta entrevista com Marquinhos foi feita antes da final de samba-enredo da Portela, durante a apuração do conteúdo exibido nas transmissões em tempo real. Tanto a reportagem do SRZD-Carnavalesco como o compositor decidiram que o conteúdo desta matéria só seria divulgado após a final, já que Marquinhos era um dos finalistas.
Isaac Ismar | Carnavalesco | 24/11/2010
"Deste jeito, se não mudar a fórmula, este foi o meu último ano como compositor de samba-enredo na Portela". Foi assim que Marquinhos de Oswaldo Cruz, um dos sambistas da chamada nova geração portelense, desabafou sobre o modo de escolha dos hinos não apenas na Portela como em boa parte das agremiações.
De acordo com ele, a maneira como as escolas organizam os concursos de samba-enredo privilegia, quase sempre, os compositores que têm mais dinheiro para investir nas torcidas organizadas das parcerias.
- Esse modo é muito caro. Enquanto não mudar isso, será o meu último ano como compositor de samba-enredo. Às vezes, ganha quem tem mais dinheiro. E o cara (o campeão) não é mais visto na escola depois que acaba aquele carnaval. É um processo que não é de mérito e sim de quem tem mais torcida - lamentou.
Na opinião dele, a ideia da Beija-Flor, que nos últimos anos convidou a comunidade a votar em uma das parcerias finalistas, colabora para democratizar a disputa.
- A Beija-Flor está mudando o processo. Na Portela e em outras escolas a maioria das torcidas vem de fora. Na torcida do meu samba deste ano havia pessoas de fora da Portela, mas conheço muita gente, a maioria, que é portelense e colaborou para a minha parceria - afirmou.
Uma das soluções para tal problema, segundo o sambista, seria formar um júri com portelenses renomados, como Monarco, Paulão Sete Cordas, Rildo Hora, entre outros, para analisar as obras.
- O Gilsinho (intérprete da Portela) cantaria todos os finalistas para equilibrar a final. Se houver algumas mudanças, como as que eu citei, muitos compositores antigos voltariam para a escola. Não é utopia. Pode acontecer. Antes, no fim de ano as pessoas ouviam o disco do Roberto Carlos e de samba-enredo. Atualmente não é mais assim - criticou.
Após a escolha do samba-enredo, durante os meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, o departamento de harmonia, segundo o próprio Marquinhos, tem trabalho dobrado para incentivar a comunidade a cantar o novo samba.
- A comunidade da Portela é tão forte que mesmo o pior samba se torna o melhor - concluiu.
Vale frisar que esta entrevista com Marquinhos foi feita antes da final de samba-enredo da Portela, durante a apuração do conteúdo exibido nas transmissões em tempo real. Tanto a reportagem do SRZD-Carnavalesco como o compositor decidiram que o conteúdo desta matéria só seria divulgado após a final, já que Marquinhos era um dos finalistas.
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
LEITURA
Secel entrega bibliotecas
A Secretaria de Estado dos Esportes, da Cultura e do Lazer – Secel, em parceria com o Ministério da Cultura, através da Biblioteca Nacional, e com os Municípios: Urupá, Cerejeiras, Costa Marques, São Felipe e Itapuã do Oeste desde o dia 18 passado estão concretizando o desejo de muitos estudantes, professores, pesquisadores e da comunidade em geral, que é de poderem contar com a sua Biblioteca Pública Municipal bem equipada, com um acervo maravilhoso, formado com muitos livros - o que se tem de melhor na literatura brasileira, mesas, cadeiras, estantes, computadores, impressoras, no breack, circuladores de ar, televisão de 29 polegadas, aparelho de DVD, tudo novinho, conseguido através do trabalho conjunto da Secel e dos Municípios, com o apoio do Programa Livro Aberto – Biblioteca Nacional / MINC.
As Bibliotecas estarão sendo entregues às suas comunidades, conforme a seguir:
Dia 18/11/2010, às 19 horas foi inaugurada a Biblioteca Pública do Município de Urupá.
Dia 19/11/2010, às 19 horas, a Biblioteca Pública do Município de Cerejeiras.
Dia 20/11/2010, às 19 horas, a Biblioteca Pública do Município de Costa Marques.
Dia 25/11/2010, às 19 horas a Biblioteca Pública do Município de São Felipe e
Dia 26/11/2010, às 19 horas a Biblioteca Pública do Município de Itapuã do Oeste.
Por todo o Brasil, um contingente formidável de educadores, bibliotecários, escritores, editores, livreiros, organizações não-governamentais, meios de comunicação, empresas privadas e todos aqueles que vêem a leitura como uma questão estratégica para a nação, inclusive para promover inclusão e cidadania, estão deflagrando um grande movimento nacional, como jamais se viu no Brasil, e Rondônia não ficou ausente. Pois entendemos que a leitura, além de fonte inesgotável de prazer e conhecimento, tem papel preponderante na estratégia da construção de uma nação desenvolvida, justa e solidária.
A Secretaria de Estado dos Esportes, da Cultura e do Lazer – Secel, em parceria com o Ministério da Cultura, através da Biblioteca Nacional, e com os Municípios: Urupá, Cerejeiras, Costa Marques, São Felipe e Itapuã do Oeste desde o dia 18 passado estão concretizando o desejo de muitos estudantes, professores, pesquisadores e da comunidade em geral, que é de poderem contar com a sua Biblioteca Pública Municipal bem equipada, com um acervo maravilhoso, formado com muitos livros - o que se tem de melhor na literatura brasileira, mesas, cadeiras, estantes, computadores, impressoras, no breack, circuladores de ar, televisão de 29 polegadas, aparelho de DVD, tudo novinho, conseguido através do trabalho conjunto da Secel e dos Municípios, com o apoio do Programa Livro Aberto – Biblioteca Nacional / MINC.
As Bibliotecas estarão sendo entregues às suas comunidades, conforme a seguir:
Dia 18/11/2010, às 19 horas foi inaugurada a Biblioteca Pública do Município de Urupá.
Dia 19/11/2010, às 19 horas, a Biblioteca Pública do Município de Cerejeiras.
Dia 20/11/2010, às 19 horas, a Biblioteca Pública do Município de Costa Marques.
Dia 25/11/2010, às 19 horas a Biblioteca Pública do Município de São Felipe e
Dia 26/11/2010, às 19 horas a Biblioteca Pública do Município de Itapuã do Oeste.
Por todo o Brasil, um contingente formidável de educadores, bibliotecários, escritores, editores, livreiros, organizações não-governamentais, meios de comunicação, empresas privadas e todos aqueles que vêem a leitura como uma questão estratégica para a nação, inclusive para promover inclusão e cidadania, estão deflagrando um grande movimento nacional, como jamais se viu no Brasil, e Rondônia não ficou ausente. Pois entendemos que a leitura, além de fonte inesgotável de prazer e conhecimento, tem papel preponderante na estratégia da construção de uma nação desenvolvida, justa e solidária.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Abrindo o Mercado Cultural
DIRETO DO MERCADO E CULTURA
Por Leonardo Brant
Regulação da mídia é o tema da vez. Aparece-nos às vezes sob ameaça de censura, necessidade de controle social, urgência em democratizar os meios de comunicação. O problema é antigo no Brasil. E sua solução depende de destrincharmos uma série de questões mal resolvidas em nossa recente democracia. Acima de tudo, é preciso compreender o processo de transformação e convergência que os sistemas de comunicação, público e privado, sofrem no país e no mundo. O que o transforma cada vez mais em uma questão cultural: de cidadania, diversidade e democracia.
Sem a pretensão de esgotar o assunto, tentarei elencar aqui algumas dessas dimensões, que compõem um emaranhado de difícil compreensão e resolução:
Política e religião – Todos sabemos como se construiu o poder da Rede Globo no país, financiada pela ditadura (e depois pelos governos democráticos) e amparada por uma rede de oligarcas, sobretudo no nordeste de Sarney, Collor e companhia limitada, unindo poder político com presença midiática. Não podemos deixar de acrescentar nesse caldeirão o poder acumulado do Bispo Macedo e sua Igreja Universal com a TV Record. O desvínculo da radiofusão do poder político e religioso são questões urgentes em nossa sociedade.
Patrocínio estatal – O Estado é o principal patrocinador da radiofusão, com anúncios, projetos especiais e empréstimos subsidiados. É preciso haver critério e transparência em relação ao investimento estatal, para impedir a barganha entre governos e os veículos de comunicação, e a consequente manipulação da opinião pública. Essas duas primeiras questões implicam, de saída, o governo e o Congresso, o que torna o desafio mais difícil. A única saída para isso seria uma grande mobilização popular, como no caso do ficha-limpa.
Concentração – O cruzamento das mídias permite que grupos detentores de grandes conglomerados de comunicação ampliem de forma desproporcional sua presença midiática, com TV, rádio, revista, jornal, internet. É preciso garantir igualdade de condições para quem faz comunicação social no país. O sistema de produção brasileiro permite que uma rede de televisão produza e distribua todo o seu conteúdo, dominando a cadeia produtiva por completo. Precisamos ampliar a presença da produção independente, sobretudo regional, na programação dos veículos de massa.
Diversidade – O combate à cultura homogênea global, difundida pelos seis grandes conglomerados de mídia (as chamadas majors), que congregam estúdios de Hollywood, cadeias de TV internecionais, jornais, rádios, revistas, indústria fonogrática e de entretenimento, infraestrutura de cabo, satélite e portais de Internet, é uma das questões mais importantes das sociedades contemporâneas. Fortalecendo as indústrias culturais locais, como a Rede Globo e a Record, fortalecemos a cultura nacional. Mas temos de levar em conta que isso resultaria em distúrbios internos relacionados à diversidade regional, como já vimos. Por outro lado, a defesa do nacional frente ao global é uma questão delicada e pode ameaçar a própria diversidade.
Convergência – Os conteúdos culturais ocupam as mais diferentes telas, redes e suportes, de TVs a aparelhos móveis individuais, como tablets e smartphones. As empresas de telefonia já são consideradas grandes agentes difusores de conteúdo, embora sua participação nesse mercado não esteja regulmentada. O desafio aqui é reunir mercados totalmente diferentes em torno de uma regulação única, já que estamos falando de setores tão diferentes quanto TV aberta (analógica e digital), por assinatura, telefonia e Internet, que pode ser alcançada por cabo, eletricidade e por ondas eletromagnéticas – cada infraestrutura com sua regulação própria, que não prevê a difusão de conteúdos.
Propriedade Intelectual – A cultura da convergência é caracterizada pelo livre compartilhamento de conteúdos digitais, um descumprimento tácito e consentido (até mesmo pela falta de meios) da atual legislação de direito autoral, que precisa encontrar um equilíbrio entre a cultura livre e a subsistência de artistas e provedores de conteúdo. Para termos uma ideia da complexidade deste assunto, chegamos em um estágio em que o próprio conceito de autor precisa ser rediscutido e talvez revisto, diante das milhares de possibilidades de cocriação geradas pela enorme transformação do mundo digital.
Neutralidade - Por mais que o ambiente da Internet seja regulamentado aqui ou acolá (países como França e Espanha recrudeceram suas legislações cibernéticas), torna-se impossível controlar e regular os conteúdos provenientes dos mais diversos pontos de emissão e recepção digitais. Além de possibilitar maior diversidade de temas e conteúdos, devemos contar com a forte presença dos conglomerados de mídia, previamente estabelecidos no imaginário público, devido ao cruzamento e concentração, como já vimos. O poderio político, através de lobbies e rede de influências, presentes na política internacional e no ambiente político interno, não pode ser ignorado (vide matéria de Carlos Minuano sobre o avanço da Lei Azeredo no Congresso).
Cidadania – Há uma sobreposição entre a democracia representativa, que elege representantes para o Congresso e para o Executivo, e a democracia direta, que rege a participação de cidadãos comuns em Conferências de comunicação e cultura, e também em consultas públicas. A pauta da democratização dos meios foi construída nesses ambientes, com forte presença estatal, não somente na pauta e direcionamento dos temas, mas também na metodologia e no processo de conclusão e definição dos relatórios finais, o que coloca em xeque a legitimidade desse que pode ser o grande instrumento de participação democrática e cidadã no país. A regulamentação da mídia também passa por um maior distanciamento do governo federal nesse processo.
Por Leonardo Brant
Regulação da mídia é o tema da vez. Aparece-nos às vezes sob ameaça de censura, necessidade de controle social, urgência em democratizar os meios de comunicação. O problema é antigo no Brasil. E sua solução depende de destrincharmos uma série de questões mal resolvidas em nossa recente democracia. Acima de tudo, é preciso compreender o processo de transformação e convergência que os sistemas de comunicação, público e privado, sofrem no país e no mundo. O que o transforma cada vez mais em uma questão cultural: de cidadania, diversidade e democracia.
Sem a pretensão de esgotar o assunto, tentarei elencar aqui algumas dessas dimensões, que compõem um emaranhado de difícil compreensão e resolução:
Política e religião – Todos sabemos como se construiu o poder da Rede Globo no país, financiada pela ditadura (e depois pelos governos democráticos) e amparada por uma rede de oligarcas, sobretudo no nordeste de Sarney, Collor e companhia limitada, unindo poder político com presença midiática. Não podemos deixar de acrescentar nesse caldeirão o poder acumulado do Bispo Macedo e sua Igreja Universal com a TV Record. O desvínculo da radiofusão do poder político e religioso são questões urgentes em nossa sociedade.
Patrocínio estatal – O Estado é o principal patrocinador da radiofusão, com anúncios, projetos especiais e empréstimos subsidiados. É preciso haver critério e transparência em relação ao investimento estatal, para impedir a barganha entre governos e os veículos de comunicação, e a consequente manipulação da opinião pública. Essas duas primeiras questões implicam, de saída, o governo e o Congresso, o que torna o desafio mais difícil. A única saída para isso seria uma grande mobilização popular, como no caso do ficha-limpa.
Concentração – O cruzamento das mídias permite que grupos detentores de grandes conglomerados de comunicação ampliem de forma desproporcional sua presença midiática, com TV, rádio, revista, jornal, internet. É preciso garantir igualdade de condições para quem faz comunicação social no país. O sistema de produção brasileiro permite que uma rede de televisão produza e distribua todo o seu conteúdo, dominando a cadeia produtiva por completo. Precisamos ampliar a presença da produção independente, sobretudo regional, na programação dos veículos de massa.
Diversidade – O combate à cultura homogênea global, difundida pelos seis grandes conglomerados de mídia (as chamadas majors), que congregam estúdios de Hollywood, cadeias de TV internecionais, jornais, rádios, revistas, indústria fonogrática e de entretenimento, infraestrutura de cabo, satélite e portais de Internet, é uma das questões mais importantes das sociedades contemporâneas. Fortalecendo as indústrias culturais locais, como a Rede Globo e a Record, fortalecemos a cultura nacional. Mas temos de levar em conta que isso resultaria em distúrbios internos relacionados à diversidade regional, como já vimos. Por outro lado, a defesa do nacional frente ao global é uma questão delicada e pode ameaçar a própria diversidade.
Convergência – Os conteúdos culturais ocupam as mais diferentes telas, redes e suportes, de TVs a aparelhos móveis individuais, como tablets e smartphones. As empresas de telefonia já são consideradas grandes agentes difusores de conteúdo, embora sua participação nesse mercado não esteja regulmentada. O desafio aqui é reunir mercados totalmente diferentes em torno de uma regulação única, já que estamos falando de setores tão diferentes quanto TV aberta (analógica e digital), por assinatura, telefonia e Internet, que pode ser alcançada por cabo, eletricidade e por ondas eletromagnéticas – cada infraestrutura com sua regulação própria, que não prevê a difusão de conteúdos.
Propriedade Intelectual – A cultura da convergência é caracterizada pelo livre compartilhamento de conteúdos digitais, um descumprimento tácito e consentido (até mesmo pela falta de meios) da atual legislação de direito autoral, que precisa encontrar um equilíbrio entre a cultura livre e a subsistência de artistas e provedores de conteúdo. Para termos uma ideia da complexidade deste assunto, chegamos em um estágio em que o próprio conceito de autor precisa ser rediscutido e talvez revisto, diante das milhares de possibilidades de cocriação geradas pela enorme transformação do mundo digital.
Neutralidade - Por mais que o ambiente da Internet seja regulamentado aqui ou acolá (países como França e Espanha recrudeceram suas legislações cibernéticas), torna-se impossível controlar e regular os conteúdos provenientes dos mais diversos pontos de emissão e recepção digitais. Além de possibilitar maior diversidade de temas e conteúdos, devemos contar com a forte presença dos conglomerados de mídia, previamente estabelecidos no imaginário público, devido ao cruzamento e concentração, como já vimos. O poderio político, através de lobbies e rede de influências, presentes na política internacional e no ambiente político interno, não pode ser ignorado (vide matéria de Carlos Minuano sobre o avanço da Lei Azeredo no Congresso).
Cidadania – Há uma sobreposição entre a democracia representativa, que elege representantes para o Congresso e para o Executivo, e a democracia direta, que rege a participação de cidadãos comuns em Conferências de comunicação e cultura, e também em consultas públicas. A pauta da democratização dos meios foi construída nesses ambientes, com forte presença estatal, não somente na pauta e direcionamento dos temas, mas também na metodologia e no processo de conclusão e definição dos relatórios finais, o que coloca em xeque a legitimidade desse que pode ser o grande instrumento de participação democrática e cidadã no país. A regulamentação da mídia também passa por um maior distanciamento do governo federal nesse processo.
O Show!
Por: Beto Ramos
Carlinhos Maracanã e A Fina Flor do Samba
Então, fechei os olhos e vi em minha viagem de muitas cores um imenso Quilombo onde a liberdade nascia do sorriso negro da nossa felicidade.
Ali estávamos abençoados pelas mãos da escrava Anastácia.
Minha viagem foi longa.
Vi o brilho nos olhos de Zumbi ao lado Martin Luther King.
Tia Ciata que foi Lyakekerê, também sorria como se estivesse no terreiro de João Alabá.
Vi o Babá em pé atrás do Oscar “só sucesso”.
O neguinho Orlando parecia estar no Estácio.
Gostaria de não mais abrir os olhos.
A felicidade é um vento forte que balança as árvores do Mocambo, Triângulo e onde existir um grito de liberdade de todas as almas.
Passando como um raio, vi nesta minha viagem cheia de cores, Jessé Owens e Ademar Ferreira da Silva.
O reverendo Antônio Olimpio Sant’Ana também veio abençoar o nosso lindo Quilombo no meio do nosso centro histórico.
Em pé na porta dos nossos sonhos estava o Bubu ao lado do Dada.
E vi os capoeiras lado a lado com muitos sambistas.
Olha o Cartola junto com Jamelão.
Então, vi uma mulher branca com alma de negra sorrindo.
O Lorde também passou na esquina dos nossos sonhos culturais.
Bem perto de mim ouvi aquela voz inconfundível.
Carlinhos Maracanã.
Incorporando todos os negros da história, o Maracanã simplesmente cantou.
Um sorriso negro para dona Cristina.
Cristina Esposa Carlinhos Maracanã
Até Machado de Assis esteve sentado na Praça Getúlio Vargas.
Nos acordes que encantaram os Deuses negros que ficam em nossas almas,
Pixinguinha sorriu para o Maracanã.
Mas, o show era seu meu amigo.
Como uma Fênix, você ressurgiu com João Nogueira, Paulinho da Viola e o sorriso de dona Cristina.
O nosso lindo Quilombo é bem mais feliz quando todos sorriem.
Deixe o seu canto ecoar pelo ar.
O homem pode sonhar quando sua alma é de menino.
E o sonho de menino é crescer e ganhar o mundo.
Todos os negros, de todos os tempos, de todas as horas, estão no seu sorriso.
Cante e encante.
Perdoe-me se algumas vezes tentei te preservar dentro da nossa história.
Mas, como dizia minha avó, somos aves de arribada.
O nosso ninho é o mundo.
E o nosso mundo é um copo de cerveja, um bom papo, com os amigos, pela madrugada da nossa alegria.
Jamais poderíamos ser a maioria silenciosa.
Gostaria tanto de ter uma Chica da Silva entre nós.
A rainha do imaginário popular seria com certeza um tipo de mecenas na proteção dos artistas de todas as cores.
Em minha viagem cheia de cores precisei abrir os olhos.
Para o deleite de minhas retinas, vi o doce beijo do Carlinhos Maracanã em sua amiga e companheira Cristina.
O samba é amor.
Então, nos encontraremos no Café Com Arte, batendo um papo cabeça de negro, cheio de reza forte para espantar as mandingas de quem não gosta de samba e bom sujeito com certeza não é.
Com a mão no queixo, Martinho da Vila dizia esse é o cara.
E Cruz e Souza concordava com o Martinho.
A maior embriaguez da vida de um homem é a sua felicidade e a dos amigos que tanto querem o seu bem.
Isso é o despertar da liberdade de todos nós.
Diz a lenda!
Carlinhos Maracanã e A Fina Flor do Samba
Então, fechei os olhos e vi em minha viagem de muitas cores um imenso Quilombo onde a liberdade nascia do sorriso negro da nossa felicidade.
Ali estávamos abençoados pelas mãos da escrava Anastácia.
Minha viagem foi longa.
Vi o brilho nos olhos de Zumbi ao lado Martin Luther King.
Tia Ciata que foi Lyakekerê, também sorria como se estivesse no terreiro de João Alabá.
Vi o Babá em pé atrás do Oscar “só sucesso”.
O neguinho Orlando parecia estar no Estácio.
Gostaria de não mais abrir os olhos.
A felicidade é um vento forte que balança as árvores do Mocambo, Triângulo e onde existir um grito de liberdade de todas as almas.
Passando como um raio, vi nesta minha viagem cheia de cores, Jessé Owens e Ademar Ferreira da Silva.
O reverendo Antônio Olimpio Sant’Ana também veio abençoar o nosso lindo Quilombo no meio do nosso centro histórico.
Em pé na porta dos nossos sonhos estava o Bubu ao lado do Dada.
E vi os capoeiras lado a lado com muitos sambistas.
Olha o Cartola junto com Jamelão.
Então, vi uma mulher branca com alma de negra sorrindo.
O Lorde também passou na esquina dos nossos sonhos culturais.
Bem perto de mim ouvi aquela voz inconfundível.
Carlinhos Maracanã.
Incorporando todos os negros da história, o Maracanã simplesmente cantou.
Um sorriso negro para dona Cristina.
Cristina Esposa Carlinhos Maracanã
Até Machado de Assis esteve sentado na Praça Getúlio Vargas.
Nos acordes que encantaram os Deuses negros que ficam em nossas almas,
Pixinguinha sorriu para o Maracanã.
Mas, o show era seu meu amigo.
Como uma Fênix, você ressurgiu com João Nogueira, Paulinho da Viola e o sorriso de dona Cristina.
O nosso lindo Quilombo é bem mais feliz quando todos sorriem.
Deixe o seu canto ecoar pelo ar.
O homem pode sonhar quando sua alma é de menino.
E o sonho de menino é crescer e ganhar o mundo.
Todos os negros, de todos os tempos, de todas as horas, estão no seu sorriso.
Cante e encante.
Perdoe-me se algumas vezes tentei te preservar dentro da nossa história.
Mas, como dizia minha avó, somos aves de arribada.
O nosso ninho é o mundo.
E o nosso mundo é um copo de cerveja, um bom papo, com os amigos, pela madrugada da nossa alegria.
Jamais poderíamos ser a maioria silenciosa.
Gostaria tanto de ter uma Chica da Silva entre nós.
A rainha do imaginário popular seria com certeza um tipo de mecenas na proteção dos artistas de todas as cores.
Em minha viagem cheia de cores precisei abrir os olhos.
Para o deleite de minhas retinas, vi o doce beijo do Carlinhos Maracanã em sua amiga e companheira Cristina.
O samba é amor.
Então, nos encontraremos no Café Com Arte, batendo um papo cabeça de negro, cheio de reza forte para espantar as mandingas de quem não gosta de samba e bom sujeito com certeza não é.
Com a mão no queixo, Martinho da Vila dizia esse é o cara.
E Cruz e Souza concordava com o Martinho.
A maior embriaguez da vida de um homem é a sua felicidade e a dos amigos que tanto querem o seu bem.
Isso é o despertar da liberdade de todos nós.
Diz a lenda!
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Novembro Mês da Consciência Negra
SHOW
O canto do Carlinhos Maracanã
Por Silvio M. Santos
O show musical “Quando eu Canto”, apresentado pelo compositor e agitador cultural João Carlos Alves popularmente conhecido como Carlinhos Maracanã na noite da última sexta feira 19, durante a realização de mais um módulo do projeto A Fina Flor do Samba no Mercado Cultural, foi dos melhores já apresentados dentro do Projeto coordenado pelo compositor Ernesto Melo.
Concentrado como se fora um jogador de futebol em dia de decisão, Carlinhos Maracanã desde a boca da noite, sentado em uma das mesas do Café com Arte da dona Almira lia, relia e cantarolava o repertório ensaiado com os músicos da Fina Flor na quarta feira. O nervosismo era evidente, apesar da experiência de mais de 30 anos como músico. “O frio na barriga sempre aparece nessas horas”. Dona Cristina esposa e musa do cantor não saia do seu lado, ora ajeitando o colar do guia espiritual, ora tirando algum cisco da roupa toda branca ou ajeitando a boina na cabeça de Carlinhos.
Oscar Knight mestre cerimônia do Projeto, de vez em quando anunciava o show “Quando eu Canto” com Carlinhos Maracanã de modo que a platéia já estava ansiosa, pois “deu” dez horas da noite e nada do show começar. Ernesto anunciou a participação do Bainha, seguido de Silvio Santos, e dos irmãos Coimbra de Pururucu. Entoou o hino de Rondônia após cantar Porto Velho Meu Dengo e aproveitou a oportunidade para convidar Carlinhos Maracanã, isso já era quase meia noite.
Lá de dentro do mercado Carlinhos soltou o vozeirão: “Quando eu canto é para aliviar meu pranto...” acompanhado apenas pelo tamborim do Oscar. O pessoal da harmonia ficou preocupado. “Ele começou num tom muito alto, não foi isso que ensaiamos”. Mas, como só o músico sabe desses detalhes, quando Carlinhos fez sinal para a “orquestra” entrar, deu tudo certinho como o combinado.
O show fluiu numa viagem que Carlinhos denominou de três estações. A primeira passava pela estação Palmares, uma homenagem a Zumbi pelo dia da Consciência Negra; parou na estação Paixão e homenageou as mulheres, em especial, dona Cristina. Uma pausa para molhar a garganta (por incrível que possa parecer, com água mineral), e chegou à estação Saudade. Saudade de deixar saudades do maravilhoso espetáculo musical que o Carlinhos Maracanã nos proporcionou.
Que o canto do Carlinhos Maracanã continue ecoando pelas ruas do centro histórico da nossa Porto Velho. Valeu Zumbi!
O canto do Carlinhos Maracanã
Por Silvio M. Santos
O show musical “Quando eu Canto”, apresentado pelo compositor e agitador cultural João Carlos Alves popularmente conhecido como Carlinhos Maracanã na noite da última sexta feira 19, durante a realização de mais um módulo do projeto A Fina Flor do Samba no Mercado Cultural, foi dos melhores já apresentados dentro do Projeto coordenado pelo compositor Ernesto Melo.
Concentrado como se fora um jogador de futebol em dia de decisão, Carlinhos Maracanã desde a boca da noite, sentado em uma das mesas do Café com Arte da dona Almira lia, relia e cantarolava o repertório ensaiado com os músicos da Fina Flor na quarta feira. O nervosismo era evidente, apesar da experiência de mais de 30 anos como músico. “O frio na barriga sempre aparece nessas horas”. Dona Cristina esposa e musa do cantor não saia do seu lado, ora ajeitando o colar do guia espiritual, ora tirando algum cisco da roupa toda branca ou ajeitando a boina na cabeça de Carlinhos.
Oscar Knight mestre cerimônia do Projeto, de vez em quando anunciava o show “Quando eu Canto” com Carlinhos Maracanã de modo que a platéia já estava ansiosa, pois “deu” dez horas da noite e nada do show começar. Ernesto anunciou a participação do Bainha, seguido de Silvio Santos, e dos irmãos Coimbra de Pururucu. Entoou o hino de Rondônia após cantar Porto Velho Meu Dengo e aproveitou a oportunidade para convidar Carlinhos Maracanã, isso já era quase meia noite.
Lá de dentro do mercado Carlinhos soltou o vozeirão: “Quando eu canto é para aliviar meu pranto...” acompanhado apenas pelo tamborim do Oscar. O pessoal da harmonia ficou preocupado. “Ele começou num tom muito alto, não foi isso que ensaiamos”. Mas, como só o músico sabe desses detalhes, quando Carlinhos fez sinal para a “orquestra” entrar, deu tudo certinho como o combinado.
O show fluiu numa viagem que Carlinhos denominou de três estações. A primeira passava pela estação Palmares, uma homenagem a Zumbi pelo dia da Consciência Negra; parou na estação Paixão e homenageou as mulheres, em especial, dona Cristina. Uma pausa para molhar a garganta (por incrível que possa parecer, com água mineral), e chegou à estação Saudade. Saudade de deixar saudades do maravilhoso espetáculo musical que o Carlinhos Maracanã nos proporcionou.
Que o canto do Carlinhos Maracanã continue ecoando pelas ruas do centro histórico da nossa Porto Velho. Valeu Zumbi!
FALANDO DE CULTURA !!!
POLÍTICA CULTURAL
Em 180 dias após a sanção do Plano Nacional de Cultura (PNC) pelo presidente da República, o Ministério da Cultura deverá estabelecer metas para implementação de seus objetivos. Nesse mesmo prazo, o MinC deverá criar o Conselho e a coordenação-executiva do plano.
A principal ferramenta de acompanhamento metas estipuladas pelo Ministério da Cultura após a promulgação do PNC será o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC).
O SNIIC já está em desenvolvimento tecnológico e será uma ampla base de dados e indicadores culturais, que abrangerá informações sobre equipamentos culturais, grupos artísticos, órgãos gestores da cultura, conselhos municipais, editais, sobre a economia da cultura, estudos e pesquisas sobre o setor cultural, entre outros.
A plataforma será essencial ao compartilhamento de informações da cultura entre os governos federal, estadual e municipal e o setor privado. Também irá gerar indicadores da gestão pública, permitindo o conhecimento e a interação da sociedade civil com as ações e políticas.
O Plano Nacional é uma diretriz a ser seguida pelos estados e municípios para criarem seus próprios planos de cultura. A adesão, porém, não é automática ou obrigatória. O MinC irá criar protocolos de adesão para esses entes federativos e então subsidiar com consultoria técnica e apoio orçamentário a elaboração desses planos.
As linguagens artísticas também irão elaborar planos para seus setores. Os colegiados setoriais ligados ao Conselho Nacional de Política Cultural os responsáveis por isso. Música, Teatro, Dança, Circo, Museus, Culturas Populares e Culturas Indígenas já têm planos.
Os 13 princípios do PNC são:
- Liberdade de expressão, criação e fruição
- Diversidade cultural
- Respeito aos direitos humanos
- Direito de todos à arte e à cultura
- Direito à informação, à comunicação e à crítica cultural
- Direito à memória e às tradições
- Responsabilidade socioambiental
- Valorização da cultura como vetor do desenvolvimento sustentável
- Democratização das instâncias de formulação das políticas culturais
- Responsabilidade dos agentes públicos pela implementação das políticas culturais
- Colaboração entre agentes públicos e privados para o desenvolvimento da economia da cultura
- Participação e controle social na formulação e acompanhamento das políticas culturais
São objetivos do Plano Nacional de Cultura:
I – reconhecer e valorizar a diversidade cultural, étnica e regional brasileira;
II – proteger e promover o patrimônio histórico e artístico, material e imaterial;
III – valorizar e difundir as criações artísticas e os bens culturais;
IV – promover o direito à memória por meio dos museus, arquivos e coleções;
V – universalizar o acesso à arte e à cultura;
VI – estimular a presença da arte e da cultura no ambiente educacional; VII – estimular o pensamento crítico e reflexivo em torno dos valores simbólicos;
VIII – estimular a sustentabilidade socioambiental;
IX – desenvolver a economia da cultura, o mercado interno, o consumo cultural e a exportação de bens, serviços e conteúdos culturais;
X – reconhecer os saberes, conhecimentos e expressões tradicionais e os direitos de seus detentores;
XI – qualificar a gestão na área cultural nos setores público e privado;
XII – profissionalizar e especializar os agentes e gestores culturais;
XIII – descentralizar a implementação das políticas públicas de cultura;
XIV – consolidar processos de consulta e participação da sociedade na formulação das políticas culturais;
XV – ampliar a presença e o intercâmbio da cultura brasileira no mundo contemporâneo;
XVI – articular e integrar sistemas de gestão cultural.
Leia mais: http://blogs.cultura.gov.br/pnc/
Fonte: MinC/ABD/RO
Em 180 dias após a sanção do Plano Nacional de Cultura (PNC) pelo presidente da República, o Ministério da Cultura deverá estabelecer metas para implementação de seus objetivos. Nesse mesmo prazo, o MinC deverá criar o Conselho e a coordenação-executiva do plano.
A principal ferramenta de acompanhamento metas estipuladas pelo Ministério da Cultura após a promulgação do PNC será o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC).
O SNIIC já está em desenvolvimento tecnológico e será uma ampla base de dados e indicadores culturais, que abrangerá informações sobre equipamentos culturais, grupos artísticos, órgãos gestores da cultura, conselhos municipais, editais, sobre a economia da cultura, estudos e pesquisas sobre o setor cultural, entre outros.
A plataforma será essencial ao compartilhamento de informações da cultura entre os governos federal, estadual e municipal e o setor privado. Também irá gerar indicadores da gestão pública, permitindo o conhecimento e a interação da sociedade civil com as ações e políticas.
O Plano Nacional é uma diretriz a ser seguida pelos estados e municípios para criarem seus próprios planos de cultura. A adesão, porém, não é automática ou obrigatória. O MinC irá criar protocolos de adesão para esses entes federativos e então subsidiar com consultoria técnica e apoio orçamentário a elaboração desses planos.
As linguagens artísticas também irão elaborar planos para seus setores. Os colegiados setoriais ligados ao Conselho Nacional de Política Cultural os responsáveis por isso. Música, Teatro, Dança, Circo, Museus, Culturas Populares e Culturas Indígenas já têm planos.
Os 13 princípios do PNC são:
- Liberdade de expressão, criação e fruição
- Diversidade cultural
- Respeito aos direitos humanos
- Direito de todos à arte e à cultura
- Direito à informação, à comunicação e à crítica cultural
- Direito à memória e às tradições
- Responsabilidade socioambiental
- Valorização da cultura como vetor do desenvolvimento sustentável
- Democratização das instâncias de formulação das políticas culturais
- Responsabilidade dos agentes públicos pela implementação das políticas culturais
- Colaboração entre agentes públicos e privados para o desenvolvimento da economia da cultura
- Participação e controle social na formulação e acompanhamento das políticas culturais
São objetivos do Plano Nacional de Cultura:
I – reconhecer e valorizar a diversidade cultural, étnica e regional brasileira;
II – proteger e promover o patrimônio histórico e artístico, material e imaterial;
III – valorizar e difundir as criações artísticas e os bens culturais;
IV – promover o direito à memória por meio dos museus, arquivos e coleções;
V – universalizar o acesso à arte e à cultura;
VI – estimular a presença da arte e da cultura no ambiente educacional; VII – estimular o pensamento crítico e reflexivo em torno dos valores simbólicos;
VIII – estimular a sustentabilidade socioambiental;
IX – desenvolver a economia da cultura, o mercado interno, o consumo cultural e a exportação de bens, serviços e conteúdos culturais;
X – reconhecer os saberes, conhecimentos e expressões tradicionais e os direitos de seus detentores;
XI – qualificar a gestão na área cultural nos setores público e privado;
XII – profissionalizar e especializar os agentes e gestores culturais;
XIII – descentralizar a implementação das políticas públicas de cultura;
XIV – consolidar processos de consulta e participação da sociedade na formulação das políticas culturais;
XV – ampliar a presença e o intercâmbio da cultura brasileira no mundo contemporâneo;
XVI – articular e integrar sistemas de gestão cultural.
Leia mais: http://blogs.cultura.gov.br/pnc/
Fonte: MinC/ABD/RO
A FELICIDADE NA VISÃO DO POETA
FELICIDADE REALISTA
A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão.
Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.
Ter um parceiro constante pode ou não, ser sinônimo de felicidade.
Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum.
Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio. Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade. Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno.
Olhe para o relógio: hora de acordar É importante pensar-se ao extremo, buscar lá d entro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente.
A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.
Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a.
Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo.
Faça o que for necessário para ser feliz.
Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.
Mário Quintana
A princípio bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar a luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão.
Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista.
Ter um parceiro constante pode ou não, ser sinônimo de felicidade.
Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum.
Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio. Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade. Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável.
Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno.
Olhe para o relógio: hora de acordar É importante pensar-se ao extremo, buscar lá d entro o que nos mobiliza, instiga e conduz, mas sem exigir-se desumanamente.
A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio.
Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a.
Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo.
Faça o que for necessário para ser feliz.
Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.
Mário Quintana
domingo, 21 de novembro de 2010
NOSSA HISTÓRIA
CULTURA DE CABARÉ
ATABÍLIO FERREIRA BINDÁ
- um anônimo senhor dos cabarés -
Por: Altair Santos (Tatá)
À luz do texto: Cabaré Também é Cultura
De: Anísio Gorayeb e Antonio Serpa do Amaral (Basinho)
O amigo Basinho, nascido Antonio Serpa do Amaral, sempre abre a maleta da sua inquieta verve criativa, analítica e produtiva e nos chama para a prosa. Fazendo reverberar o texto do também versado amigo Anísio Gorayeb, o Serpa escreveu há uns três meses ou mais, na página diária da cidade, o artigo Cabaré Também é Cultura o fazendo com a naturalidade e lirismo de quem caprichosamente, bebesse uma cerveja bem gelada, tal qual aquelas servidas, como de praxe, lá dos lupanares - pelo menos nos de outrora. Sem ater-se a tantos detalhes, mas com riqueza de citações, discorreu sobre a histórica e sociológica existência dos gloriosos cabarés no cotidiano de Porto Velho, fazendo emergir fatos dados e passados, trazendo para cena o colorido, o festivo, o intrigante, o contestado, o fantasioso e arrebatador universo do cabaré nosso de cada dia. Aqui nessas paragens do poente, o cabaré também se fez e se faz braço social, com tudo o que teve ou tem direito, ou seja, da glória, prazer e fama de muitos, ao infortúnio e desassossego de outros principalmente de algumas mulheres casadas, cujos maridos, viravam vaga-lumes e brilhavam nos salões secretos (nem tanto) da orgia portovelhense. Quando descobertos ou dedurados, os pirilampos de aliança no anelar esquerdo justificavam: são as evidencias e movimentos naturais de uma sociedade em seus ciclos. Na boêmia e pacata Porto Velho dos idos de 50, 60 e 70 os cabarés compunham o painel diário da nossa jovem urbe, fazendo a festa e alegria de muitos. Nesses verdadeiros paraísos do prazer e da gastança, desfilavam empresários endinheirados, profissionais liberais, sambistas e seresteiros, poetas e aventureiros, muito ou pouco capitalizados. Comum entre todos, era o democrático exercício dos seus direitos (nos tempos da ditadura) de se alistarem e portarem-se atuantes fervorosos na confraria dos infaltáveis do cabaré. E eles eram aos muitos. Nômades e notáveis, cada qual com suas posses e poses em meio à fragâncias importadas e sob o lume irresistível de beldades caboclas dessas barrancas amazônicas e de outras raparigas não menos formosas e amáveis dos muitos longes desse Brasil de Meu Deus que, por aqui, desfilavam e exibiam seus encantos e gracejos. Curiosos e engraçados ocorridos, sempre habitaram a coleção de pormenores da atribulada vida dos habituês cabareanos daqui. Um senhor de nome Atabílio Ferreira Bindá (meu padrinho), pescador, vindo de Codajás - Amazonas, aqui se fez um exímio garimpeiro do ciclo da cassiterita e se abancou por essas bandas karipunas. Na lavra gastou muito de sua força e juventude, extraindo minério pesado dos garimpos massangana e jacundá. Sempre que vinha para a cidade, aportava em nossa casa no Bairro do Triângulo (na linha de ferro), defronte a placa 1, para estadas de 10 a 15 dias, ou melhor, por quanto tempo durasse as suas fartas economias, as quais gastava sem dó e sem piedade, em deleites nas coloridas tardes/noites e madrugadas a fio, em luz tênue, na privacidade dos cabarés do centro. Ao ensejo de sua chegada, a providência primeira era aquele banho de loja no movimentado comércio da Rua do Coqueiro pra renovar o guarda-roupa, este, exaustivamente surrado nas catas, ou seja, nas escavações para garimpagem. Em meio às compras de eletro-eletrônicos, roupas e sapatos, óculos, discos (lp’s de vinil), eram inevitáveis as frequentes idas aos botecos da redondeza para sucessivos tragos de cachaça. Quando pra aliviar, tomava uma cerveja. Na volta às compras, já com a cabeça em plano de desordem etílica, parava numa das barbearias para as providências dos esteticistas capilares da época, os barbeiros. Certa ocasião, sob efeito de muita bebida forte, sentou-se na cadeira pra fazer cabelo, barba e bigode e, em meio à sessão do trato na vaidade e no look, recostou a cabeça num dos ombros e pesadamente dormiu. Quando acordou, já noitinha, o paciente operário da beleza (o barbeiro) ainda o esperava pra virar de lado e raspar a barba da face oposta. Enfezado e de ressaca, assustou-se com o avançado da hora, teve pressa e pediu agilidade e qualidade na complementação do serviço, afinal, logo mais, estaria a bordo dos seus paramentos entrecortando o epicentro do prazer no coração da cidade - entre um cabaré e outro – mais precisamente na mui-requisitada tríade de “casas de apoio” da Maria Eunice, Madame Elvira (tartaruga) e Tambaqui de Ouro, os ancoradouros preferidos do Atabílio durante a noite. Moreno alto, forte, conversador, afamado “comedor”, bebedor de cachaça e cerveja, afeito aos desperdícios exibicionistas, além de deitar-se, enchia as putas de mimos como jóias, perfumes, roupas e generosas quantias em dinheiro. Atabílio, cujo apelido era “jagunço” o que fazia contraponto à sua personalidade e desdizia o seu estilo alegre e fanfarrão, sempre se apresentava cheirando a bebida porém, amenizado por mil borrifadas de sete bruxas ou almíscar, dentre outros perfumes comprados ou contrabandeados da Bolívia. O moço chamava a atenção pelo seu atraente plano estético, quase dois metros de altura, em cujo visual se destacava certos ornamentos como: um reluzente dente de ouro, um enorme chapéu preto (de massa), camisa colorida de seda, calça preta de linho e sapato de verniz. Não era só. Dentre os badulaques constavam também grossas correntes - de ouro é claro - exagerados pingentes com batéias e picaretas esculpidas também no valioso metal, como a simbolizar o brasão da atividade profissional exercida (garimpeiro), um baita relógio Seiko 5 a prova d’água - pra variar coberto de ouro - além de anéis em tudo que é dedo. O exotismo visual do Atabílio, afinado para a época, trazia de quebra, um potente rádio marca phillips transglobe de 12 faixas, carregado no ombro pelas ruas e praças, em alto volume e sintonizado na Rádio Caiari de Porto Velho, ou na Rádio Rio Mar de Manaus, suas emissoras preferidas, ainda mais, quando essas tocavam repetidamente os sucessos dos seus artistas queridos, o Waldick Soriano e a Claudia Barroso. Os seus ídolos cantavam os melosos hits românticos de então. Fazendo tipo romântico Atabílio quase ia às lágrimas quando ouviao baiano Waldick cantar: “amigo se essa cartinha falasse, pra dizer àquela ingrata, como está meu coração, vou ficar aqui chorando pois um homem quando chora, tem no peio uma paixâo.” No esporte se dizia botafoguense, por influência do seu compadre (Ademar, o meu pai), mas quando perguntado, só lembrava do Garrincha, do goleiro Manga e do jovem promissor Jairzinho, mais tarde o furacão do tri, na copa de 70 no México. Muito raro, o costumeiro dos cabarés parava em casa para momentos de repouso, acho que isso ele fazia, lá mesmo, nos lupanares, sob os carinhos e jeitosos afagos das meninas. Porém nas poucas horas que ficava em nossa residência, enchia as mesas de presentes, comidas, doces e guaranás pra molecada. Depois, ia pro terreiro armava a vitrola de pilhas, pegava os lp’s e tome cachaça, cerveja e overdoses de Claudia Barroso e doses cavalares de Waldik Soriano no quengo. Pra ficar mais brega-eclético o repertório, ele variava as seleções com Evaldo Braga (ainda jovem na carreira), Ludugero, Marinês e sua Gente e até as piadas do humorista Barnabé, o que lhe roubava sessões de alto, escandaloso e demorado riso. Antes mesmo do arrebol a festa acabava. Ao cair da tarde, os primeiros poucos lampiões da cidade porto arrebatavam Atabílio. Logo se ia o peregrino do prazer para a sua incursão noturna. Tragado pelos sedutores mantras da noite, dobraria as esquinas, sumiria das vistas e perder-se-ia sabe-se lá em quantos e quais braços, aos preços de algumas tantas notas da moeda nacional da época, o cruzeiro talvez! Contrapondo-se ao visual estilizado e poderio econômico dos mineradores abastados da região, Atabílio, o garimpeiro artesanal, varava noites gastando nos cabarés e quando a bufunfa minguava, de táxi, ele fazia sucessivas idas na madrugada, em nossa casa, para acordar minha mãe - a quem confiava a guarda de todo o seu dinheiro - com o intuito de fazer saques seqüenciais, como fosse, a mamãe (dona Luzia), uma precursora dos caixas 24 horas, ali pronta para atendê-lo, durante a madrugada, sem sair do ar. Nessas idas e vindas, não somente reforçava o bolso como, rapidamente, trocava uma roupa nova e se perfumava todo. Estava pronto pra sua sina boêmia pelos cabarés, até que o sono ou o alvorecer lhe desse cartão vermelho. Não tinha muitos amigos e nem costumava reunir muita gente. Parecia um turista em férias na cidade. A sua realidade comum se dividia entre meses de trabalho no garimpo com interstícios de farras nos cabarés de Porto Velho. Anos mais tarde recebeu o recado de uma irmã sua da capital baré e, com a atividade garimpeira já em baixa, foi pro Cai N’Água, pegou um barco, rumou pro Amazonas e nunca mais deu notícias.
(*) o autor é Presidente da Fundação Cultural Iaripuna e músico.
tatadeportovelho@gmail.com
ATABÍLIO FERREIRA BINDÁ
- um anônimo senhor dos cabarés -
Por: Altair Santos (Tatá)
À luz do texto: Cabaré Também é Cultura
De: Anísio Gorayeb e Antonio Serpa do Amaral (Basinho)
O amigo Basinho, nascido Antonio Serpa do Amaral, sempre abre a maleta da sua inquieta verve criativa, analítica e produtiva e nos chama para a prosa. Fazendo reverberar o texto do também versado amigo Anísio Gorayeb, o Serpa escreveu há uns três meses ou mais, na página diária da cidade, o artigo Cabaré Também é Cultura o fazendo com a naturalidade e lirismo de quem caprichosamente, bebesse uma cerveja bem gelada, tal qual aquelas servidas, como de praxe, lá dos lupanares - pelo menos nos de outrora. Sem ater-se a tantos detalhes, mas com riqueza de citações, discorreu sobre a histórica e sociológica existência dos gloriosos cabarés no cotidiano de Porto Velho, fazendo emergir fatos dados e passados, trazendo para cena o colorido, o festivo, o intrigante, o contestado, o fantasioso e arrebatador universo do cabaré nosso de cada dia. Aqui nessas paragens do poente, o cabaré também se fez e se faz braço social, com tudo o que teve ou tem direito, ou seja, da glória, prazer e fama de muitos, ao infortúnio e desassossego de outros principalmente de algumas mulheres casadas, cujos maridos, viravam vaga-lumes e brilhavam nos salões secretos (nem tanto) da orgia portovelhense. Quando descobertos ou dedurados, os pirilampos de aliança no anelar esquerdo justificavam: são as evidencias e movimentos naturais de uma sociedade em seus ciclos. Na boêmia e pacata Porto Velho dos idos de 50, 60 e 70 os cabarés compunham o painel diário da nossa jovem urbe, fazendo a festa e alegria de muitos. Nesses verdadeiros paraísos do prazer e da gastança, desfilavam empresários endinheirados, profissionais liberais, sambistas e seresteiros, poetas e aventureiros, muito ou pouco capitalizados. Comum entre todos, era o democrático exercício dos seus direitos (nos tempos da ditadura) de se alistarem e portarem-se atuantes fervorosos na confraria dos infaltáveis do cabaré. E eles eram aos muitos. Nômades e notáveis, cada qual com suas posses e poses em meio à fragâncias importadas e sob o lume irresistível de beldades caboclas dessas barrancas amazônicas e de outras raparigas não menos formosas e amáveis dos muitos longes desse Brasil de Meu Deus que, por aqui, desfilavam e exibiam seus encantos e gracejos. Curiosos e engraçados ocorridos, sempre habitaram a coleção de pormenores da atribulada vida dos habituês cabareanos daqui. Um senhor de nome Atabílio Ferreira Bindá (meu padrinho), pescador, vindo de Codajás - Amazonas, aqui se fez um exímio garimpeiro do ciclo da cassiterita e se abancou por essas bandas karipunas. Na lavra gastou muito de sua força e juventude, extraindo minério pesado dos garimpos massangana e jacundá. Sempre que vinha para a cidade, aportava em nossa casa no Bairro do Triângulo (na linha de ferro), defronte a placa 1, para estadas de 10 a 15 dias, ou melhor, por quanto tempo durasse as suas fartas economias, as quais gastava sem dó e sem piedade, em deleites nas coloridas tardes/noites e madrugadas a fio, em luz tênue, na privacidade dos cabarés do centro. Ao ensejo de sua chegada, a providência primeira era aquele banho de loja no movimentado comércio da Rua do Coqueiro pra renovar o guarda-roupa, este, exaustivamente surrado nas catas, ou seja, nas escavações para garimpagem. Em meio às compras de eletro-eletrônicos, roupas e sapatos, óculos, discos (lp’s de vinil), eram inevitáveis as frequentes idas aos botecos da redondeza para sucessivos tragos de cachaça. Quando pra aliviar, tomava uma cerveja. Na volta às compras, já com a cabeça em plano de desordem etílica, parava numa das barbearias para as providências dos esteticistas capilares da época, os barbeiros. Certa ocasião, sob efeito de muita bebida forte, sentou-se na cadeira pra fazer cabelo, barba e bigode e, em meio à sessão do trato na vaidade e no look, recostou a cabeça num dos ombros e pesadamente dormiu. Quando acordou, já noitinha, o paciente operário da beleza (o barbeiro) ainda o esperava pra virar de lado e raspar a barba da face oposta. Enfezado e de ressaca, assustou-se com o avançado da hora, teve pressa e pediu agilidade e qualidade na complementação do serviço, afinal, logo mais, estaria a bordo dos seus paramentos entrecortando o epicentro do prazer no coração da cidade - entre um cabaré e outro – mais precisamente na mui-requisitada tríade de “casas de apoio” da Maria Eunice, Madame Elvira (tartaruga) e Tambaqui de Ouro, os ancoradouros preferidos do Atabílio durante a noite. Moreno alto, forte, conversador, afamado “comedor”, bebedor de cachaça e cerveja, afeito aos desperdícios exibicionistas, além de deitar-se, enchia as putas de mimos como jóias, perfumes, roupas e generosas quantias em dinheiro. Atabílio, cujo apelido era “jagunço” o que fazia contraponto à sua personalidade e desdizia o seu estilo alegre e fanfarrão, sempre se apresentava cheirando a bebida porém, amenizado por mil borrifadas de sete bruxas ou almíscar, dentre outros perfumes comprados ou contrabandeados da Bolívia. O moço chamava a atenção pelo seu atraente plano estético, quase dois metros de altura, em cujo visual se destacava certos ornamentos como: um reluzente dente de ouro, um enorme chapéu preto (de massa), camisa colorida de seda, calça preta de linho e sapato de verniz. Não era só. Dentre os badulaques constavam também grossas correntes - de ouro é claro - exagerados pingentes com batéias e picaretas esculpidas também no valioso metal, como a simbolizar o brasão da atividade profissional exercida (garimpeiro), um baita relógio Seiko 5 a prova d’água - pra variar coberto de ouro - além de anéis em tudo que é dedo. O exotismo visual do Atabílio, afinado para a época, trazia de quebra, um potente rádio marca phillips transglobe de 12 faixas, carregado no ombro pelas ruas e praças, em alto volume e sintonizado na Rádio Caiari de Porto Velho, ou na Rádio Rio Mar de Manaus, suas emissoras preferidas, ainda mais, quando essas tocavam repetidamente os sucessos dos seus artistas queridos, o Waldick Soriano e a Claudia Barroso. Os seus ídolos cantavam os melosos hits românticos de então. Fazendo tipo romântico Atabílio quase ia às lágrimas quando ouviao baiano Waldick cantar: “amigo se essa cartinha falasse, pra dizer àquela ingrata, como está meu coração, vou ficar aqui chorando pois um homem quando chora, tem no peio uma paixâo.” No esporte se dizia botafoguense, por influência do seu compadre (Ademar, o meu pai), mas quando perguntado, só lembrava do Garrincha, do goleiro Manga e do jovem promissor Jairzinho, mais tarde o furacão do tri, na copa de 70 no México. Muito raro, o costumeiro dos cabarés parava em casa para momentos de repouso, acho que isso ele fazia, lá mesmo, nos lupanares, sob os carinhos e jeitosos afagos das meninas. Porém nas poucas horas que ficava em nossa residência, enchia as mesas de presentes, comidas, doces e guaranás pra molecada. Depois, ia pro terreiro armava a vitrola de pilhas, pegava os lp’s e tome cachaça, cerveja e overdoses de Claudia Barroso e doses cavalares de Waldik Soriano no quengo. Pra ficar mais brega-eclético o repertório, ele variava as seleções com Evaldo Braga (ainda jovem na carreira), Ludugero, Marinês e sua Gente e até as piadas do humorista Barnabé, o que lhe roubava sessões de alto, escandaloso e demorado riso. Antes mesmo do arrebol a festa acabava. Ao cair da tarde, os primeiros poucos lampiões da cidade porto arrebatavam Atabílio. Logo se ia o peregrino do prazer para a sua incursão noturna. Tragado pelos sedutores mantras da noite, dobraria as esquinas, sumiria das vistas e perder-se-ia sabe-se lá em quantos e quais braços, aos preços de algumas tantas notas da moeda nacional da época, o cruzeiro talvez! Contrapondo-se ao visual estilizado e poderio econômico dos mineradores abastados da região, Atabílio, o garimpeiro artesanal, varava noites gastando nos cabarés e quando a bufunfa minguava, de táxi, ele fazia sucessivas idas na madrugada, em nossa casa, para acordar minha mãe - a quem confiava a guarda de todo o seu dinheiro - com o intuito de fazer saques seqüenciais, como fosse, a mamãe (dona Luzia), uma precursora dos caixas 24 horas, ali pronta para atendê-lo, durante a madrugada, sem sair do ar. Nessas idas e vindas, não somente reforçava o bolso como, rapidamente, trocava uma roupa nova e se perfumava todo. Estava pronto pra sua sina boêmia pelos cabarés, até que o sono ou o alvorecer lhe desse cartão vermelho. Não tinha muitos amigos e nem costumava reunir muita gente. Parecia um turista em férias na cidade. A sua realidade comum se dividia entre meses de trabalho no garimpo com interstícios de farras nos cabarés de Porto Velho. Anos mais tarde recebeu o recado de uma irmã sua da capital baré e, com a atividade garimpeira já em baixa, foi pro Cai N’Água, pegou um barco, rumou pro Amazonas e nunca mais deu notícias.
(*) o autor é Presidente da Fundação Cultural Iaripuna e músico.
tatadeportovelho@gmail.com
VALEU ZUMBI
DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA
Prof. Edilson Lôbo do Nascimento (professor do Departamento de Economia da UNIR)
Nesta data de 20 de novembro, é comemorado o dia Nacional da Consciência Negra, em homenagem a Zumbi dos Palmares. Ele é considerado um ícone da resistência contra a opressão imposta aos negros escravizados no Brasil, símbolo de luta contra a injustiça a que era submetido o negro na senzala.
Zumbi teve um papel histórico importantíssimo em defesa dos direitos e da liberdade dos escravos. Lutou incansavelmente à frente do Quilombo dos Palmares em Alagoas, resistindo a todo tipo de ofensiva feita pela coroa portuguesa com o objetivo de esmagar o movimento de resistência negra. Palmares resistiu quase 100 anos. Infelizmente, no dia 20 de novembro de 1695, Zumbi foi morto numa emboscada em Pernambuco sendo seu corpo exposto em praça pública.
A morte de Zumbi não foi em vão. O seu exemplo de luta pela liberdade dos seus companheiros escravos, ecoa até hoje nas mentes e nos corações dos que não se quedam frente às injustiças, as discriminações e o desrespeito à pessoa humana.
O dia Nacional da Consciência Negra é, acima de tudo, uma chamada à reflexão. Um convite a todos a lutar por uma sociedade livre de preconceitos e socialmente justa. O legado de Zumbi dos Palmares nos impõe uma tarefa da qual não podemos nos omitir enquanto cidadãos, professores educadores, mais de que formadores de opinião, responsáveis pelas reais mudanças que a sociedade almeja. O papel que nos cabe, é de protagonistas de um saber reflexivo, plural, comprometido com as causas dos mais necessitados e que proporcione saberes capaz de transformar uma sociedade tão desigual e excludente e que tenha no seu horizonte a utopia socialista.
Nesse dia 20 de novembro seja Zumbi dos Palmares a inspiração que nos falta para juntos, negros, brancos, indígenas, construirmos uma nação radicalmente democrática que busque incondicionalmente a inclusão de todos e que contemple a diversidade.
Prof. Edilson Lôbo do Nascimento (professor do Departamento de Economia da UNIR)
Nesta data de 20 de novembro, é comemorado o dia Nacional da Consciência Negra, em homenagem a Zumbi dos Palmares. Ele é considerado um ícone da resistência contra a opressão imposta aos negros escravizados no Brasil, símbolo de luta contra a injustiça a que era submetido o negro na senzala.
Zumbi teve um papel histórico importantíssimo em defesa dos direitos e da liberdade dos escravos. Lutou incansavelmente à frente do Quilombo dos Palmares em Alagoas, resistindo a todo tipo de ofensiva feita pela coroa portuguesa com o objetivo de esmagar o movimento de resistência negra. Palmares resistiu quase 100 anos. Infelizmente, no dia 20 de novembro de 1695, Zumbi foi morto numa emboscada em Pernambuco sendo seu corpo exposto em praça pública.
A morte de Zumbi não foi em vão. O seu exemplo de luta pela liberdade dos seus companheiros escravos, ecoa até hoje nas mentes e nos corações dos que não se quedam frente às injustiças, as discriminações e o desrespeito à pessoa humana.
O dia Nacional da Consciência Negra é, acima de tudo, uma chamada à reflexão. Um convite a todos a lutar por uma sociedade livre de preconceitos e socialmente justa. O legado de Zumbi dos Palmares nos impõe uma tarefa da qual não podemos nos omitir enquanto cidadãos, professores educadores, mais de que formadores de opinião, responsáveis pelas reais mudanças que a sociedade almeja. O papel que nos cabe, é de protagonistas de um saber reflexivo, plural, comprometido com as causas dos mais necessitados e que proporcione saberes capaz de transformar uma sociedade tão desigual e excludente e que tenha no seu horizonte a utopia socialista.
Nesse dia 20 de novembro seja Zumbi dos Palmares a inspiração que nos falta para juntos, negros, brancos, indígenas, construirmos uma nação radicalmente democrática que busque incondicionalmente a inclusão de todos e que contemple a diversidade.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
PARTE DA HISTÓRIA
HISTORIA DO CARNAVAL EM PORTO VELHO
Por Silvio M. Santos
Nos clubes entravam só a “alta”
Hoje o Zekatraca conta um pouco sobre os memoráveis bailes no Ypiranga, Bancravé e companhia da folia
Como dissemos, os corsos dominaram os desfiles carnavalescos em Porto Velho até o inicio dos anos 50. Porém, os clubes existentes à época mantinham seus blocos com o intuito de animar os bailes carnavalescos. Esses bailes começam a ser realizados a partir do mês de outubro quando os clubes promoviam os famosos “Grito de Carnaval”. Vale salientar que os grandes cordões carnavalescos pertenciam aos clubes Internacional, Noroeste e Ypiranga. O Noroeste era dirigido pelo seu Elias Gorayeb e era frequentado pelas famílias dos seringalistas e comerciantes mais abastados. O Ypiranga tinha como sócios os chamados “Categas” funcionários públicos que exerciam cargos de confiança, na Madeira-Mamoré, na prefeitura e depois no governo do Território Federal do Guaporé. O Clube Internacional funcionava como se fosse o Clube Oficial da cidade, já que reunia o alto escalão dos funcionários da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.
Contam os mais antigos, que em determinada época ou quando Aluizio Pinheiro Ferreira assumiu a direção da Estrada de Ferro e depois como primeiro governador do Território Federal do Guaporé, os bailes no Internacional só começavam quando ele chegava.
O Clube Internacional fechou suas portas na segunda metade dos anos 1950. Era um casarão de madeira que ficava a Rua Sete de Setembro, justamente onde hoje se encontra a sede do Ferroviário Atlético Clube. Seu bloco carnavalesco só brincava na sede, quer dizer, não participava dos desfiles pelas ruas da cidade, nem mesmo em corsos.
O Ypiranga que existe desde 1917 sempre se destacou nos desfiles carnavalescos colocando seus blocos, agora a grande pedida no inicio da nossa Porto Velho era o Bloco do Noroeste.
Apesar da grande animação nos bailes carnavalescos desses clubes, nosso carnaval de rua só passou a “pegar fogo” de verdade a partir de 1950, quando os clubes sociais passaram realmente a dominar o carnaval de rua com os desfiles dos seus blocos.
Os blocos da Presidente Dutra
Quando me entendi como gente, já em meados da década de cinquenta, os desfiles aconteciam na rua Presidente Dutra entre a D. Pedro II e a 7 de Setembro. O interessante, era que os blocos desciam a Presidente Dutra passando pela frente do Porto Velho Hotel (hrje Unir Centro), se apresentavam para as autoridades e jurados em frente ao palanque, geralmente instalado na Rua Henrique Dias entre o prédio do Banco do Brasil (hoje Sesc) e a Pensão do Napoleão, ao lado da Associação Comercial. Depois de se apresentarem para os jurados e autoridades, os blocos seguiam até a Praça Rondon e dobravam a esquerda na Sete de Setembro e depois, já sem tocar (a maioria), subiam a José de Alencar até a D. Pedro II e retornavam pela Presidente Dutra desfilando novamente para o público, jurados e autoridades.
Os blocos eram formados por sócios dos chamados clubes sociais, cujos mais famosos eram: Ypiranga (o clube dos categas); Danúbio Azul Bailante Clube; Guaporé; Imperial e depois veio o Bancrévea Clube (dos Bancários do Banco da Borracha).
Sem que nada determinasse, esses blocos se identificavam por categoria social e cada categoria disputava entre si. Por exemplo: o Bloco do Ypiranga disputava com o Bloco do Bancrévea; o Bloco do Danúbio com o do Guaporé e Imperial. Se o Bloco do Clube Guaporé ganhassem do Bloco do Danúbio e do Imperial, pronto, a festa estava feita, não interessava se havia perdido para Bancrévea ou Ypiranga.
Na realidade, a disputa mais esperada era a dos blocos dos clubes Ypiranga e Bancrévea, principalmente quando os dois passaram a ser comandados pela Professora Marize Castiel Bloco do Ypiranga e a empresária Neire Azevedo Bloco do Bancrévea.
Nessa época desfilavam os chamados blocos de originalidade, "Rei da Selva" do Valdemar Cachorro que disputava com o Bloco do Inácio Campos, além do famoso Bloco da Cobra e os blocos de sujo e foliões do “Bloco do eu Sozinho".
Os blocos de clubes sociais dominaram o carnaval de Rua de Porto Velho até meados da década de sessenta, quando perdem a hegemonia para as escolas de samba Diplomatas e Pobres do Caiari.
Por Silvio M. Santos
Nos clubes entravam só a “alta”
Hoje o Zekatraca conta um pouco sobre os memoráveis bailes no Ypiranga, Bancravé e companhia da folia
Como dissemos, os corsos dominaram os desfiles carnavalescos em Porto Velho até o inicio dos anos 50. Porém, os clubes existentes à época mantinham seus blocos com o intuito de animar os bailes carnavalescos. Esses bailes começam a ser realizados a partir do mês de outubro quando os clubes promoviam os famosos “Grito de Carnaval”. Vale salientar que os grandes cordões carnavalescos pertenciam aos clubes Internacional, Noroeste e Ypiranga. O Noroeste era dirigido pelo seu Elias Gorayeb e era frequentado pelas famílias dos seringalistas e comerciantes mais abastados. O Ypiranga tinha como sócios os chamados “Categas” funcionários públicos que exerciam cargos de confiança, na Madeira-Mamoré, na prefeitura e depois no governo do Território Federal do Guaporé. O Clube Internacional funcionava como se fosse o Clube Oficial da cidade, já que reunia o alto escalão dos funcionários da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.
Contam os mais antigos, que em determinada época ou quando Aluizio Pinheiro Ferreira assumiu a direção da Estrada de Ferro e depois como primeiro governador do Território Federal do Guaporé, os bailes no Internacional só começavam quando ele chegava.
O Clube Internacional fechou suas portas na segunda metade dos anos 1950. Era um casarão de madeira que ficava a Rua Sete de Setembro, justamente onde hoje se encontra a sede do Ferroviário Atlético Clube. Seu bloco carnavalesco só brincava na sede, quer dizer, não participava dos desfiles pelas ruas da cidade, nem mesmo em corsos.
O Ypiranga que existe desde 1917 sempre se destacou nos desfiles carnavalescos colocando seus blocos, agora a grande pedida no inicio da nossa Porto Velho era o Bloco do Noroeste.
Apesar da grande animação nos bailes carnavalescos desses clubes, nosso carnaval de rua só passou a “pegar fogo” de verdade a partir de 1950, quando os clubes sociais passaram realmente a dominar o carnaval de rua com os desfiles dos seus blocos.
Os blocos da Presidente Dutra
Quando me entendi como gente, já em meados da década de cinquenta, os desfiles aconteciam na rua Presidente Dutra entre a D. Pedro II e a 7 de Setembro. O interessante, era que os blocos desciam a Presidente Dutra passando pela frente do Porto Velho Hotel (hrje Unir Centro), se apresentavam para as autoridades e jurados em frente ao palanque, geralmente instalado na Rua Henrique Dias entre o prédio do Banco do Brasil (hoje Sesc) e a Pensão do Napoleão, ao lado da Associação Comercial. Depois de se apresentarem para os jurados e autoridades, os blocos seguiam até a Praça Rondon e dobravam a esquerda na Sete de Setembro e depois, já sem tocar (a maioria), subiam a José de Alencar até a D. Pedro II e retornavam pela Presidente Dutra desfilando novamente para o público, jurados e autoridades.
Os blocos eram formados por sócios dos chamados clubes sociais, cujos mais famosos eram: Ypiranga (o clube dos categas); Danúbio Azul Bailante Clube; Guaporé; Imperial e depois veio o Bancrévea Clube (dos Bancários do Banco da Borracha).
Sem que nada determinasse, esses blocos se identificavam por categoria social e cada categoria disputava entre si. Por exemplo: o Bloco do Ypiranga disputava com o Bloco do Bancrévea; o Bloco do Danúbio com o do Guaporé e Imperial. Se o Bloco do Clube Guaporé ganhassem do Bloco do Danúbio e do Imperial, pronto, a festa estava feita, não interessava se havia perdido para Bancrévea ou Ypiranga.
Na realidade, a disputa mais esperada era a dos blocos dos clubes Ypiranga e Bancrévea, principalmente quando os dois passaram a ser comandados pela Professora Marize Castiel Bloco do Ypiranga e a empresária Neire Azevedo Bloco do Bancrévea.
Nessa época desfilavam os chamados blocos de originalidade, "Rei da Selva" do Valdemar Cachorro que disputava com o Bloco do Inácio Campos, além do famoso Bloco da Cobra e os blocos de sujo e foliões do “Bloco do eu Sozinho".
Os blocos de clubes sociais dominaram o carnaval de Rua de Porto Velho até meados da década de sessenta, quando perdem a hegemonia para as escolas de samba Diplomatas e Pobres do Caiari.
CASA DA CULTURA
Gostaría imensamente de contar com sua presença para este evento cultural , na Casa de Cultura Ivan Marrocos!
BAZAR DAS ARTES - PEQUENOS FORMATOS.
Com a participação de 12 artistas plásticos de Porto Velho.
Será realizado nos dias 03,04 e 05 de dezembro de 2010.
Abertura às 9:00 do dia 03 de dezembro ( com café da manhã)
Gostaria de saber se é possível contar com sua sua divulgação que é importante para esta exposição.
Angella Schilling
www.angellaschilling.com
BAZAR DAS ARTES - PEQUENOS FORMATOS.
Com a participação de 12 artistas plásticos de Porto Velho.
Será realizado nos dias 03,04 e 05 de dezembro de 2010.
Abertura às 9:00 do dia 03 de dezembro ( com café da manhã)
Gostaria de saber se é possível contar com sua sua divulgação que é importante para esta exposição.
Angella Schilling
www.angellaschilling.com
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
HISTÓRIA NEGRA
Histórico
O Quilombo dos Palmares (localizado na atual região de União dos Palmares, Alagoas) era uma comunidade auto-sustentável, um reino (ou república na visão de alguns) formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas, prisões e senzalas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado de Alagoas. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas.
Zumbi nasceu em Palmares, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado 'Francisco', Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa. Apesar destas tentativas de aculturá-lo, Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem. Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos anos.
Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita, mas Zumbi rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares.
Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio Soares, e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.
Em 14 de março de 1696 o governador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro escreveu ao Rei: "Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares."
[editar] Polêmicas
Alguns autores levantam a possibilidade de que Zumbi não tenha sido o verdadeiro herói do Quilombo dos Palmares e sim Ganga-Zumba:
"Os escravos que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos eram capturados e convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não era contra a iniqüidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão própria, mas não da escravidão alheia.[...]"[1]
Segundo alguns estudiosos Ganga Zumba teria sido assassinado, e os negros de Palmares elevaram a categoria de chefe, Zumbi:
"Depois de feitas as pazes em 1678, os negros mataram o rei Ganga-Zumba, envenenando-o, e Zumbi assumiu o governo e o comando-em-chefe do Quilombo"[2]
Seu governo também teria sido caracterizado pelo despotismo:
"Se algum escravo fugia dos Palmares, eram enviados negros no seu encalço e, se capturado, era executado pela ‘severa justiça’ do quilombo"[3]
[editar] Cronologia
* Mais ou menos em 1600: negros fugidos do trabalho escravo nos engenhos de açúcar, onde hoje são os estados de Pernambuco e Alagoas no Brasil, fundam na serra da Barriga o Quilombo dos Palmares. Os quilombos, eram povoados de resistência, seguiam os moldes organizacionais da república e recebiam escravos fugidos da opressão e tirania. Para muitos era a terra prometida, um lugar para fugir da escravidão. A população de Palmares em pouco tempo já contava com mais de 3 mil habitantes. As principais funções dos quilombos eram a subsistência e a proteção dos seus habitantes, e eram constantemente atacados por exércitos e milícias.
* 1630: Começam as invasões holandesas no nordeste brasileiro. O que desorganiza a produção açucareira e facilita as fugas dos escravos. Em 1644, houve uma grande tentativa holandesa de aniquilar com o quilombo de Palmares, que como nas investidas portuguesas anteriores, foi repelida pelas defesas dos quilombolas.
* 1654: Os holandeses deixam o nordeste brasileiro.
* 1655: Nasce Zumbi, num dos mocambos de Palmares, neto da princesa Aqualtune.
* Por volta de 1662 (data não confirmada): Criança ainda, Zumbi é aprisionado por soldados portugueses e levado a Porto Calvo, onde é "dado" ao padre jesuíta António Melo. Este o batizou com o nome de Francisco. Zumbi passou a ajudar nas missas e estudar português e latim.
* 1670: Zumbi aos quinze anos de idade foge e regressa a Palmares. Neste mesmo ano de 1670, Ganga Zumba, filho da Princesa Aqualtune, tio de Zumbi, assume a chefia do quilombo, então com mais de trinta mil habitantes.
* 1675: Na luta contra os soldados portugueses comandados pelo Sargento-mor Manuel Lopes, Zumbi revela-se grande guerreiro e organizador militar. Neste ano, a tropa portuguesa comandada pelo Sargento-mor Manuel Lopes, depois de uma batalha sangrenta, ocupa um mocambo com mais de mil choupanas. Depois de uma retirada de cinco meses, os negros contra-atacam, entre eles Zumbi com apenas vinte anos de idade, e após um combate feroz, Manuel Lopes é obrigado a se retirar para Recife. Palmares se estendia então da margem esquerda do São Francisco até o Cabo de Santo Agostinho e tinha mais de duzentos quilômetros de extensão, era uma república com uma rede de onze mocambos, que se assemelhavam as cidades muradas medievais da europa, mas no lugar das pedras haviam paliçadas de madeira. O principal mocambo, o que foi fundado pelo primeiro grupo de escravos foragidos, ficava na Serra da Barriga e levava o nome de Cerca do Macaco. Duas ruas espaçosas com umas 1500 choupanas e uns oito mil habitantes. Amaro, outro mocambo, tem 5 mil. E há outros, como Sucupira, Tabocas, Zumbi, Osenga, Acotirene, Danbrapanga, Sabalangá, Andalaquituche.
* 1678: A Pedro de Almeida, governador da capitania de Pernambuco, mais interessava a submissão do que a destruição de Palmares, após inúmeros ataques com a destruição e incêndios de mocambos, eles eram reconstruídos, e passou a ser economicamente desinteressante, os habitantes dos mocambos faziam esteiras, vassouras, chapéus, cestos e leques com a palha das palmeiras. E extraiam óleo da noz de palma, as vestimentas eram feitas das cascas de algumas árvores, produziam manteiga de coco, plantavam milho, mandioca, legumes, feijão e cana e comercializavam seus produtos com pequenas povoações vizinhas, de brancos e mestiços. Sendo assim o governador propôs ao chefe Ganga Zumba a paz e a alforria para todos os quilombolas de Palmares. Ganga Zumba aceita, mas Zumbi é contra, não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos. Além do mais eles tinham suas próprias Leis e Crenças e teriam que abrir mão de sua cultura.
* 1680: Zumbi assume o lugar de Ganga Zumba em Palmares e comanda a resistência contra as tropas portuguesas. Ganga Zumba morre assassinado com veneno.
* 1694: Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira de Melo comandam o ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares e onde Zumbi nasceu, cercada com três paliçadas cada uma defendida por mais de 200 homens armados, após 94 anos de resistência, sucumbiu ao exército português, e embora ferido, Zumbi consegue fugir.
* 1695, 20 de Novembro: Zumbi foi traído e denunciado por um antigo companheiro, ele é localizado, preso e degolado aos 40 anos de idade. Zumbí ou "Eis o Espírito", virou uma lenda e foi amplamente citado pelos abolicionistas como herói e mártir.
[editar] Tributo
Escultura em homenagem a Zumbi dos Palmares em Poá - SP.
Zumbi é hoje, para determinados segmentos da população brasileira, um símbolo de resistência. Em 1995, a data de sua morte foi adotada como o dia da Consciência Negra. É também um dos nomes mais importantes da Capoeira[4].
Atualmente, o dia 20 de novembro, feriado em mais de 200 cidades brasileiras, é celebrado como Dia da Consciência Negra. O dia tem um significado especial para os negros brasileiros que reverenciam Zumbi como o herói que lutou pela liberdade e como um símbolo de liberdade. Hilda Dias dos Santos incentivou a criação do Memorial Zumbi dos Palmares.
Várias referências nas artes fazem tributo a seu nome:
* Música composta por Edu Lobo e Vinicius de Moraes e popularizada por Elis Regina.
* Mencionado em diversas letras da banda Soulfly.
* Mencionado na música "Ratamahatta", da banda Sepultura.
* Mencionado na música "Apesar de Cigano", composta por Altay Veloso e Aladim Teixeira, e interpretada por Jorge Vercillo no álbum "Leve".
* Seu nome é dado a um lutador no jogo feito em Adobe Flash: Capoeira Fighter 2.
* Quilombo, 1985, filme de Carlos Diegues sobre o Quilombo dos Palmares, ASIN B0009WIE8E
* Gilberto Gil lançou um CD chamado "Z300 Anos de Zumbi".
* A banda de nome Chico Science & Nação Zumbi (atualmente é chamada somente de Nação Zumbi, após a morte do vocalista Chico Science).
* Música de Jorge Ben também cantada por Caetano Veloso nos CDs Noites do Norte e Noites do Norte Ao Vivo.
* Música "300 anos" gravada por Alcione em 2007 (composta por Altay Veloso e Paulo César Feital).
* Nome do aeroporto de Maceió, Alagoas (Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares).
* Musica "Palmares 1999" feita por Natiruts.
O Quilombo dos Palmares (localizado na atual região de União dos Palmares, Alagoas) era uma comunidade auto-sustentável, um reino (ou república na visão de alguns) formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas, prisões e senzalas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado de Alagoas. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas.
Zumbi nasceu em Palmares, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado 'Francisco', Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa. Apesar destas tentativas de aculturá-lo, Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem. Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos anos.
Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita, mas Zumbi rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares.
Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio Soares, e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.
Em 14 de março de 1696 o governador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro escreveu ao Rei: "Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares."
[editar] Polêmicas
Alguns autores levantam a possibilidade de que Zumbi não tenha sido o verdadeiro herói do Quilombo dos Palmares e sim Ganga-Zumba:
"Os escravos que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos eram capturados e convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não era contra a iniqüidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão própria, mas não da escravidão alheia.[...]"[1]
Segundo alguns estudiosos Ganga Zumba teria sido assassinado, e os negros de Palmares elevaram a categoria de chefe, Zumbi:
"Depois de feitas as pazes em 1678, os negros mataram o rei Ganga-Zumba, envenenando-o, e Zumbi assumiu o governo e o comando-em-chefe do Quilombo"[2]
Seu governo também teria sido caracterizado pelo despotismo:
"Se algum escravo fugia dos Palmares, eram enviados negros no seu encalço e, se capturado, era executado pela ‘severa justiça’ do quilombo"[3]
[editar] Cronologia
* Mais ou menos em 1600: negros fugidos do trabalho escravo nos engenhos de açúcar, onde hoje são os estados de Pernambuco e Alagoas no Brasil, fundam na serra da Barriga o Quilombo dos Palmares. Os quilombos, eram povoados de resistência, seguiam os moldes organizacionais da república e recebiam escravos fugidos da opressão e tirania. Para muitos era a terra prometida, um lugar para fugir da escravidão. A população de Palmares em pouco tempo já contava com mais de 3 mil habitantes. As principais funções dos quilombos eram a subsistência e a proteção dos seus habitantes, e eram constantemente atacados por exércitos e milícias.
* 1630: Começam as invasões holandesas no nordeste brasileiro. O que desorganiza a produção açucareira e facilita as fugas dos escravos. Em 1644, houve uma grande tentativa holandesa de aniquilar com o quilombo de Palmares, que como nas investidas portuguesas anteriores, foi repelida pelas defesas dos quilombolas.
* 1654: Os holandeses deixam o nordeste brasileiro.
* 1655: Nasce Zumbi, num dos mocambos de Palmares, neto da princesa Aqualtune.
* Por volta de 1662 (data não confirmada): Criança ainda, Zumbi é aprisionado por soldados portugueses e levado a Porto Calvo, onde é "dado" ao padre jesuíta António Melo. Este o batizou com o nome de Francisco. Zumbi passou a ajudar nas missas e estudar português e latim.
* 1670: Zumbi aos quinze anos de idade foge e regressa a Palmares. Neste mesmo ano de 1670, Ganga Zumba, filho da Princesa Aqualtune, tio de Zumbi, assume a chefia do quilombo, então com mais de trinta mil habitantes.
* 1675: Na luta contra os soldados portugueses comandados pelo Sargento-mor Manuel Lopes, Zumbi revela-se grande guerreiro e organizador militar. Neste ano, a tropa portuguesa comandada pelo Sargento-mor Manuel Lopes, depois de uma batalha sangrenta, ocupa um mocambo com mais de mil choupanas. Depois de uma retirada de cinco meses, os negros contra-atacam, entre eles Zumbi com apenas vinte anos de idade, e após um combate feroz, Manuel Lopes é obrigado a se retirar para Recife. Palmares se estendia então da margem esquerda do São Francisco até o Cabo de Santo Agostinho e tinha mais de duzentos quilômetros de extensão, era uma república com uma rede de onze mocambos, que se assemelhavam as cidades muradas medievais da europa, mas no lugar das pedras haviam paliçadas de madeira. O principal mocambo, o que foi fundado pelo primeiro grupo de escravos foragidos, ficava na Serra da Barriga e levava o nome de Cerca do Macaco. Duas ruas espaçosas com umas 1500 choupanas e uns oito mil habitantes. Amaro, outro mocambo, tem 5 mil. E há outros, como Sucupira, Tabocas, Zumbi, Osenga, Acotirene, Danbrapanga, Sabalangá, Andalaquituche.
* 1678: A Pedro de Almeida, governador da capitania de Pernambuco, mais interessava a submissão do que a destruição de Palmares, após inúmeros ataques com a destruição e incêndios de mocambos, eles eram reconstruídos, e passou a ser economicamente desinteressante, os habitantes dos mocambos faziam esteiras, vassouras, chapéus, cestos e leques com a palha das palmeiras. E extraiam óleo da noz de palma, as vestimentas eram feitas das cascas de algumas árvores, produziam manteiga de coco, plantavam milho, mandioca, legumes, feijão e cana e comercializavam seus produtos com pequenas povoações vizinhas, de brancos e mestiços. Sendo assim o governador propôs ao chefe Ganga Zumba a paz e a alforria para todos os quilombolas de Palmares. Ganga Zumba aceita, mas Zumbi é contra, não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos. Além do mais eles tinham suas próprias Leis e Crenças e teriam que abrir mão de sua cultura.
* 1680: Zumbi assume o lugar de Ganga Zumba em Palmares e comanda a resistência contra as tropas portuguesas. Ganga Zumba morre assassinado com veneno.
* 1694: Domingos Jorge Velho e Bernardo Vieira de Melo comandam o ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares e onde Zumbi nasceu, cercada com três paliçadas cada uma defendida por mais de 200 homens armados, após 94 anos de resistência, sucumbiu ao exército português, e embora ferido, Zumbi consegue fugir.
* 1695, 20 de Novembro: Zumbi foi traído e denunciado por um antigo companheiro, ele é localizado, preso e degolado aos 40 anos de idade. Zumbí ou "Eis o Espírito", virou uma lenda e foi amplamente citado pelos abolicionistas como herói e mártir.
[editar] Tributo
Escultura em homenagem a Zumbi dos Palmares em Poá - SP.
Zumbi é hoje, para determinados segmentos da população brasileira, um símbolo de resistência. Em 1995, a data de sua morte foi adotada como o dia da Consciência Negra. É também um dos nomes mais importantes da Capoeira[4].
Atualmente, o dia 20 de novembro, feriado em mais de 200 cidades brasileiras, é celebrado como Dia da Consciência Negra. O dia tem um significado especial para os negros brasileiros que reverenciam Zumbi como o herói que lutou pela liberdade e como um símbolo de liberdade. Hilda Dias dos Santos incentivou a criação do Memorial Zumbi dos Palmares.
Várias referências nas artes fazem tributo a seu nome:
* Música composta por Edu Lobo e Vinicius de Moraes e popularizada por Elis Regina.
* Mencionado em diversas letras da banda Soulfly.
* Mencionado na música "Ratamahatta", da banda Sepultura.
* Mencionado na música "Apesar de Cigano", composta por Altay Veloso e Aladim Teixeira, e interpretada por Jorge Vercillo no álbum "Leve".
* Seu nome é dado a um lutador no jogo feito em Adobe Flash: Capoeira Fighter 2.
* Quilombo, 1985, filme de Carlos Diegues sobre o Quilombo dos Palmares, ASIN B0009WIE8E
* Gilberto Gil lançou um CD chamado "Z300 Anos de Zumbi".
* A banda de nome Chico Science & Nação Zumbi (atualmente é chamada somente de Nação Zumbi, após a morte do vocalista Chico Science).
* Música de Jorge Ben também cantada por Caetano Veloso nos CDs Noites do Norte e Noites do Norte Ao Vivo.
* Música "300 anos" gravada por Alcione em 2007 (composta por Altay Veloso e Paulo César Feital).
* Nome do aeroporto de Maceió, Alagoas (Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares).
* Musica "Palmares 1999" feita por Natiruts.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
QUILOMBOS EM RONDÔNIA
Identificação de quilombo em reserva biológica cria polêmica em Rondônia
Autor: Bruno Weis | Fonte: ISA
Uma portaria publicada no começo de outubro pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) é exemplo acabado da conversa de surdo e mudo existente entre órgãos do governo federal. A portaria número 29, publicada no último dia 5 e assinada pelo superintendente regional do Incra em Rondônia, determina a demarcação de um quilombo no Vale do Guaporé, região no extremo noroeste do estado. O problema é que o quilombo, chamado Santo Antônio, tem seu território sobreposto à Reserva Biológica (Rebio) do Guaporé, uma Unidade de Conservação (UC) federal de proteção integral, administrada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A sobreposição é proibida por lei. Agora, Ibama e Incra esgrimam argumentos na tentativa de defender cada qual o seu quinhão. Enquanto isso, as 21 famílias quilombolas que habitam o local sobrevivem dos benefícios dos programas assistenciais do governo federal e a floresta em seu entorno desaparece ao ritmo constante dos tratores de madeireiros e pecuaristas.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) proíbe que os recursos naturais da Rebio do Guaporé – criada há 20 anos em uma área de mais de 605 mil hectares - sejam explorados por qualquer pessoa, mesmo que faça parte de população tradicional. Com a exceção de atividades educacionais, nada pode ser feito dentro de qualquer UC de proteção integral. Acontece que os quilombolas do vale do Guaporé são descendentes de escravos fugidos que chegaram na região há pelo menos 200 anos. É por isso que o superintendente do Incra em Rondônia, Olavo Nielow, diz que a reserva nunca deveria ter sido criada na área ocupada pela comunidade. “Não há como contestar a existência do quilombo, muito mais antigo do que a criação da reserva”, diz Nienow.
O chefe do Incra garante que o Ibama integrou o grupo de trabalho para a regularização fundiária dos quilombos – além de Santo Antonio (com área de quase 87 mil hectares), outra comunidade do Vale do Guaporé foi contemplada por portaria do Incra no dia 5: o quilombo de Pedras Negras, mais ao sul do vale - por sua vez sobreposto a uma Reserva Extrativista estadual -, foi declarado com quase 43 mil hectares. Além de Incra e Ibama, as comissões que decidiram pela demarcação dos quilombos também contaram, de acordo com as portarias, com representantes do governo estadual e da Universidade Federal de Rondônia.
Tentativas de despejo
Olavo Nienow explica que a regularização fundiária das comunidades é urgente. Relata que a comunidade de Santo Antônio, em especial, tem sofrido ao longo dos anos um histórico de ameaças, violências e tentativas de despejo. “O mais grave é que a reserva é constantemente invadida por madeireiros e não há fiscalização suficiente”, reclama. “E os quilombolas são exatamente os que mais ajudam a preservar os recursos naturais da área”. Ele afirma que, embora a relação entre Incra e Ibama realmente não seja “muito amistosa”, as divergências devem ser tratadas nas esferas federais, ou seja, em Brasília.
O gerente executivo do Ibama em Ji-Paraná (RO), Walmir de Jesus, esteve em Brasília na segunda-feira, 31 de outubro, reunido com o presidente do órgão, Marcus Barros. A sobreposição do quilombo na Rebio, entretanto, não estava na pauta da reunião. Na última sexta-feira, o gerente regional fora denunciado pela polícia por estelionato e apropriação indébita de madeira, conforme notícias veiculadas pela imprensa. Walmir de Jesus está sendo acusado de facilitar a retirada irregular de 16 mil metros cúbicos de madeira nobre, o equivalente a cerca de 8 mil árvores de uma reserva florestal de Rondônia. Sobre o caso da sobreposição, Walmir de Jesus é enfático. “Somos contrários à forma como o Incra conduziu o processo. Houve má-fé na criação dos quilombos, os limites são artificiais”.
O funcionário diz que o Ibama vai realizar um novo trabalho antropológico, segundo ele “honesto”e “sério”, para rever os limites das áreas das comunidades. “Sabemos que cerca de 80% da verdadeira área de Santo Antônio fica fora da Rebio, onde atualmente existem fazendas. Como é muito mais difícil mexer com os fazendeiros, colocaram o quilombo em cima da reserva”. Walmir de Jesus nega ainda que o Ibama tenha participado das comissões citadas nas portarias do Incra. “Do jeito que ficou, a área da Santo Antônio está superdimensionada e a da Pedras Negras, subdimensionada”. O gerente do Ibama admite que, ainda que a presença da comunidade quilombola não prejudique as condições de conservação das espécies na reserva biológica, a situação pode se agravar. “O impacto seria muito maior com a demarcação definitiva, pois muita gente que saiu de lá pode voltar e aumentar a população”.
A bióloga Mariluce Messias, presidente da Ação Ecológica Vale do Guaporé (Ecoporé), a ONG ambiental mais antiga de Rondônia, também contesta a criação de ambos os quilombos. Para ela, trata-se de “uma má notícia travestida de boa notícia”. “No caso do quilombo de Santo Antônio, a comunidade foi expulsa por fazendeiros dentro da Rebio e pressionados a demandar o reconhecimento do território ali dentro”, explica. “E, no caso do quilombo de Pedras Negras, o que aconteceu foi que a criação da área diminui drasticamente o território da comunidade, que antes podia ocupar toda a Reserva Extrativista. Agora eles têm uma área insuficiente para sobreviver e, quando buscarem recursos naturais fora dos limites do quilombo, estarão ilegais em sua própria terra”.
A tese de doutorado do historiador Marco Antônio Teixeira, da Universidade Federal de Rondônia, fundamentou a portaria do Incra que está sendo objeto de polêmica. “A criação da Rebio e a presença do Ibama foram dois fatores que oprimiram a comunidade de Santo Antônio do Guaporé”, acusa Teixeira. Ele conta que o Vale do Guaporé é a única região rondoniense com população quilombola, descendente dos escravos que trabalharam na mineração do ouro entre 1734 e 1835, a partir da antiga capital do Mato Grosso, Vila Bela da Santa Trindade. “Atualmente no vale existem 3 comunidades reconhecidas e outras oito com estudos em andamento. Mas pelo menos quatro foram extintas depois da criação da Rebio”, afirma o pesquisador. Ele diz que Santo Antônio chegou a ter 300 habitantes e que, agora, estes não passam de oitenta. “As pessoas foram expulsas e acabaram nas periferias das cidades, muitas no tráfico ou na prostituição”, afirma. “Com a demarcação das terras, os quilombolas terão liberdade para manejar os recursos naturais e cultivar roças”.
Atração turística
José Soares Neto, uma das lideranças das comunidades quilombolas do Vale do Guaporé, nega que os moradores de Santo Antônio tenham se transplantado para a atual localização do quilombo. “Nunca houve nenhum quilombola nas fazendas. O que acontecia é que, no passado, nossos ancestrais viviam escondidos na mata, longe da beira do rio, para onde foram apenas mais recentemente”, explica. “O Ibama deveria ter mais responsabilidade”. A liderança quilombola diz ter sido um dos criadores da ONG Ecovale que, em 1999, se credenciou como colaboradora do Ibama em atividades de preservação do Vale do Guaporé.
Há alguns anos, inclusive, a presença das comunidades quilombolas na região era tratada como atração em pacotes de ecoturismo para a região. Os visitantes eram convidados a conviver com as comunidades centenárias e a acompanhar as atividades de extração e defumação da seringa, a coleta da castanha e a fabricação artesanal da farinha de mandioca. Soares Neto conta que a parceria se deu exclusivamente na reserva extrativista das Pedras Negras. “Porque na Rebio o Ibama nunca nos apoiou em nada, muito pelo contrário”. Ele ressalva o órgão tem quadros conscientes da situação quilombola na região mas que, em geral, a presença das comunidades negras incomoda mais os funcionários que trabalham na Rebio do que a existência de índios. “A discriminação é muito maior contra os negros”.
Além de estar agora sobreposta a uma comunidade quilombola, a Rebio do Guaporé tem parte de sua área incidindo sobre a Terra Indígena Massaco, onde vivem povos indígenas isolados. E também é limítrofe à TI Rio Branco, habitadada pelos Aruá, Kanoe, Makurap, Tupari, entre outros índios. O chefe da Reserva Biológica do Guaporé, Samuel Nienow - filho do superintendente do Incra no estado -, afirma que quer saber se os sítios arqueológicos encontrados na reserva são indígenas ou quilombolas. “Temos que respeitar o direito das comunidades, mas a Rebio precisa de proteção, pois abriga espécies ameaçadas de extinção e é seu local de reprodução”, afirma. Samuel Nienow diz que já ouviu falar da relação complicada entre o Ibama e os quilombos na região do Guaporé. “Mas acredito que podemos ter uma parceria com eles para somar o lado ambiental ao social”.
Presença negra na Amazônia
A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), estima que existam cerca de mil comunidades quilombolas na Amazônia, sendo que o Pará concentra 335 delas e o Maranhão, 535. Números de uma presença que boa parte dos brasileiros ignora. O antropólogo Alfredo Wagner, da Universidade Federal do Amazonas, autor do projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, lembra que a historiografia sempre omitiu ou subdimensionou a presença negra na maior floresta tropical do planeta. “Esta omissão combina com o discurso ambientalista radical, que quer apagar a presença do homem na Amazônia”, aponta o pesquisador. “Os chamados conservacionistas não entendem que a presença destes grupos é que permitiu a reprodução de muitas espécies naturais”, critica.
O antropólogo afirma que alguns autores, entretanto, registraram e documentaram a introdução de escravos na Amazônia, inclusive sua relação com os povos indígenas. “Estes trabalhos evidenciam que a força do trabalho escravo na região não foi reduzida, como o senso comum tende a imaginar.” Wagner afirma que a chegada dos negros pelos portos de São Luís e Turiassú, no Maranhão, e Belém, no Pará, vindos principalmente das atuais Guiné, Angola, Congo e Moçambique, começou por volta de 1755, com a criação da Companhia Geral do Grão Pará e Maranhão. “A data coincide com a da abolição indígena”, lembra Wagner.
Ao longo de todo o período colonial, aproximadamente 50 mil escravos teriam entrado na Amazônia. Trabalharam para os jesuítas, militares em áreas de fronteira – o que os levou para a parte ocidental do território – e para grandes empreendimentos da coroa portuguesa e de fazendeiros brasileiros, como plantações de cana de açúcar, arroz, mineração de ouro e pecuária. “Tudo isso era feito com mão-de-obra escrava. O Estado português inclusive concedia crédito para os fazendeiros comprarem escravos”. Com o abandono das fazendas e o fim da escravidão, os quilombos se constituíram como núcleos agrícolas e extrativistas praticamente isolados da sociedade nacional. “Muitos quilombolas se tornaram seringueiros como meio de vida, mas não deixaram de manter sua própria cultura”, diz a pesquisadora Jô Brandão, da Conaq.
Autor: Bruno Weis | Fonte: ISA
Uma portaria publicada no começo de outubro pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) é exemplo acabado da conversa de surdo e mudo existente entre órgãos do governo federal. A portaria número 29, publicada no último dia 5 e assinada pelo superintendente regional do Incra em Rondônia, determina a demarcação de um quilombo no Vale do Guaporé, região no extremo noroeste do estado. O problema é que o quilombo, chamado Santo Antônio, tem seu território sobreposto à Reserva Biológica (Rebio) do Guaporé, uma Unidade de Conservação (UC) federal de proteção integral, administrada pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A sobreposição é proibida por lei. Agora, Ibama e Incra esgrimam argumentos na tentativa de defender cada qual o seu quinhão. Enquanto isso, as 21 famílias quilombolas que habitam o local sobrevivem dos benefícios dos programas assistenciais do governo federal e a floresta em seu entorno desaparece ao ritmo constante dos tratores de madeireiros e pecuaristas.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) proíbe que os recursos naturais da Rebio do Guaporé – criada há 20 anos em uma área de mais de 605 mil hectares - sejam explorados por qualquer pessoa, mesmo que faça parte de população tradicional. Com a exceção de atividades educacionais, nada pode ser feito dentro de qualquer UC de proteção integral. Acontece que os quilombolas do vale do Guaporé são descendentes de escravos fugidos que chegaram na região há pelo menos 200 anos. É por isso que o superintendente do Incra em Rondônia, Olavo Nielow, diz que a reserva nunca deveria ter sido criada na área ocupada pela comunidade. “Não há como contestar a existência do quilombo, muito mais antigo do que a criação da reserva”, diz Nienow.
O chefe do Incra garante que o Ibama integrou o grupo de trabalho para a regularização fundiária dos quilombos – além de Santo Antonio (com área de quase 87 mil hectares), outra comunidade do Vale do Guaporé foi contemplada por portaria do Incra no dia 5: o quilombo de Pedras Negras, mais ao sul do vale - por sua vez sobreposto a uma Reserva Extrativista estadual -, foi declarado com quase 43 mil hectares. Além de Incra e Ibama, as comissões que decidiram pela demarcação dos quilombos também contaram, de acordo com as portarias, com representantes do governo estadual e da Universidade Federal de Rondônia.
Tentativas de despejo
Olavo Nienow explica que a regularização fundiária das comunidades é urgente. Relata que a comunidade de Santo Antônio, em especial, tem sofrido ao longo dos anos um histórico de ameaças, violências e tentativas de despejo. “O mais grave é que a reserva é constantemente invadida por madeireiros e não há fiscalização suficiente”, reclama. “E os quilombolas são exatamente os que mais ajudam a preservar os recursos naturais da área”. Ele afirma que, embora a relação entre Incra e Ibama realmente não seja “muito amistosa”, as divergências devem ser tratadas nas esferas federais, ou seja, em Brasília.
O gerente executivo do Ibama em Ji-Paraná (RO), Walmir de Jesus, esteve em Brasília na segunda-feira, 31 de outubro, reunido com o presidente do órgão, Marcus Barros. A sobreposição do quilombo na Rebio, entretanto, não estava na pauta da reunião. Na última sexta-feira, o gerente regional fora denunciado pela polícia por estelionato e apropriação indébita de madeira, conforme notícias veiculadas pela imprensa. Walmir de Jesus está sendo acusado de facilitar a retirada irregular de 16 mil metros cúbicos de madeira nobre, o equivalente a cerca de 8 mil árvores de uma reserva florestal de Rondônia. Sobre o caso da sobreposição, Walmir de Jesus é enfático. “Somos contrários à forma como o Incra conduziu o processo. Houve má-fé na criação dos quilombos, os limites são artificiais”.
O funcionário diz que o Ibama vai realizar um novo trabalho antropológico, segundo ele “honesto”e “sério”, para rever os limites das áreas das comunidades. “Sabemos que cerca de 80% da verdadeira área de Santo Antônio fica fora da Rebio, onde atualmente existem fazendas. Como é muito mais difícil mexer com os fazendeiros, colocaram o quilombo em cima da reserva”. Walmir de Jesus nega ainda que o Ibama tenha participado das comissões citadas nas portarias do Incra. “Do jeito que ficou, a área da Santo Antônio está superdimensionada e a da Pedras Negras, subdimensionada”. O gerente do Ibama admite que, ainda que a presença da comunidade quilombola não prejudique as condições de conservação das espécies na reserva biológica, a situação pode se agravar. “O impacto seria muito maior com a demarcação definitiva, pois muita gente que saiu de lá pode voltar e aumentar a população”.
A bióloga Mariluce Messias, presidente da Ação Ecológica Vale do Guaporé (Ecoporé), a ONG ambiental mais antiga de Rondônia, também contesta a criação de ambos os quilombos. Para ela, trata-se de “uma má notícia travestida de boa notícia”. “No caso do quilombo de Santo Antônio, a comunidade foi expulsa por fazendeiros dentro da Rebio e pressionados a demandar o reconhecimento do território ali dentro”, explica. “E, no caso do quilombo de Pedras Negras, o que aconteceu foi que a criação da área diminui drasticamente o território da comunidade, que antes podia ocupar toda a Reserva Extrativista. Agora eles têm uma área insuficiente para sobreviver e, quando buscarem recursos naturais fora dos limites do quilombo, estarão ilegais em sua própria terra”.
A tese de doutorado do historiador Marco Antônio Teixeira, da Universidade Federal de Rondônia, fundamentou a portaria do Incra que está sendo objeto de polêmica. “A criação da Rebio e a presença do Ibama foram dois fatores que oprimiram a comunidade de Santo Antônio do Guaporé”, acusa Teixeira. Ele conta que o Vale do Guaporé é a única região rondoniense com população quilombola, descendente dos escravos que trabalharam na mineração do ouro entre 1734 e 1835, a partir da antiga capital do Mato Grosso, Vila Bela da Santa Trindade. “Atualmente no vale existem 3 comunidades reconhecidas e outras oito com estudos em andamento. Mas pelo menos quatro foram extintas depois da criação da Rebio”, afirma o pesquisador. Ele diz que Santo Antônio chegou a ter 300 habitantes e que, agora, estes não passam de oitenta. “As pessoas foram expulsas e acabaram nas periferias das cidades, muitas no tráfico ou na prostituição”, afirma. “Com a demarcação das terras, os quilombolas terão liberdade para manejar os recursos naturais e cultivar roças”.
Atração turística
José Soares Neto, uma das lideranças das comunidades quilombolas do Vale do Guaporé, nega que os moradores de Santo Antônio tenham se transplantado para a atual localização do quilombo. “Nunca houve nenhum quilombola nas fazendas. O que acontecia é que, no passado, nossos ancestrais viviam escondidos na mata, longe da beira do rio, para onde foram apenas mais recentemente”, explica. “O Ibama deveria ter mais responsabilidade”. A liderança quilombola diz ter sido um dos criadores da ONG Ecovale que, em 1999, se credenciou como colaboradora do Ibama em atividades de preservação do Vale do Guaporé.
Há alguns anos, inclusive, a presença das comunidades quilombolas na região era tratada como atração em pacotes de ecoturismo para a região. Os visitantes eram convidados a conviver com as comunidades centenárias e a acompanhar as atividades de extração e defumação da seringa, a coleta da castanha e a fabricação artesanal da farinha de mandioca. Soares Neto conta que a parceria se deu exclusivamente na reserva extrativista das Pedras Negras. “Porque na Rebio o Ibama nunca nos apoiou em nada, muito pelo contrário”. Ele ressalva o órgão tem quadros conscientes da situação quilombola na região mas que, em geral, a presença das comunidades negras incomoda mais os funcionários que trabalham na Rebio do que a existência de índios. “A discriminação é muito maior contra os negros”.
Além de estar agora sobreposta a uma comunidade quilombola, a Rebio do Guaporé tem parte de sua área incidindo sobre a Terra Indígena Massaco, onde vivem povos indígenas isolados. E também é limítrofe à TI Rio Branco, habitadada pelos Aruá, Kanoe, Makurap, Tupari, entre outros índios. O chefe da Reserva Biológica do Guaporé, Samuel Nienow - filho do superintendente do Incra no estado -, afirma que quer saber se os sítios arqueológicos encontrados na reserva são indígenas ou quilombolas. “Temos que respeitar o direito das comunidades, mas a Rebio precisa de proteção, pois abriga espécies ameaçadas de extinção e é seu local de reprodução”, afirma. Samuel Nienow diz que já ouviu falar da relação complicada entre o Ibama e os quilombos na região do Guaporé. “Mas acredito que podemos ter uma parceria com eles para somar o lado ambiental ao social”.
Presença negra na Amazônia
A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), estima que existam cerca de mil comunidades quilombolas na Amazônia, sendo que o Pará concentra 335 delas e o Maranhão, 535. Números de uma presença que boa parte dos brasileiros ignora. O antropólogo Alfredo Wagner, da Universidade Federal do Amazonas, autor do projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, lembra que a historiografia sempre omitiu ou subdimensionou a presença negra na maior floresta tropical do planeta. “Esta omissão combina com o discurso ambientalista radical, que quer apagar a presença do homem na Amazônia”, aponta o pesquisador. “Os chamados conservacionistas não entendem que a presença destes grupos é que permitiu a reprodução de muitas espécies naturais”, critica.
O antropólogo afirma que alguns autores, entretanto, registraram e documentaram a introdução de escravos na Amazônia, inclusive sua relação com os povos indígenas. “Estes trabalhos evidenciam que a força do trabalho escravo na região não foi reduzida, como o senso comum tende a imaginar.” Wagner afirma que a chegada dos negros pelos portos de São Luís e Turiassú, no Maranhão, e Belém, no Pará, vindos principalmente das atuais Guiné, Angola, Congo e Moçambique, começou por volta de 1755, com a criação da Companhia Geral do Grão Pará e Maranhão. “A data coincide com a da abolição indígena”, lembra Wagner.
Ao longo de todo o período colonial, aproximadamente 50 mil escravos teriam entrado na Amazônia. Trabalharam para os jesuítas, militares em áreas de fronteira – o que os levou para a parte ocidental do território – e para grandes empreendimentos da coroa portuguesa e de fazendeiros brasileiros, como plantações de cana de açúcar, arroz, mineração de ouro e pecuária. “Tudo isso era feito com mão-de-obra escrava. O Estado português inclusive concedia crédito para os fazendeiros comprarem escravos”. Com o abandono das fazendas e o fim da escravidão, os quilombos se constituíram como núcleos agrícolas e extrativistas praticamente isolados da sociedade nacional. “Muitos quilombolas se tornaram seringueiros como meio de vida, mas não deixaram de manter sua própria cultura”, diz a pesquisadora Jô Brandão, da Conaq.
NEGROS, HISTÓRIA E MEMÓRIA
Brasil Colônia
O Quilombo do Quariterê
Este texto é uma colaboração do Professor João de Medeiros Alves ao HISTORIANET
Como marco oficial, a História de Mato Grosso iniciou-se, em 1719, nas margens do rio Coxipó-Mirim, com a descoberta de ouro pelos homens que acompanhavam o bandeirante Pascoal Moreira Cabral.
Com o sucesso da mineração e a necessidade de garantir para Portugal, a posse de terras além Tratado de Tordesilhas, foi criado em 1748 a Capitania de Mato Grosso, sendo a primeira capital Vila Bela da Santíssima Trindade, na extremidade oeste do território colonial.
Para trabalhar na mineração, chegaram, no século XVIII, em Mato Grosso, os primeiros escravos de origem africana. Como resistência à escravidão, as fugas foram constantes, sendo individuais ou coletivas, formando diversos quilombos. Por ocasião da presença da capital â?? Vila Bela da Santíssima Trindade â?? a região do vale do rio Guaporé foi onde houve maior concentração dessas aldeias de escravos fugitivos.
O quilombo do Piolho ou Quariterê, no final do século XVIII, localizado próximo ao rio Piolho, ou Quariterê, reuniu negros nascidos na África e no Brasil, índios e mestiços de negros e índios (cafuzos). José Piolho, provavelmente foi o primeiro chefe do quilombo. Depois, assumiu o poder sua esposa, Teresa.
Fugidos da exploração branca, os habitantes do quilombo conviviam comunitariamente em uma fusão de elementos culturais de origem indígena e africana. Os homens caçavam, lenhavam, cuidavam dos animais e conseguiam mel na mata; as mulheres preparavam os alimentos e fabricavam panelas com barro, artesanato e roupas.
As dificuldades de abastecimento, principalmente de escravos, com que constantemente conviviam os habitantes da região guaporeana, levou-os a organizar uma bandeira para atacar os escravos fugitivos.
O poder público, através da Câmara Municipal de Vila Bela da Santíssima Trindade, e os proprietários de escravos patrocinaram a bandeira para destruir o quilombo e recapturar seus moradores.
A bandeira contendo cerca de trinta homens e comandada por João Leme de Prado, percorreu um mês de Vila Bela até o quilombo, e, de surpresa, atacou-o, prendendo quase a totalidade dos moradores. Alguns morreram no combate que se travou, outros fugiram.
Os escravos que sobreviveram foram capturados e levados para Vila Bela, sendo colocados para reconhecimento público, a mando do capitão-general de Mato Grosso Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres e após o ato de reconhecimento, os escravos foram submetidos a outros momentos de castigos, com surras, tendo parte de suas orelhas cortadas e tatuados o rosto com a letra "F" â?? de Fugitivo â?? feita com ferro em brasa.
O objetivo da repressão era intimidar novas fugas, porém, a vontade, o desejo e a luta pela liberdade era maior que essa humilhação. Tal conquista esteve presente por um bom tempo e em 1791 â?? duas décadas após a primeira â?? uma segunda bandeira foi organizada para recapturar negros fugitivos e, finalmente, acabar com o quilombo do Quariterê.
Comandada pelo alferes de dragão, Francisco Pedro de Melo, a bandeira de 1791 continha 45 homens que destruíram as edificações e plantações do quilombo, recapturando sua população e devolvendo aos seus donos, em Vila Bela. Porém, percebendo a ineficiência dos castigos físicos, os escravos não mais foram torturados publicamente.
Outros quilombos na região também foram destruídos, inclusive ao comando do mesmo alferes, Francisco de Melo, que assolou os quilombos de "João Félix" e o do "Mutuca".
No local do quilombo do Piolho, após sua destruição a mando do capitão-general João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, foi organizada uma aldeia â?? a Aldeia da Carlota â?? que visava o interesse português em garantir a posse da terra num local tão isolado. Os moradores da aldeia contavam com o apoio do governador.
Outros quilombos também foram organizados em terras mato-grossenses durante os séculos XVIII e XIX, podendo ser registrados aqui, apenas para exemplificar, os quilombos "Mutuca" e "Pindaituba", situados na Chapada dos Guimarães, os "Sepoutuba" e "Rio Manso", próximos a Vila Maria (atual Cáceres).
A historiadora Elizabeth Madureira refere-se à organização de 11 quilombos em Mato Grosso, porém registra o pouco que ainda foi percorrido e pesquisado sobre o assunto.
Referências Bibliográficas:
SIQUEIRA, Elizabeth Madureira e outras. O Processo Histórico de Mato Grosso. Cuiabá: Guaicurus, 1991.
SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. Revivendo Mato Grosso. Cuiabá: SEDUC, 1997.
* João de Medeiros Alves ( ajmedeiros@uol.com.br )
Lic. e Bacharel em História pela UFMT e mestrando em Educação pela UCDB/MS.
Professor no Colégio São Gonçalo e na Escola Estadual Salim Felício -- Cuiabá/MT.
O Quilombo do Quariterê
Este texto é uma colaboração do Professor João de Medeiros Alves ao HISTORIANET
Como marco oficial, a História de Mato Grosso iniciou-se, em 1719, nas margens do rio Coxipó-Mirim, com a descoberta de ouro pelos homens que acompanhavam o bandeirante Pascoal Moreira Cabral.
Com o sucesso da mineração e a necessidade de garantir para Portugal, a posse de terras além Tratado de Tordesilhas, foi criado em 1748 a Capitania de Mato Grosso, sendo a primeira capital Vila Bela da Santíssima Trindade, na extremidade oeste do território colonial.
Para trabalhar na mineração, chegaram, no século XVIII, em Mato Grosso, os primeiros escravos de origem africana. Como resistência à escravidão, as fugas foram constantes, sendo individuais ou coletivas, formando diversos quilombos. Por ocasião da presença da capital â?? Vila Bela da Santíssima Trindade â?? a região do vale do rio Guaporé foi onde houve maior concentração dessas aldeias de escravos fugitivos.
O quilombo do Piolho ou Quariterê, no final do século XVIII, localizado próximo ao rio Piolho, ou Quariterê, reuniu negros nascidos na África e no Brasil, índios e mestiços de negros e índios (cafuzos). José Piolho, provavelmente foi o primeiro chefe do quilombo. Depois, assumiu o poder sua esposa, Teresa.
Fugidos da exploração branca, os habitantes do quilombo conviviam comunitariamente em uma fusão de elementos culturais de origem indígena e africana. Os homens caçavam, lenhavam, cuidavam dos animais e conseguiam mel na mata; as mulheres preparavam os alimentos e fabricavam panelas com barro, artesanato e roupas.
As dificuldades de abastecimento, principalmente de escravos, com que constantemente conviviam os habitantes da região guaporeana, levou-os a organizar uma bandeira para atacar os escravos fugitivos.
O poder público, através da Câmara Municipal de Vila Bela da Santíssima Trindade, e os proprietários de escravos patrocinaram a bandeira para destruir o quilombo e recapturar seus moradores.
A bandeira contendo cerca de trinta homens e comandada por João Leme de Prado, percorreu um mês de Vila Bela até o quilombo, e, de surpresa, atacou-o, prendendo quase a totalidade dos moradores. Alguns morreram no combate que se travou, outros fugiram.
Os escravos que sobreviveram foram capturados e levados para Vila Bela, sendo colocados para reconhecimento público, a mando do capitão-general de Mato Grosso Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres e após o ato de reconhecimento, os escravos foram submetidos a outros momentos de castigos, com surras, tendo parte de suas orelhas cortadas e tatuados o rosto com a letra "F" â?? de Fugitivo â?? feita com ferro em brasa.
O objetivo da repressão era intimidar novas fugas, porém, a vontade, o desejo e a luta pela liberdade era maior que essa humilhação. Tal conquista esteve presente por um bom tempo e em 1791 â?? duas décadas após a primeira â?? uma segunda bandeira foi organizada para recapturar negros fugitivos e, finalmente, acabar com o quilombo do Quariterê.
Comandada pelo alferes de dragão, Francisco Pedro de Melo, a bandeira de 1791 continha 45 homens que destruíram as edificações e plantações do quilombo, recapturando sua população e devolvendo aos seus donos, em Vila Bela. Porém, percebendo a ineficiência dos castigos físicos, os escravos não mais foram torturados publicamente.
Outros quilombos na região também foram destruídos, inclusive ao comando do mesmo alferes, Francisco de Melo, que assolou os quilombos de "João Félix" e o do "Mutuca".
No local do quilombo do Piolho, após sua destruição a mando do capitão-general João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, foi organizada uma aldeia â?? a Aldeia da Carlota â?? que visava o interesse português em garantir a posse da terra num local tão isolado. Os moradores da aldeia contavam com o apoio do governador.
Outros quilombos também foram organizados em terras mato-grossenses durante os séculos XVIII e XIX, podendo ser registrados aqui, apenas para exemplificar, os quilombos "Mutuca" e "Pindaituba", situados na Chapada dos Guimarães, os "Sepoutuba" e "Rio Manso", próximos a Vila Maria (atual Cáceres).
A historiadora Elizabeth Madureira refere-se à organização de 11 quilombos em Mato Grosso, porém registra o pouco que ainda foi percorrido e pesquisado sobre o assunto.
Referências Bibliográficas:
SIQUEIRA, Elizabeth Madureira e outras. O Processo Histórico de Mato Grosso. Cuiabá: Guaicurus, 1991.
SIQUEIRA, Elizabeth Madureira. Revivendo Mato Grosso. Cuiabá: SEDUC, 1997.
* João de Medeiros Alves ( ajmedeiros@uol.com.br )
Lic. e Bacharel em História pela UFMT e mestrando em Educação pela UCDB/MS.
Professor no Colégio São Gonçalo e na Escola Estadual Salim Felício -- Cuiabá/MT.
Novembro Mês da Consciência Negra
Rotas da escravidão
É difícil saber quantos africanos foram trazidos para o Brasil ao longo de três séculos de tráfico negreiro. Muitos registros que poderiam tornar os dados mais precisos foram perdidos ou destruídos. As estimativas indicam que entre 3.300.000 e oito milhões de pessoas desembarcaram nos portos brasileiros para serem vendidas como escravas, de meados do século XVI até 1850, quando o tráfico foi efetivamente abolido pela Lei Eusébio de Queiroz.
As quatro principais rotas dos navios negreiros que ligaram o continente africano ao Brasil foram as da Guiné, Mina, Angola e Moçambique. Elas concentravam o comércio de seres humanos que, na maioria dos casos, eram aprisionados em guerras feitas por chefes tribais, reis ou sobas africanos para esse fim. Os traficantes, principalmente portugueses, mas também de outras nações européias e posteriormente brasileiros, obtinham os prisioneiros em troca de armas de fogo, tecidos, espelhos, utensílios de vidro, de ferro, tabaco e aguardente, entre outros. Os navios, dependendo do tipo, traziam de 300 a 600 cativos por vez. Entre 10% e 20% deles morriam na viagem.
Rota da Guiné
No século XVI, a Alta Guiné foi o principal núcleo de obtenção de africanos para serem escravizados pelos traficantes portugueses. De Cabo Verde, saíam navios com cativos vindos principalmente da região onde hoje se situam Guiné-Bissau, Senegal, Mauritânia, Gâmbia, Serra Leoa, Libéria e Costa do Marfim. Essa área era habitada por diferentes povos, entre os quais os balantas, fulas, mandingas, manjacos, diolas, uolofes e sereres.
O destino desses prisioneiros, no Brasil, eram as regiões Nordeste e Norte. Mas a Rota da Guiné teve menor impacto sobre a formação da população brasileira do que as outras rotas, pois a necessidade de mão-de-obra nas Américas ainda era pequena no primeiro século da colonização.
Rota da Mina
A fortaleza de São Jorge da Mina foi erguida pelos portugueses por volta de 1482 na costa da atual Gana, para proteger o comércio de ouro na região. Embora tomada pelos holandeses em 1632, ela se tornaria, ainda no século XVII, um importante entreposto do tráfico de africanos escravizados para o Brasil e outros países.
Os africanos embarcados na Mina (ou Elmina) e nos outros portos do Golfo da Guiné eram principalmente dos grupos axanti, fanti, iorubá, hauçá, ibô, fon, ewe-fon, bariba e adjá. Além de Gana, eles eram trazidos dos atuais territórios de Burkina Faso, Benim, Togo, Nigéria, sul do Níger, Chad, norte do Congo e norte do Gabão, para atender à crescente demanda por mão-de-obra ocasionada pelo desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar no Brasil e no Caribe. Os portos brasileiros, do Maranhão ao Rio de Janeiro, com destaque para Salvador, foram abastecidos por essa rota até a primeira metade do século XIX.
Rota de Angola
Essa rota forneceu cerca de 40% dos 10 milhões de africanos trazidos para as Américas. No caso do Brasil, os navios que partiam da costa dos atuais territórios do Congo e de Angola se destinavam principalmente aos portos de Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Os povos da África Central Atlântica, como os ovimbundos, bacongos, ambundos e muxicongos, pertenciam ao chamado grupo linguístico banto, que reúne cerca de 450 línguas.
O tráfico dessa região para o Brasil começou ainda no século XVI. Foi inicialmente marcado pela aliança entre os portugueses e o reino do Congo. Mas, para escapar do monopólio do rei congolês no fornecimento de africanos escravizados, Portugal passou a concentrar esforços na região mais ao sul, onde hoje se situa Angola. De lá, veio a maior parte dos africanos que entraram no Brasil, principalmente pelo Rio de Janeiro, no período colonial.
Rota de Moçambique
No início do século XIX, a Inglaterra passou a pressionar Portugal no sentido de acabar com o tráfico negreiro, o que resultou nos tratados de 1810 entre os dois países. Para escapar ao controle britânico na maior parte do Atlântico, muitos traficantes se voltaram para uma rota até então pouco explorada, que partia da África Oriental. Os navios saíam principalmente dos portos de Lourenço Marques (atual Maputo), Inhambane e Quelimane, em Moçambique, e se dirigiam ao Rio de Janeiro.
Africanos embarcados nesses portos pertenciam a uma diversidade de povos, entre os quais os macuas, swazis, macondes e ngunis, e ganhavam no Brasil a designação geral de "moçambiques". Entre 18% a 27% da população africana no Rio do século XIX era de moçambiques. No entanto, nem todos vinham da colônia portuguesa e, sim, de regiões vizinhas – onde hoje estão Quênia, Tanzânia, Malauí, Zâmbia, Zimbábue, África do Sul e Madagascar. O grupo linguístico majoritário era o banto.
É difícil saber quantos africanos foram trazidos para o Brasil ao longo de três séculos de tráfico negreiro. Muitos registros que poderiam tornar os dados mais precisos foram perdidos ou destruídos. As estimativas indicam que entre 3.300.000 e oito milhões de pessoas desembarcaram nos portos brasileiros para serem vendidas como escravas, de meados do século XVI até 1850, quando o tráfico foi efetivamente abolido pela Lei Eusébio de Queiroz.
As quatro principais rotas dos navios negreiros que ligaram o continente africano ao Brasil foram as da Guiné, Mina, Angola e Moçambique. Elas concentravam o comércio de seres humanos que, na maioria dos casos, eram aprisionados em guerras feitas por chefes tribais, reis ou sobas africanos para esse fim. Os traficantes, principalmente portugueses, mas também de outras nações européias e posteriormente brasileiros, obtinham os prisioneiros em troca de armas de fogo, tecidos, espelhos, utensílios de vidro, de ferro, tabaco e aguardente, entre outros. Os navios, dependendo do tipo, traziam de 300 a 600 cativos por vez. Entre 10% e 20% deles morriam na viagem.
Rota da Guiné
No século XVI, a Alta Guiné foi o principal núcleo de obtenção de africanos para serem escravizados pelos traficantes portugueses. De Cabo Verde, saíam navios com cativos vindos principalmente da região onde hoje se situam Guiné-Bissau, Senegal, Mauritânia, Gâmbia, Serra Leoa, Libéria e Costa do Marfim. Essa área era habitada por diferentes povos, entre os quais os balantas, fulas, mandingas, manjacos, diolas, uolofes e sereres.
O destino desses prisioneiros, no Brasil, eram as regiões Nordeste e Norte. Mas a Rota da Guiné teve menor impacto sobre a formação da população brasileira do que as outras rotas, pois a necessidade de mão-de-obra nas Américas ainda era pequena no primeiro século da colonização.
Rota da Mina
A fortaleza de São Jorge da Mina foi erguida pelos portugueses por volta de 1482 na costa da atual Gana, para proteger o comércio de ouro na região. Embora tomada pelos holandeses em 1632, ela se tornaria, ainda no século XVII, um importante entreposto do tráfico de africanos escravizados para o Brasil e outros países.
Os africanos embarcados na Mina (ou Elmina) e nos outros portos do Golfo da Guiné eram principalmente dos grupos axanti, fanti, iorubá, hauçá, ibô, fon, ewe-fon, bariba e adjá. Além de Gana, eles eram trazidos dos atuais territórios de Burkina Faso, Benim, Togo, Nigéria, sul do Níger, Chad, norte do Congo e norte do Gabão, para atender à crescente demanda por mão-de-obra ocasionada pelo desenvolvimento da cultura da cana-de-açúcar no Brasil e no Caribe. Os portos brasileiros, do Maranhão ao Rio de Janeiro, com destaque para Salvador, foram abastecidos por essa rota até a primeira metade do século XIX.
Rota de Angola
Essa rota forneceu cerca de 40% dos 10 milhões de africanos trazidos para as Américas. No caso do Brasil, os navios que partiam da costa dos atuais territórios do Congo e de Angola se destinavam principalmente aos portos de Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Os povos da África Central Atlântica, como os ovimbundos, bacongos, ambundos e muxicongos, pertenciam ao chamado grupo linguístico banto, que reúne cerca de 450 línguas.
O tráfico dessa região para o Brasil começou ainda no século XVI. Foi inicialmente marcado pela aliança entre os portugueses e o reino do Congo. Mas, para escapar do monopólio do rei congolês no fornecimento de africanos escravizados, Portugal passou a concentrar esforços na região mais ao sul, onde hoje se situa Angola. De lá, veio a maior parte dos africanos que entraram no Brasil, principalmente pelo Rio de Janeiro, no período colonial.
Rota de Moçambique
No início do século XIX, a Inglaterra passou a pressionar Portugal no sentido de acabar com o tráfico negreiro, o que resultou nos tratados de 1810 entre os dois países. Para escapar ao controle britânico na maior parte do Atlântico, muitos traficantes se voltaram para uma rota até então pouco explorada, que partia da África Oriental. Os navios saíam principalmente dos portos de Lourenço Marques (atual Maputo), Inhambane e Quelimane, em Moçambique, e se dirigiam ao Rio de Janeiro.
Africanos embarcados nesses portos pertenciam a uma diversidade de povos, entre os quais os macuas, swazis, macondes e ngunis, e ganhavam no Brasil a designação geral de "moçambiques". Entre 18% a 27% da população africana no Rio do século XIX era de moçambiques. No entanto, nem todos vinham da colônia portuguesa e, sim, de regiões vizinhas – onde hoje estão Quênia, Tanzânia, Malauí, Zâmbia, Zimbábue, África do Sul e Madagascar. O grupo linguístico majoritário era o banto.
MUTO BOM!
Curso de Desenho de Som Capitação em Porto Velho
CURSO
Henrique Dantas, Hans Herold e Nicolas Hallet entrevistando Paulinho Boca
O CANNE- Centro Audiovisual Norte-Nordeste, continua descentralizando as oportunidades de formação de profissionais da área técnica do Audiovisual das regiões Nordeste e Norte e leva para Porto Velho, em parceria com a SECEL e ABD/RO o curso de DESENHO DE SOM – CAPTAÇÃO com Nicolas Hallet.
NICOLAS HALLET
Diretor, roteirista e técnico de som, formado em Cinema e Vídeo na Academie de Beaux Arts de Bruxelles, na Bélgica. Ministra cursos de captação de som desde 1999 no Brasil. Já trabalhou em dezenas de filmes, dentre eles: "Pau Brasil", de Fernando Bélens; "KFZ 1348" de Gabriel Mascaro e Marcelo Pedroso, recebeu o prêmio de melhor som no Festival Cine Ceará de 2005 pelo áudio do filme "Entre Paredes", de Eric Laurence; melhor som em dois filmes de Brasília 2010: no premiado “Ave Maria Ou Mãe Dos Sertanejos”, de Camilo Cavalcante e “Azul”, de Eric Laurence.
O CURSO
Tem como objetivo o aprimoramento dos profissionais de áudio e tratará de conteúdos que vão desde a arte da captação até noções de física do som e acústica, o processo de gravação e suas adversidades, a importância de um projeto sonoro e a passagem do analógico para o digital. Conteúdos: Operador de Áudio - um trabalho artesanal. Noções de física do som, de acústica, de paisagem sonora. O processo de gravação microfones, mixer e gravadores. Diferentes captações, dependentes do formato: reportagem, documentário, propaganda, ficção. Relações com os outros departamentos da produção. A importância de um projeto sonoro: o Desenho de Som. Captação de Áudio em meio interno. Trabalho com a acústica do lugar, uso dos microfones adaptados, revisão do material. Captação de Áudio em meio externo. Trabalho com ambiente: Organizar o material captado, passagem do analógico para o digital, do digital para a ilha de edição, sincronização.
PRÉ-REQUISITOS PARA SELEÇÃO
Pessoas interessadas em treinamento e atualização na área de captação de áudio em vídeo/cinema, o candidato deverão ter alguma experiência de captação de áudio em vídeo/cinema ou em estúdio de som.
Período de 8 à 13 de Novembro em Porto Velho. Vagas Limitadas e gratuitas.
Informações e inscrições: abdrondonia@yahoo.com.br
Fonte: Canne/ABD/RO
CURSO
Henrique Dantas, Hans Herold e Nicolas Hallet entrevistando Paulinho Boca
O CANNE- Centro Audiovisual Norte-Nordeste, continua descentralizando as oportunidades de formação de profissionais da área técnica do Audiovisual das regiões Nordeste e Norte e leva para Porto Velho, em parceria com a SECEL e ABD/RO o curso de DESENHO DE SOM – CAPTAÇÃO com Nicolas Hallet.
NICOLAS HALLET
Diretor, roteirista e técnico de som, formado em Cinema e Vídeo na Academie de Beaux Arts de Bruxelles, na Bélgica. Ministra cursos de captação de som desde 1999 no Brasil. Já trabalhou em dezenas de filmes, dentre eles: "Pau Brasil", de Fernando Bélens; "KFZ 1348" de Gabriel Mascaro e Marcelo Pedroso, recebeu o prêmio de melhor som no Festival Cine Ceará de 2005 pelo áudio do filme "Entre Paredes", de Eric Laurence; melhor som em dois filmes de Brasília 2010: no premiado “Ave Maria Ou Mãe Dos Sertanejos”, de Camilo Cavalcante e “Azul”, de Eric Laurence.
O CURSO
Tem como objetivo o aprimoramento dos profissionais de áudio e tratará de conteúdos que vão desde a arte da captação até noções de física do som e acústica, o processo de gravação e suas adversidades, a importância de um projeto sonoro e a passagem do analógico para o digital. Conteúdos: Operador de Áudio - um trabalho artesanal. Noções de física do som, de acústica, de paisagem sonora. O processo de gravação microfones, mixer e gravadores. Diferentes captações, dependentes do formato: reportagem, documentário, propaganda, ficção. Relações com os outros departamentos da produção. A importância de um projeto sonoro: o Desenho de Som. Captação de Áudio em meio interno. Trabalho com a acústica do lugar, uso dos microfones adaptados, revisão do material. Captação de Áudio em meio externo. Trabalho com ambiente: Organizar o material captado, passagem do analógico para o digital, do digital para a ilha de edição, sincronização.
PRÉ-REQUISITOS PARA SELEÇÃO
Pessoas interessadas em treinamento e atualização na área de captação de áudio em vídeo/cinema, o candidato deverão ter alguma experiência de captação de áudio em vídeo/cinema ou em estúdio de som.
Período de 8 à 13 de Novembro em Porto Velho. Vagas Limitadas e gratuitas.
Informações e inscrições: abdrondonia@yahoo.com.br
Fonte: Canne/ABD/RO
Novembro Mês da Consciência Negra
WILSON NICOLA
Viajei por tantos mares
Atravessei tantos mundos
Tornei-me um deus desterrado
Dentro de um outro terreiro
Um a um perdi meus reinos
Meus tesouros meus assuntos
Mas serei um deus guerreiro.
Mesmo que um navio negreiro
Me leve pra outro mundo
Sou oxum e iemanjá
Sou os ventos de iansã
Beleza, força, coragem
Todas na grande viagem
Vem junto obá e nanã
Sou ogum e sou xangô
Sou oxóssi o caçador
Ferro, fogo e paciência
Levados pra terra estranha
Sem hoje, só, amanhã
Viajei por tantos mares
Atravessei tantos mundos
Tornei-me um deus desterrado
Dentro de um outro terreiro
Um a um perdi meus reinos
Meus tesouros meus assuntos
Mas serei um deus guerreiro.
Mesmo que um navio negreiro
Me leve pra outro mundo
Sou oxum e iemanjá
Sou os ventos de iansã
Beleza, força, coragem
Todas na grande viagem
Vem junto obá e nanã
Sou ogum e sou xangô
Sou oxóssi o caçador
Ferro, fogo e paciência
Levados pra terra estranha
Sem hoje, só, amanhã
Novembro Mês da Consciência Negra
Mano assim como voce, que esperou que alguém "mais abalizado",
lembrasse de um dos principais ícones da Universidade Diplomata do
Samba - Leônidas -, eu também esperei que algum "bamba" registrasse os
ensinamentos de nosso mestre Nelson Sargente, em letras de samba. Já
que não veio, passo à suas mãso os rascunhos, sem pretenção. Use e
abuse.
Abraços
zola
Como disse o mestre Nelson Sargento
O samba veio nos navios negreiros
Atravessando o oceano
Carregando em seus porões
Dor, saudade e lamentos
Nasceu para cantar
O que se passou
Na travessia do mar
A morte, a fome, acoite e a desilusão
Sua cadência trazemos pra avenida
Nos passos das passistas
No ronco da cuíca, pandeiros e tamborins
A bateria do enorme porão
E assim diz o mestre da Mangueira
Essa história esquecida
Que insiste em continuar
lembrasse de um dos principais ícones da Universidade Diplomata do
Samba - Leônidas -, eu também esperei que algum "bamba" registrasse os
ensinamentos de nosso mestre Nelson Sargente, em letras de samba. Já
que não veio, passo à suas mãso os rascunhos, sem pretenção. Use e
abuse.
Abraços
zola
Como disse o mestre Nelson Sargento
O samba veio nos navios negreiros
Atravessando o oceano
Carregando em seus porões
Dor, saudade e lamentos
Nasceu para cantar
O que se passou
Na travessia do mar
A morte, a fome, acoite e a desilusão
Sua cadência trazemos pra avenida
Nos passos das passistas
No ronco da cuíca, pandeiros e tamborins
A bateria do enorme porão
E assim diz o mestre da Mangueira
Essa história esquecida
Que insiste em continuar
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Para Refletir Democraticamente!
Empreiteiras e Banqueiros doaram mais de dois BILHÕES aos candidatos e partidos em todo o Brasil
“Tudo em nome da democracia e da erradicação da miséria”
Os números até agora contabilizados pelo TSE somam mais de 237 milhões de reais e somados as médias e pequenas empreiteiras, banqueiros e as grandes concessionárias de serviços públicos privadas, os números passam de dois bilhões. Nesta conta, não estão os valores repassados via “caixa dois”, aqueles em que todos sabem que doou e ninguém quer registrar que recebeu, porém alimentam as campanhas onde o dinheiro não pode aparecer, já que os candidatos costumam não declarar recursos gastos com espionagem e segurança, gastos com empresas de pesquisas, gastos com postos de gasolina na sua totalidade, gastos com agências de propagandas, gastos com bancas de advogados e gastos principalmente com acertos com lideres religiosas e comunitários no fechamento de votos na semana anterior ao sufrágio. Sem falar dos “cabos eleitorais e formiguinhas” de última honra para votar e pedir votos para a família e a sua comunidade.
Com as prestações de contas junto ao TSE de forma parcial, o retrato de como o dinheiro público vira apoio eleitoral fica evidente já que 90% das empreiteiras, banqueiros, prestadores de serviços e concessionárias que doaram grana viva para os políticos estão com contratos direitos com o governo federal, governos estaduais e até as médias e pequenas empreiteiras com obras municipais ligadas aos convênios do PAC e emendas parlamentares.
Só para esclarecer o volume de desvio de dinheiro público, atualmente o PAC da União comanda um pacote de obras com recursos superiores a 300 bilhões de reais com as grandes empreiteiras e outros 400 bilhões correm em obras federais, estaduais e municipais com obras descentralizadas através de convênios, emendas parlamentares e de bancadas em todo o Brasil.
Os órgãos de fiscalização do governo federal, já auditaram 70% das obras do PAC – Plano de Aceleração do Crescimento e foi detectado superfaturamento, corrupção, desvio de recursos e outras mazelas, que dão uma dimensão do problema e mostra o caminho de grande parte destes bilionários recursos.
As principais empreiteiras que oficialmente doaram foram OAS, Camargo Corrêa, Odebrecht, Votorantim, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Delta e Serveng-Civilsan juntos já registram o volume de 237 milhões de reais para campanhas nestas eleições, sem computar as duas campanhas de presidente e governadores no segundo turno, que as prestações finais serão apresentadas até o final de novembro de 2010.
No site do TSE, já podemos levantar que 155 milhões de reais foram repassados por meio dos comitês financeiros ou das direções partidárias. Esse valor representa 65% das doações feitas pelas sete maiores construtoras na campanha de primeiro turno.
Os números até o memento são milionários, superiores aos maiores prêmios da mega-sena, ou seja: Queiroz Galvão, com 46,9 milhões de reais, é a primeira colocada em doações por esse formato. Logo em seguida vem a Camargo Correa, com 44 milhões, e Andrade Gutierrez, com 41 milhões e os prêmios partidários seguem caminhos sombrios ligados as grandes obras públicas do PAC e dos cofres públicos.
O que se espera é que até dezembro, prazo final para as analises técnicas e financeiras de todos os candidatos do primeiro e segundo turno, o eleitor ficará sabendo e poderá perceber com as amostras finais dos valores doados por empreiteiros, banqueiros e grandes empresas prestadoras de serviços e outras com obras diretas com os governos federal, estaduais e municipais, que, quem realmente teve chance de vencer as eleições, foram aqueles que receberam “ajuda” financeira indireta dos cofres públicos através das empreiteiras com contratos milionários de obras públicas. “A democracia e as oportunidades de ser eleito aos cargos no Brasil ainda estão atrelados aos grandes partidos ligados diretamente as grandes obras de infra-estruturas”.
Neste trem da alegria e festa do erário indiretamente nas campanhas eleitorais e com os partidos políticos deveremos computar em breve os milionários recursos doados por estatais, ex-estatais privatizadas e os grandes bancos privados. Já com as campanhas regionais de governadores, senadores e deputados, a farra com eleição vem de prestadores de serviços com recursos da educação, saúde e segurança pública, sendo essas empresas terceirizadas e ligadas diretamente aos recursos constitucionais como os maiores doadores locais. Os números aí deverão ser superiores aos 20 bilhões de reais, tudo em nome da democracia e da erradicação da miséria. Será???
Com os dados a serem apurados no próximo ano do valor de recursos oriundos das grandes empreiteiras, banqueiros, prestadores de serviços e concessionárias de serviços tipo telefonia, pedágio, energia elétrica, entre outras, para o financiamento das campanhas eleitorais e a avaliação do custo e benefício, aliado aos formatos legais e os corruptos que escandalizam a cidadania, haja vista as mazelas públicas, com a falta de segurança, saúde e educação pública eficiente, caberá uma urgente reforma política já prometida por todos os eleitos, e quem sabe, o financiamento das campanhas diretamente pelos cofres públicos e punições drásticas às manobras de desvios de condutas com caixa dois eleitoral, sendo essa a formula da ética nos pleitos.
Autor : João Cipriano
Fonte : João Cipriano
“Tudo em nome da democracia e da erradicação da miséria”
Os números até agora contabilizados pelo TSE somam mais de 237 milhões de reais e somados as médias e pequenas empreiteiras, banqueiros e as grandes concessionárias de serviços públicos privadas, os números passam de dois bilhões. Nesta conta, não estão os valores repassados via “caixa dois”, aqueles em que todos sabem que doou e ninguém quer registrar que recebeu, porém alimentam as campanhas onde o dinheiro não pode aparecer, já que os candidatos costumam não declarar recursos gastos com espionagem e segurança, gastos com empresas de pesquisas, gastos com postos de gasolina na sua totalidade, gastos com agências de propagandas, gastos com bancas de advogados e gastos principalmente com acertos com lideres religiosas e comunitários no fechamento de votos na semana anterior ao sufrágio. Sem falar dos “cabos eleitorais e formiguinhas” de última honra para votar e pedir votos para a família e a sua comunidade.
Com as prestações de contas junto ao TSE de forma parcial, o retrato de como o dinheiro público vira apoio eleitoral fica evidente já que 90% das empreiteiras, banqueiros, prestadores de serviços e concessionárias que doaram grana viva para os políticos estão com contratos direitos com o governo federal, governos estaduais e até as médias e pequenas empreiteiras com obras municipais ligadas aos convênios do PAC e emendas parlamentares.
Só para esclarecer o volume de desvio de dinheiro público, atualmente o PAC da União comanda um pacote de obras com recursos superiores a 300 bilhões de reais com as grandes empreiteiras e outros 400 bilhões correm em obras federais, estaduais e municipais com obras descentralizadas através de convênios, emendas parlamentares e de bancadas em todo o Brasil.
Os órgãos de fiscalização do governo federal, já auditaram 70% das obras do PAC – Plano de Aceleração do Crescimento e foi detectado superfaturamento, corrupção, desvio de recursos e outras mazelas, que dão uma dimensão do problema e mostra o caminho de grande parte destes bilionários recursos.
As principais empreiteiras que oficialmente doaram foram OAS, Camargo Corrêa, Odebrecht, Votorantim, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Delta e Serveng-Civilsan juntos já registram o volume de 237 milhões de reais para campanhas nestas eleições, sem computar as duas campanhas de presidente e governadores no segundo turno, que as prestações finais serão apresentadas até o final de novembro de 2010.
No site do TSE, já podemos levantar que 155 milhões de reais foram repassados por meio dos comitês financeiros ou das direções partidárias. Esse valor representa 65% das doações feitas pelas sete maiores construtoras na campanha de primeiro turno.
Os números até o memento são milionários, superiores aos maiores prêmios da mega-sena, ou seja: Queiroz Galvão, com 46,9 milhões de reais, é a primeira colocada em doações por esse formato. Logo em seguida vem a Camargo Correa, com 44 milhões, e Andrade Gutierrez, com 41 milhões e os prêmios partidários seguem caminhos sombrios ligados as grandes obras públicas do PAC e dos cofres públicos.
O que se espera é que até dezembro, prazo final para as analises técnicas e financeiras de todos os candidatos do primeiro e segundo turno, o eleitor ficará sabendo e poderá perceber com as amostras finais dos valores doados por empreiteiros, banqueiros e grandes empresas prestadoras de serviços e outras com obras diretas com os governos federal, estaduais e municipais, que, quem realmente teve chance de vencer as eleições, foram aqueles que receberam “ajuda” financeira indireta dos cofres públicos através das empreiteiras com contratos milionários de obras públicas. “A democracia e as oportunidades de ser eleito aos cargos no Brasil ainda estão atrelados aos grandes partidos ligados diretamente as grandes obras de infra-estruturas”.
Neste trem da alegria e festa do erário indiretamente nas campanhas eleitorais e com os partidos políticos deveremos computar em breve os milionários recursos doados por estatais, ex-estatais privatizadas e os grandes bancos privados. Já com as campanhas regionais de governadores, senadores e deputados, a farra com eleição vem de prestadores de serviços com recursos da educação, saúde e segurança pública, sendo essas empresas terceirizadas e ligadas diretamente aos recursos constitucionais como os maiores doadores locais. Os números aí deverão ser superiores aos 20 bilhões de reais, tudo em nome da democracia e da erradicação da miséria. Será???
Com os dados a serem apurados no próximo ano do valor de recursos oriundos das grandes empreiteiras, banqueiros, prestadores de serviços e concessionárias de serviços tipo telefonia, pedágio, energia elétrica, entre outras, para o financiamento das campanhas eleitorais e a avaliação do custo e benefício, aliado aos formatos legais e os corruptos que escandalizam a cidadania, haja vista as mazelas públicas, com a falta de segurança, saúde e educação pública eficiente, caberá uma urgente reforma política já prometida por todos os eleitos, e quem sabe, o financiamento das campanhas diretamente pelos cofres públicos e punições drásticas às manobras de desvios de condutas com caixa dois eleitoral, sendo essa a formula da ética nos pleitos.
Autor : João Cipriano
Fonte : João Cipriano
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
FALANDO DE CULTURA !!!
Autor: Marta Porto ?
Essa é a pergunta que me fazem em todos os debates, palestras, aulas e cursos. Passei a última década tentando respondê-la entre a pesquisa e a pratica de campo, nos projetos próprios, nas assessorias técnicas ou nos cargos institucionais. O resultado é uma tentativa de defender o que é essencial, o que não pode faltar, o que define um núcleo celular para a atividade política com e para a cultura, dentre as variedades de visões, propostas e crenças (ideológicas inclusive) que pululam em momentos e governos diferentes.
O propósito de uma política de cultura é ampliar a subjetividade das pessoas e com isso as oportunidades de escolhas simbólicas sobre si, o mundo que a cerca e os sonhos que nutre ao longo da vida. Por subjetividade entendo todo o campo que ativa a imaginação, a criatividade, o sonho e a sensibilidade diante de experiências estéticas e de dilemas éticos. Parto desse ponto, para definir os dois principais desafios para as políticas de cultura hoje, em especial no Brasil: o desenvolvimento estético e ético (valores) de uma sociedade. Não ignoro a importância econômica da cultura e nem os seus impactos sociais, e disso já tratei em vários textos publicados aqui, mas estimular a sensibilidade estética é algo que só cabe as políticas de cultura e ao fazer isso com ações que promovam o diálogo e a noção de alteridade é possível iniciar aquilo que Ananás Mockus, em Bogotá, intitulou de “cultura cidadã”, um projeto (ethos) comum de como projetamos a nossa vida em sociedade, como a imaginamos para além da realidade do aqui e agora.
Essa liberdade de imaginar a nossa vida individual ou em sociedade de forma criativa, rompendo com o senso comum da leitura ad nauseum dos indicadores socioeconômicos, em ação de deslocamento momentâneo dessa realidade para uma imaginação ativa e criativa, é uma grande contribuição das boas políticas de cultura para sociedades em qualquer momento de sua história. Para isso é preciso que as experiências vivenciadas pelos indivíduos desde a infância sejam ricas, sejam de qualidade do ponto de vista do conteúdo e da forma. Experiências capazes de promover o que o filósofo Renato Janine Ribeiro propõe ” é cultural toda a experiência da qual saio diferente - e mais rico - do que era antes. Seja o que for, um livro, um filme, uma exposição: estou no mundo da cultura quando isso não apenas me dá prazer (me diverte, me entretém), mas me abre a cabeça, ou para falar bonito, amplia o meu mundo emocional, aumenta a minha compreensão do mundo em que vivo, e assim, me torna mais livre para escolher o meu destino”.
É fácil? Não, não é. Primeiro porque exige uma reconceituação do que queremos com nossas politicas de cultura, depois impregnar a gestão (programas, formação de RH, infra-estrutura institucional, orçamento) de uma potência que ela ainda não tem. Em outras palavras, é preciso inovar. E entender que ricos e pobres tem direito de compartilhar a mesma qualidade de repertórios artísticos, de trocarem experiências entre si e com diferentes formas de pensar e viver o mundo, de compreenderem a história cultural desse país e da humanidade com programas e técnicas atrativos que inspirem as mais diversas faixas etárias e segmentos sociais. Enfim, de vivenciarem a experiência cultural naquilo que ela tem de mais radical: a magia de sentir-se tocado pelo espírito que anima a existência. Um percurso para pensar as politicas de cultura? Programas capazes de promover inspiração, experimentação e por fim, a criação de linguagens próprias, mas em constante diálogo com o que não conheço.
O que deve mover as politicas de cultura é reinventar os imaginários pessoais e coletivos, permitindo aos indivíduos a liberdade de fazerem escolhas que poderiam inicialmente parecer disparatadas, ou impossíveis. É estimular o sonho, a liberdade de espírito que nos leva a produzir outras formas de estar juntos. Memória e experimentação são dois elementos centrais para garantir a qualidade desse percurso. O que mais? Acreditar. Ousar. Libertar-se dos modismos atuais que pregam que válido é só o que promove “inclusão” ou que reduz indicadores de violência, ou de vulnerabilidade sociais. Por experiência própria, sei que um bom programa de cultura é capaz de virar para o bem a cabeça de muitos que dele participam, mas o mote é sempre o desenvolvimento, a oportunidade, a elegância de crer na potência, sem que ela seja interditada pelo conservadorismo de plantão que distingue “quem pode mais e quem pode menos”. Na cultura e na arte, podem todos os que encontram oportunidades para se expressar e se modificar, por que a varinha mágica do espírito aberto e fraterno algum dia os tocou. Se nessa trajetória aprendemos a LER, VER - a nós mesmos, ao mundo que vivemos, aos conteúdos que nos oferecem - e estar LÁ e AQUI, sem falsos moralismos, nem identidades que se tornam guetos, nossa tarefa está iniciada, já que em cultura, nada e nunca é concluído.
Diz a lenda Marta Porto!
Essa é a pergunta que me fazem em todos os debates, palestras, aulas e cursos. Passei a última década tentando respondê-la entre a pesquisa e a pratica de campo, nos projetos próprios, nas assessorias técnicas ou nos cargos institucionais. O resultado é uma tentativa de defender o que é essencial, o que não pode faltar, o que define um núcleo celular para a atividade política com e para a cultura, dentre as variedades de visões, propostas e crenças (ideológicas inclusive) que pululam em momentos e governos diferentes.
O propósito de uma política de cultura é ampliar a subjetividade das pessoas e com isso as oportunidades de escolhas simbólicas sobre si, o mundo que a cerca e os sonhos que nutre ao longo da vida. Por subjetividade entendo todo o campo que ativa a imaginação, a criatividade, o sonho e a sensibilidade diante de experiências estéticas e de dilemas éticos. Parto desse ponto, para definir os dois principais desafios para as políticas de cultura hoje, em especial no Brasil: o desenvolvimento estético e ético (valores) de uma sociedade. Não ignoro a importância econômica da cultura e nem os seus impactos sociais, e disso já tratei em vários textos publicados aqui, mas estimular a sensibilidade estética é algo que só cabe as políticas de cultura e ao fazer isso com ações que promovam o diálogo e a noção de alteridade é possível iniciar aquilo que Ananás Mockus, em Bogotá, intitulou de “cultura cidadã”, um projeto (ethos) comum de como projetamos a nossa vida em sociedade, como a imaginamos para além da realidade do aqui e agora.
Essa liberdade de imaginar a nossa vida individual ou em sociedade de forma criativa, rompendo com o senso comum da leitura ad nauseum dos indicadores socioeconômicos, em ação de deslocamento momentâneo dessa realidade para uma imaginação ativa e criativa, é uma grande contribuição das boas políticas de cultura para sociedades em qualquer momento de sua história. Para isso é preciso que as experiências vivenciadas pelos indivíduos desde a infância sejam ricas, sejam de qualidade do ponto de vista do conteúdo e da forma. Experiências capazes de promover o que o filósofo Renato Janine Ribeiro propõe ” é cultural toda a experiência da qual saio diferente - e mais rico - do que era antes. Seja o que for, um livro, um filme, uma exposição: estou no mundo da cultura quando isso não apenas me dá prazer (me diverte, me entretém), mas me abre a cabeça, ou para falar bonito, amplia o meu mundo emocional, aumenta a minha compreensão do mundo em que vivo, e assim, me torna mais livre para escolher o meu destino”.
É fácil? Não, não é. Primeiro porque exige uma reconceituação do que queremos com nossas politicas de cultura, depois impregnar a gestão (programas, formação de RH, infra-estrutura institucional, orçamento) de uma potência que ela ainda não tem. Em outras palavras, é preciso inovar. E entender que ricos e pobres tem direito de compartilhar a mesma qualidade de repertórios artísticos, de trocarem experiências entre si e com diferentes formas de pensar e viver o mundo, de compreenderem a história cultural desse país e da humanidade com programas e técnicas atrativos que inspirem as mais diversas faixas etárias e segmentos sociais. Enfim, de vivenciarem a experiência cultural naquilo que ela tem de mais radical: a magia de sentir-se tocado pelo espírito que anima a existência. Um percurso para pensar as politicas de cultura? Programas capazes de promover inspiração, experimentação e por fim, a criação de linguagens próprias, mas em constante diálogo com o que não conheço.
O que deve mover as politicas de cultura é reinventar os imaginários pessoais e coletivos, permitindo aos indivíduos a liberdade de fazerem escolhas que poderiam inicialmente parecer disparatadas, ou impossíveis. É estimular o sonho, a liberdade de espírito que nos leva a produzir outras formas de estar juntos. Memória e experimentação são dois elementos centrais para garantir a qualidade desse percurso. O que mais? Acreditar. Ousar. Libertar-se dos modismos atuais que pregam que válido é só o que promove “inclusão” ou que reduz indicadores de violência, ou de vulnerabilidade sociais. Por experiência própria, sei que um bom programa de cultura é capaz de virar para o bem a cabeça de muitos que dele participam, mas o mote é sempre o desenvolvimento, a oportunidade, a elegância de crer na potência, sem que ela seja interditada pelo conservadorismo de plantão que distingue “quem pode mais e quem pode menos”. Na cultura e na arte, podem todos os que encontram oportunidades para se expressar e se modificar, por que a varinha mágica do espírito aberto e fraterno algum dia os tocou. Se nessa trajetória aprendemos a LER, VER - a nós mesmos, ao mundo que vivemos, aos conteúdos que nos oferecem - e estar LÁ e AQUI, sem falsos moralismos, nem identidades que se tornam guetos, nossa tarefa está iniciada, já que em cultura, nada e nunca é concluído.
Diz a lenda Marta Porto!
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