A nova velha da janela
Por Marcos Biesek (*)
É só avizinhar-se o período das eleições que começam a borbulhar os boatos: Dilma é isso, Serra é aquilo, Marina é assim, Plínio é assado!,
E faz-se isso com a mesma mesquinhez da qual lançavam mão aquelas senhoras que da janela espiavam a rua para ver o que faziam os transeuntes.
Vinha Seu Pereira descendo a calçada com um embrulho na mão:
- Só pode ser cachaça!
Era xarope para asma, mas que importa?
O que conta mesmo é o burburinho.
O vestido novo da Izolda, só podia ser presente do amante, ao marido não se constatava fundos para mantener tamanha luxuosidade!
Supunha-se tudo de todos, e tudo a título apenas de especulação barata da vida alheia. Sem o menor resquício de evidência de nada.
Vejo algo semelhante quando me povoam a caixa virtual de correio, correspondências carregadas de informações incoerentes, desencontradas e de mau gosto sobre as personas da nossa corrida presidencial.
Se o cara torce para este, ele diz que aquela é sapatão.
Pergunto: E se for?
Que eu saiba não se governa um país com as genitálias!
Aliás, como é que você sabe disso meu amigo?
Você deu uma cantada, mas ela preferiu a sua mulher?
Daí vem o outro e fala que os socialistas vão tomar as terras dos grandes proprietários.
Bem, cada um que defenda seu ninho.
Agora, pobre, lascado, coitado que não tem terra nem embaixo da unha, querer usar isso de cartaz contra este ou aquele candidato é demais, não acham?
Seria, por exemplo, como eu ficar revoltado porque pararam de fabricar Ferrari da cor amarela ou irritar-me porque a Nasa recusou-se a vender um foguete para um chinês que vive em Bogotá!
Que que eu tenho a ver com isso?
A internet é essa janela e nós por vezes somos aquelas velhas que se sentam ao batente cosendo uma calça, e pomo-nos a espiar a vida alheia só por falta do que fazer, e após supor algo sobre alguém, corremos à janela da outra velha que está sentada a coser uma blusa e clicamos em "enviar" e essa outra velha na janela vai "encaminhar" para outra velha que está cozendo uma panelada para o jantar, que vai "só repassando" para a outra velhinha e assim vai....
Tudo sem saber se confere
Tudo sem saber se é verdade!
(*) o autor é músico compositor em Ariquemes
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