Espontaneidade e reivindicações na entrega do 10 Prêmio de Expressões Culturais Afrobrasileiras
- ( Cultura )
Os 20 ganhadores do 10 Prêmio de Expressões Culturais Afrobrasileiras receberam seus prêmios na noite desta terça-feira em Brasília, numa festa marcada pela espontaneidade, reconhecimento da importância da iniciativa e solicitação por sua continuidade. Manoel dos Santos Júnior do Projeto Lagoa da Pedra e a Roda de São Gonçalo, de Tocantins, falou em nome dos vencedores e afirmou que só a divulgação da conquista já abriu novas oportunidades para o grupo: “É fundamental essa chance para a cultura afrobrasileira. O segmento agora está mapeado e muito bem falado. Vai ajudar as iniciativas existentes e novas que poderão surgir.”
Na mesma linha a presidente do Cadon (Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo Neves), Ruth Pinheiro, lembrou que foi a mobilização de parcerias e dos artistas que viabilizou o prêmio: “A cultura afrobrasileira merece e precisa da continuidade deste prêmio, que é fruto de muita luta”. Ruth entregou os certificados aos vencedores na categoria artes plásticas.
O presidente da Fundação Palmares, Zulu Araújo, entregou os prêmios da categoria teatro e afirmou que era a concretização de um sonho: “Esse prêmio possibilita alcançar o Brasil de maneira transparente, democrática e inclusiva, além de permitir a descoberta de novos talentos e estimular o desenvolvimento da cultura afrobrasileira”.
Zulu anunciou o lançamento de três novos editais pela Fundação, um direcionado ao aniversário da entidade, outro focado em idéias criativas e um direcionado à juventude negra.
José Samuel Magalhães, gerente de comunicação da Petrobras nas regiões Centro Oeste e Norte e em Minas Gerais, destacou a descentralização dos ganhadores: “Na Petrobras ficamos muito satisfeitos com o fato do prêmio ter chegado aos pequenos projetos de regiões geralmente não contempladas. É importante agora que o setor realize as atividades comprometidas e mantenha a mobilização para ressaltar a importância da iniciativa e sua manutenção. Ele entregou os prêmios na categoria dança.
Espontaneidade e reivindicação - A festa foi marcada pela descontração e espontaneidade, embora com forte teor reivindicatório. Um dos destaques foi na hora da premiação de Rubens Barbot, quando, incentivado pela platéia aos gritos de “dança, dança” o artista do Rio de Janeiro atendeu. Na falta de instrumentos musicais ou trilha sonora preparada, a atriz Zezé Mota, apresentadora do prêmio junto com o ator Antônio Pompêo, cantou e Barbot dançou.
Ainda durante a entrega Hamilton Sá Barreto, do projeto Emí- a concepção yorubana do universo, do Pará, ressaltou o valor do prêmio para a região norte do país e reivindicou a criação de políticas culturais de caráter permanentes com a inclusão da região. Concluiu sob aplausos: “O país tem que saber que a região Norte não se escreve com a letra M.”
O ator e diretor Hilton Cobra, o Cobrinha, da Cia dos Comuns defendeu que as grandes empresas públicas tenham políticas culturais inclusivas: “Todas as comissões de seleção dos editais devem ser realmente democráticas e atenderem à diversidade do país, com representantes afrodescendentes em suas composições”. Segundo disse, é uma forma de levar novas visões às instâncias que decidem apoio aos projetos.
O prêmio - Aberto com a apresentação do Grupo Cabeça Feita, a festa no Museu da República contou a presença de membros de representações diplomáticas de países como Angola, Moçambique, Cuba, Panamá e Cabo Verde, além do diretor do Departamento de África do Ministério das Relações Exteriores, Fernando Simas.
O prêmio é uma iniciativa do Centro de Apoio ao Desenvolvimento (Cadon) e da Fundação Palmares, com patrocínio da Petrobras, por meio da Lei Rouanet do Ministério da Cultura. Ao todo foram distribuídos R$1.100.000,00 para 20 projetos de três categorias artísticas com estética negra contempladas nesta edição: teatro, dança e artes visuais.
Os projetos – Os projetos ganhadores em todo o país são os seguintes: categoria dança: Acorda Raça – Resgate e Preservação da Cultura Negra como Instrumento de Conscientização e de auto-estima (Paraná ); Bata-Kotô (Distrito Federal); Dança Afro-Brasileira nas Escolas (Alagoas); Elegbará – O Guardião da Vida (Pará) e 40 + 20 – Rubens Barbot (Rio de Janeiro). Na categoria teatro: Emi – A Concepção Yorubana do Universo (Pará); Mãe Coragem (Rio Grande do Sul); No Muro – Ópera Hip Hop (Distrito Federal); Oficina Comuns (Rio de Janeiro) e Ogum – O deus e o Homem (Bahia). Em artes visuais foram: Arte Resgatando o Quilombo (Santa Catarina); Essas Mulheres (Rondônia); Memórias de Sombras (São Paulo); Mestre do Coco Pernambucano (Pernambuco); Negro por Inteiro (Mato Grosso); Animais de Concreto (São Paulo); E o Silêncio Nagô Calou em Mim (Distrito Federal); Invernada dos Negros (Rio Grande do Sul); Lagoa da Pedra e a Roda de São Gonçalo (Tocantins) e Zeladores de Voduns de Benim ao Maranhão (Maranhão).
Fonte : ImagemNews.com.br Autor : IAA Comunicação
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